2007-09-28

ETERNO CAMPEÃO !...

VIVA O F.C.DO PORTO ! SEMPRE !

114 ANOS DE VIDA MERECEM UMA SAUDAÇÃO ESPECIAL.

Independentemente de ocasionais contratempos é uma vida longa, muito preenchida nos últimos anos com grandes emoções e alegrias. Do Velho Continente ao Oriente, a força azul e branca foi repetindo as grandes glórias do passado deste pequeno país mas de um grande povo. Em outras naus, voadoras, para chegar em primeiro. E é aí que vamos permanecer, no futuro, com outras gentes, novas figuras, mas sempre com o mesmo amor, idêntica paixão e mais conquistas.


DRAGÃO UNIVERSAL...


É uma força azul divina
Entranhada nas pedras da cidade
Transpira sonhos de querer
Consome rios de vontade
E projecta tão pura adrenalina.

É um clube que espalha corações
É um Porto que respira cada vida
Alimenta cada alma deste povo
Com jornadas prenhes de glória
Universo de marcos e ovações

A força deste Porto centenário
Sentida de Lisboa a Belgrado
De Madrid a Marselha renovada
Agigantou-se na sorte de Manchester
Na Corunha e em Lyon mostrou carisma
Na Alemanha elevou a caminhada
Conquistando o topo em Gelsenkirchen.

Este Porto, da cidade coração
É uma tal força azul divina
Envolta num manto de brancura
Bandeira de um eterno campeão.
Na senda de Viena Zé Mourinho
e jogadores de tamanha envergadura
passaram os escolhos do caminho
montados na ternura do dragão !

Porto, Maio de 2004
António Bondoso
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SALVE 28 DE SETEMBRO DE 1893.

IDEIAS E FRASES - O PRIMEIRO DIA!...

26 de Setembro de 2007, noite da Sic Notícias... SANTANA LOPES DEU O PONTAPÉ DE SAÍDA!

... E saíu, agradecendo o convite, mas dizendo que "as pessoas têm que aprender". E que pessoas ? Os jornalistas!

Acha que estas palavras não fazem sentido ? Desiluda-se ! Penso que estamos num país de doidos, tal como pensa Santana Lopes, mas aquela frase faz todo o sentido. E é consequência da sociedade hipermediatizada em que hoje vivemos. A omnipresença dos media, a "realidade" em directo, a ditadura dos directos - a um ritmo tão desenfreado - que, inevitavelmente, conduz a grandes contradições na relação entre os actores da sociedade de comunicação. Essas contradições, segundo o grande pensador da "comunicação" Dominique Wolton, "...não têm que ver com a falta de liberdade, mas sim com as dificuldades em não abusar dela: overdose de informação, erros ligados à concorrência desenfreada entre os media, falta de profissionalismo por parte dos jornalistas, ritmo demasiado rápido da produção de informação...".
Wolton diz ainda que a informação não se reduz ao relato do acontecimento e que o acontecimento satura a informação, considerando que o directo não é sinónimo de verdade, e o sentido é ainda mais difícil de determinar, quando nos colamos aos acontecimentos. Não existe a obrigatória distância para se entender o processo. É a informação-espectáculo !

Nesta "batalha" entre os actores da comunicação, é verdade que os vencedores têm sido os jornalistas, mas também é verdade que foram os políticos a contribuir para isso, sobretudo ao delegar nos media o papel de intermediário entre eles (os políticos) e a opinião pública. Esta, ainda sem a força necessária para determinar o equilíbrio, vai contribuindo - sobretudo pelo consumo - para alargar o fosso das contradições. A nossa opinião pública é já um gigante na informação, mas é ainda um anão na capacidade de acção !

Sem diminuir a importância dos media e no sentido de arranjar saídas para estes problemas das sociedades democráticas (em ditadura eles não se colocam!), tem-se pedido aos jornalistas menos pressão sobre os políticos e, a estes, a atitude de menos promiscuidade, saltando de media em media a repetir ideias inconsistentes. Tem sido evidente, não só em Portugal, que os apelos vão caindo em saco roto.

Mas eis que, exactamente neste país pequenino, surge inesperadamente uma reacção positiva: - Santana Lopes, na Sic Notícias.
Recordo-me de uma famosa cena da "cadeira vazia" numa entrevista; lembro-me de alguns episódios (tristes) do programa "A cadeira do Poder", mas nunca - até ontem - me recordo de ver uma atitude como a daquele político do PSD. Não posso jurar a pés juntos, mas não me vem à memória idêntica situação.
Santana Lopes pode ter iniciado uma nova era na nossa sociedade de comunicação. E fê-lo com pedagogia, interpelando a jornalista/editora daquele espaço de informação : acha que se justifica? Mais um directo com uma pessoa que já havia dito tudo nas duas semanas passadas? Mesmo sendo José Mourinho um excelente treinador ? Interromper uma entrevista, apenas para mais um directo sem valor acrescentado ?
Enquanto decorria o directo, Santana Lopes poderia ter saído de imediato. Mas inteligentemente não o fez. Pode-se agora argumentar que terá sido demagogo. Mas não se pode negar que foi uma atitude pedagógica !
Imitando Sérgio Godinho, pode dizer-se que "...ONTEM, FOI TALVEZ O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA VIDA QUE TEM MARCADO A RELAÇÃO DOS MEDIA (e jornalistas) COM OS POLÍTICOS... O RESTO DA VIDA DE UMA RELAÇÃO ENTRE PODER E CONTRA-PODER... O RESTO DE UMA VIDA ONDE TEM PONTUADO A INFORMAÇÃO ESPECTÁCULO" !

Assim seja !


António Bondoso


2007-09-26

O PRÉMIO DA SERIEDADE !

JESUALDO FERREIRA NÃO FOI "SÉRIO" E, MAIS UMA VEZ, "MANCHOU" O NOME DO F.C. DO PORTO !

1 - Não houve "milagre" na vitória do Fátima.
Quem assistiu no estádio ou quem viu na TV, certamente não ficou com essa imagem. Os jogadores do Fátima venceram com garra, com cabeça, com alguma sorte... mas também com muita tranquilidade. Mereceram o PRÉMIO DA SERIEDADE !

2 - A "sequela do pesadelo" que nos apresentou o técnico portista - depois do Atlético - não pode diminuir a vitória do Fátima.
JESUALDO FERREIRA andou uma semana a dizer que iria encarar o jogo e a competição com seriedade mas, pelos vistos, ele foi o único que não foi sério ! E quando, no final do jogo, disse possuir algum sentimento de vergonha, foi o mínimo que pode, honestamente, dizer - depois da repetida ideia de "seriedade" e de atitude. E, sabendo já de antemão, que iria correr os riscos inerentes ao deixar de fora quase todos os "titulares", não foi sério, ao expressar seriedade e ao "enganar" saloiamente os adeptos de ambas as equipas. Mais grave ainda, foi "enganar" os jogadores da sua própria equipa. Qualquer leigo sabe que, sem entrosamento, 11 atletas não "fazem" uma equipa! E quem "ficou mal" na fotografia foram os jogadores ! Mas a responsabilidade não lhes cabe. E Nuno e Leandro Lima não mereciam essa "traição" do seu treinador.

3 - De fora da fotografia não pode ficar o primeiro responsável do clube e da SAD. Pinto da Costa também deve assumir a "falta de seriedade" do seu treinador! E se, por um lado, estou de acordo com Jesualdo ao dar tempo aos "reforços", como posso estar de acordo quando, o mesmo Jesualdo - de uma assentada! - lança todos os "reforços" para a fogueira ? Alguém foi responsável pela contratação dos jogadores. E alguém deve ser responsabilizado pelo rendimento desses mesmos jogadores. E se não têm qualidade ou não estão a render o esperado, também alguém deve saber que esses aletas não podem jogar. E logo todos ao mesmo tempo ! Sejamos honestos : se os clubes ( neste caso o F.C. do Porto) não estavam interessados na Taça da Liga, deveriam logo ter assumido essa atitude. Ao apresentar-se na competição, no mínimo, deveriam tê-lo feito mais seriamente. OU ENTÃO, TER DEMONSTRADO MAIS INTELIGÊNCIA NO APROVEITAMENTO DA COMPETIÇÃO. NÃO SERIA PREFERÍVEL FAZER A ROTATIVIDADE DO PLANTEL UM POUCO MAIS TARDE (NO MEIO DO TAL CICLO QUE CHAMAM DE INFERNAL)? OU TEREM SIDO MAIS COMEDIDOS NESSA "ROTATIVIDADE"? É QUE - JÁ FORA DA TAÇA DA LIGA - TODOS PERCEBEM QUE O F.C.DO PORTO TEM AGORA MENOS UMA "FRENTE" PARA IR RODANDO OS SEUS JOGADORES, AO CONTRÁRIO DOS SEUS ADVERSÁRIOS DIRECTOS. CAMACHO ARRISCOU (NÃO TINHA OUTRA SAÍDA) MAS GANHOU... PAULO BENTO, MESMO EM VÉSPERAS DO DERBY COM O BENFICA, TEVE A CORAGEM DE UTILIZAR OS MELHORES!
E TAMBÉM GANHOU !

António Bondoso

2007-09-25

A SEMANA DA VERGONHA !

PODEM BRANQUEAR TUDO... MAS, DEPOIS, DEVEM "ENFIAR" OS APITOS, SEJA QUAL FOR A COR ! MESMO QUE SEJA EM NOME DA "TRANSPARÊNCIA" !

1 -- Quero esclarecer que nunca fui "adepto" do Sr. Scolari. Não tem carácter, não tem coluna vertebral, apesar de parecer andar muito direito. Não tem "coragem" - uma das bases da coluna e do carácter. Confundir carácter com "autoritarismo" é errado. Um autoritarismo "ditatorial" - muitas vezes até de má criação, má educação, quase copiando os "reflexos" do "Bolivariano" Hugo Chávez. A autoridade é civilizadamente aceite, enquanto o autoritarismo é imposto! Refugiando-se no sofisma de "não falar de quem não convoca", Scolari manchou para toda a vida a carreira de um dos maiores desportistas portugueses de todos os tempos, pelo menos o mais "titulado" a nível mundial. E enquanto não tiver, pelo menos essa, a coragem de explicar a "todos" os portugueses a razão ou as razões para não seleccionar (no tempo em que foi considerado o melhor guarda-redes da Europa) Vitor Baía, a minha opinião não mudará. Talvez não conte muito, é verdade, mas digo-o e faço-o, por princípio, em nome dos meus "princípios". Confesso que, nesta altura do campeonato, não me interessa muito saber se o técnico da FPF tem princípios ou segundos. Provavelmente só terá terceiros! E a outra "coragem" a que me refiro, nada tem a ver com a cena no final do jogo com a selecção da Sérvia. Arruaça não é coragem! Mas no caso do "soco", fui talvez dos primeiros a perceber a sua reacção, enquanto a "turba" ia enchendo o saco dos ouvintes e dos telespectadores com acusações - sentenças definitivas em tempo real. Estava nervoso, terá visto Quaresma a ser rodeado e foi tirar explicações. Braço esquerdo estendido, foi provocado - foi o primeiro a ser tocado. As imagens não mentem. Curioso, é que os "comentadores" e "repórteres" só muito tarde tenham falado disso. E, claro, tentou agredir o jogador sérvio. Condenável, sem dúvida. Não lhe dou, como não lhe deu a UEFA, o benefício da dúvida. Mesmo que o castigo venha a ser reduzido. MAS COMO PODERÃO TER CLEMÊNCIA perante um "suposto"líder" e condutor de homens, quando - com base em leis idênticas às da UEFA - a FIFA aplicou TRÊS JOGOS de suspensão ao jovem jogador Zequinha, apenas por ter retirado da mão do árbitro um cartão vermelho. Não satisfeita com essa punição, a FPF do Sr. Madaíl resolveu aumentar a parada e fazer do jovem Zequinha um "exemplo"! Faz-me lembrar a célebre e cómica figura do aluno "Zequinha" - sempre castigado, independentemente da sua "criatividade" ! Um ano sem ser convocado ! E o "líder" e "excelente" condutor de homens nada disse. Não falou. Não se comprometeu. E agora, perante a "gravidade" dos factos, tem o desplante de dizer que o castigo foi exagerado. Pobre Zequinha !
E o que faz a FPF do Sr. Madaíl ? Apoia Scolari, dá razão a Scolari ! Em nome de quê ? Onde foram parar os "princípios" da FPF do Sr. Madaíl ? Param apenas nos "interesses" do dinheiro que envolve a sua FPF. Com igual desplante, o Sr. Madaíl veio dizer que são "pessoas responsáveis". Se fossem, de facto, pessoas responsáveis, a primeira atitude a tomar era demitirem-se. Exactamente em nome dos "princípios". Mas esses, quando "altos interesses" se levantaram, foram postos de lado ! Nenhuma destas situações foi surpresa para mim. Estamos em Portugal - ninguém leva a mal ! Mas, definitivamente - ORGANIZEM-SE ! Ou então, como no anúncio da SB, PONHAM-SE À FRESCA !

2 -- Para completar o cenário da semana ( UMA POUCA VERGONHA - parafraseando o "Vai tudo abaixo" da Sic Radical), a chamada "cidade-berço". Berço de quê ? - apetece perguntar quando ali se assiste "impunemente" a uma autêntica agressão aos direitos fundamentais dos cidadãos de livre expressão e livre associação ! Refiro-me ao vandalismo que tem sofrido a "sede" da delegação do F.C.do Porto, que deveria ser inaugurada esta semana. Já não vai, decidiu o clube azul e branco, pois não estão reunidas as condições indispensáveis para isso. E decidiu bem, perante o silêncio das autoridades, confrontadas com ameaças de outros cidadãos. Com iguais direitos e deveres, mas não - seguramente - cidadãos livres !
E o que fazem as autoridades ? Nada. O Presidente da autarquia ? O MAI ? As Polícias (só para descarregar nos adeptos?...) ? Até escrever estas linhas, não li qualquer reacção ou comentário.
Não será certamente um problema de cor : uns vestem a preto e branco, outros a azul e branco. Daí não vem mal ao mundo. O problema é mais complexo e é secular. Está na massa do sangue já que não existe massa cinzenta ! FALTA DE CIVISMO, IGNORÂNCIA, FALTA DE CORAGEM, FALTA DE CARÁCTER. Em alguns dos que lá vivem (?) - felizmente não são a maioria - falta coluna vertebral para aguentar com o "peso da espada" do primeiro rei ! E bem que ele foi "decisivamente" ajudado por homens destas Terras da Maia, do Porto, da Feira e de Coimbra !
Ninguém sabe ? Ninguém dá conta ? Ninguém liga ?

FELIZMENTE ( para além do luar) HÁ UM POLÍTICO (?) IRANIANO, a fazer figuras tristes na América! Sempre dá para esquecer o Sr. Bush !
Felizmente, parece que já não vai tudo abaixo...

António Bondoso

2007-09-19

A FORÇA QUE VEM DO FRIO.

Para lembrar, ainda, o Mestre das Terras do Demo.
Poema recente de António Bondoso

A Força que Vem do Frio

A força que vem do frio
Dos montes e das escarpas
Ninguém sabe muito bem
Se se parece com farpas
Agudas, cortantes também
Temperadas pelo rio
Que corre, sem esperar por ninguém.

A força que vem do frio
Da palavra um desafio
Só sabe que tem ideias
Acorrentada às cadeiras
Iluminada às candeias
De azeite que é das Beiras.

A força que vem do frio
Das pedras e das giestas
Moldou o homem da Nave
Leomil e Montemuro
Também da Serra da Lapa
E d’outras bem perto destas.
Umas de grandes rios
Outras só de um ribeiro,
Palavras de Aquilino
Claras como o destino
Puras por tradição
Na honra de um beirão.


Entre os rios Paiva e Távora
Há mais regatos de pedras
De gelo que vem das neves
Arrastado pelas trevas.
Verdade pura das musas
Encantadas pelo Demo
Traz as cabeças confusas
Por coisas que eu não temo
Arrenego afasto e cruzo
Ou arrebato do fuso.


A força que vem do frio
Vem da terra vem da gente
Vem da palavra dos homens
Redoiçada em cada nuvem
Que passa a correr no vento.
De Moimenta a Sernancelhe
De Vila Nova a Trancoso
Há poucos rios de gente
Fugiram da fome e morte
Noutros tempos era a sorte,
Emigraram para um mundo
Tão estranho mais profundo.


A força que vem do frio
Tingida pela verdade
É munífica e rescendente
Tem aromas do presente
Com tiques de liberdade.
Corre-se à solta na serra
Por entre maias e fráguas
Rosmaninhos e giestas
Frescos fios puras águas,
Vê-se gente santa e boa
Será que vem de Lisboa ?
É dali…
Inteligente
De raiz laboriosa
Caminha até ao Varosa
Marca a vida como sabe
Sem produzir necedade.
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António Bondoso

A MELHOR IMAGEM !

O POVO (AUSENTE) E O PANTEÃO
NO DIA DO MESTRE AQUILINO RIBEIRO.

Como previsto, decorreu hoje a cerimónia de trasladação dos restos mortais do Grande Escritor Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. Não sendo Inverno, foi uma cerimónia fria ! Íntima no
Cemitério dos Prazeres, solene e simbólica no Panteão. Já se sabia que o Mestre era avesso a homenagens - só depois das exéquias na Igreja. E cumpriu-se a sua vontade. Mas faltou calor humano à cerimónia, a presença do povo da Beira - onde ele bebeu e cultivou as suas metáforas, a presença do povo do Alto Minho - que o acolheu alguns anos, a presença do povo de Lisboa - cidade onde viveu a maior parte da sua vida. Só os organizadores das cerimónias poderão explicar as razões de tais ausências. Mas pergunta-se porquê ? Para evitar eventuais manifestações e contra-manifestações de pró e contra ? Ainda temos instalado um clima de medo, que precise de cautelas ? A força dos monárquicos ainda se manifesta nas ruas (pelo que foi dado ouvir na emissão em directo do canal 1 da RTP - seriam apenas meia dúzia de vozes em protesto, não sei se uivos de lobos ou balidos de cordeiros...) ? Os republicanos já deixaram de o ser ? Ou nunca chegaram a ser a maioria deste povo ?

Não fosse a presença de alguns representantes da Confraria Aquiliniana (a quem a má condução da reportagem nem sequer permitiu uma palavra no final das cerimónias) muito menos haveria cor. Valeu a intervenção brilhante do jornalista António Valdemar mas, mesmo ele, viu ser-lhe cortada a palavra(na segunda intervenção,já no exterior) pois o guião do programa tinha previsto a transmissão de um espaço gravado e até já emitido na véspera.

Faltaram mais vozes do povo e mais cor à cerimónia, nomeadamente as do triângulo das Terras do Demo que Aquilino celebrizou : Sernancelhe, Vila Nova de Paiva e Moimenta da Beira.
MAS VI PELO MENOS( entre os convidados) UMA JORNALISTA DESPORTIVA E UM CINEASTA - ou será que devo dizer apenas um senhor das fitas ?

POR ISSO É QUE DIGO QUE, A MELHOR IMAGEM DA TRANSMISSÃO, foi ver o grande jornalista e também escritor BAPTISTA BASTOS (só e de pé) a aplaudir a chegada e a entrada da urna com os restos mortais de Aquilino Ribeiro no Panteão Nacional. Para mim, bastou o calor daquelas palmas. Mas não sei se o povo entendeu ! E também receio que as palavras e os desafios proferidos no interior do Panteão ali venham a ficar, fechados, junto a Aquilino e a Humberto Delgado.

2007-09-16

...DA BEIRA ! ALGUNS POEMAS E UMA CARTA PARA AQUILINO

O MEU NOVO LIVRO SOBRE A BEIRA E SOBRE AQUILINO RIBEIRO.

Vai ter lugar no dia 19 de Setembro, a cerimónia da trasladação dos restos mortais do Grande Escritor para o Panteão Nacional. Iniciativa da Confraria Aquiliniana e da Assembleia da República. Participam Escritores, Professores Universitários e Políticos. E os seguidores do "Mestre" das Letras Portuguesas.

A propósito, tenho um livro acabado, mas ainda não publicado(procuro editora), do qual passo a dar a conhecer alguns excertos.


“A jornada foi longa e muitos dos que tinham rompido
marcha comigo ficaram no percurso, alma em pena e
clamorosa. Alguns, vítimas pela liberdade.(...) Adiante
e consideremos que para chegar a bom termo da viagem
é preciso ser livres” !

Aquilino Ribeiro, 1958
(Quando os lobos uivam)


“O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar” ! Professor Agostinho da Silva





PREÂMBULO
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Sem ousar contestar o axioma desse grande Pensador que foi Agostinho da Silva, tenho para mim que o acto de criação não deixa de ser, em si mesmo, um momento de trabalho. Um esforço dos sentidos, certamente! Em qualquer circunstância, um trabalho muito especial que não “funciona” por meio de uma determinação oficial e com horário preestabelecido.
Acontece que, alguns dos momentos especiais da minha criação, me foram conduzindo aos Caminhos de Pedra, de Luís Veiga Leitão e às Terras do Demo, de Mestre Aquilino Ribeiro. Uma ousadia “atrevida” – dirão! E, eventualmente, com propriedade. Reconhecendo, embora, o atrevimento, acontece também que essas terras e esses caminhos são, de alguma forma, minha pertença. Por direito histórico, de nome, e por nascimento. Mas, sobretudo, porque a herança é património nacional. Por isso, acontece ainda que, por decisão da Assembleia da República, em Março de 2007, os restos mortais de Mestre Aquilino foram transladados para o Panteão Nacional.
Logo que a decisão foi conhecida, homens de letras como Baptista Bastos e Mário Cláudio congratularam-se. O primeiro confessou-se muito feliz e disse mesmo que Aquilino já há muito lá devia estar. O segundo salientou a dimensão de Aquilino Ribeiro, mas ressalvou que “não se promove o respeito pela sua obra, através de realizações deste tipo. Não há melhor homenagem do que ler-lhe os livros”.
Entendi eu a mensagem, não só tendo em conta a promoção da leitura da vasta obra Aquiliniana ( obrigação primeira das entidades educativas do país e ainda de instituições vocacionadas para a sua divulgação, como por exemplo o Centro de Estudos Aquilino Ribeiro, a Confraria Aquiliniana ou a Biblioteca Municipal de Aquilino Ribeiro em Moimenta da Beira), mas também poder participar, mesmo que individualmente, na abertura de outros e actuais caminhos por onde o Mestre semeou fragmentos muníficos e rescendentes da língua portuguesa.
Daí, a minha sadia ousadia de invocar Aquilino e de escrever ao Mestre. Com palavras minhas, mas também “plagiando” as dele, que são nobres e de grande dimensão.
Como por exemplo estas, de um prólogo do Natal de 1940 ao livro de C. Manuel Fonseca da Gama “Terras do Alto Paiva” – uma memória histórico-geográfica e etnográfica do concelho de Vila Nova do Paiva: (…) “A Serra é agreste, primitiva, mas tem carácter, sem dúvida. Comprazes-te em pintar-lhe as virtudes e encantos sem sombras, e não serei eu que te acoime de parcial. As tintas escuras são para o novelista e tens razão. De-certo que eu, ao chamar-lhe Terras do Demo, não quis designá-las por terras do pecado, porque o pecado seja ali mais grado ou revista aspecto especial que não tenha algures. Nada disso. A Serra é portuguesa no bem e no mal. Chamei-lhe assim porque a vida ali é dura, pobrinha, castigada pelo meio natural, sobrecarregada pelo fisco mercê de antigos e inconsiderados erros e abusos, porque em poucas terras como esta é sensível o fadário da existência. Só por isto”.

Vire a página e acompanhe-me.


Da terra seca nasce o Demo
Das pedras escamadas nascem anjos
E a luta de quem vive é uma constante !





AO MESTRE AQUILINO
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As serras são da Beira Alta
Viradas à Beira Douro.
Aquilino desceu por elas para salvar as ideias
Escondeu pedras e lobos
Na terra fria de medo
Granita alma voz dos povos
Gritada sempre bem cedo.

Saltou as águas do rio alimentadas de neve
Levou o Demo consigo
Para mais nem tempo teve
Voltou mais tarde um amigo
Das pedras e alcateias
Habitantes condenados ao exílio
De toda a Serra da Nave.

Naquele tempo suave
De novo levou bem preso à cintura da memória
Bornal cheio de letras
Muitas penas muitas dores
Dos animais e das giestas
Das lebres a fugir dos caçadores
Para a toca de uma vida sem as bestas.



Aquilino passou a vau muitos ribeiros
Temperou da serra a poesia
Palavras rudes de uma fala muito nobre
Sem cuidar de ser admirado
Por outros , muitos ou poucos criticado.
Ergueu sempre acima do ser pobre
A Língua nossa património não vergado
Mas mal tratado, tão mal amado.
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Moimenta da Beira
11 de Novembro de 2006


Tudo me pertence

Porque esta é a terra de meus pais
Aqui nasceram e repousam meus avós
Sou deles fruto gerado em tantos ais
Que tudo me pertence sem ser meu.

Da casa onde nasci nas “Cinco Ruas”
À memória de uma Vila toda inteira
Sou herdeiro da poesia dos sons
Da poesia dos ecos na pedreira
Da mansidão dos gestos
Da eterna poesia dos sentidos
Do doce aroma das tílias centenárias
No velho campo da Feira.



As palavras de um poeta deslizam pelas teclas do computador e vão directas ao coração dos sentidos e às artérias dos sonhos. Só pode ter sonhos quem utiliza a “palavra”. Lendo, escrevendo, passeando o peso de cada letra. Apaixonadamente! E depois… é seguir o vento, os caminhos da imaginação, um tele-transporte ao infinito do pensamento e das coisas que não são deste mundo.


Serra da Nave
3620 – PORTUGAL


Ilustre Mestre

Esta é uma carta retirada das gavetas do tempo. Aproveitando a poeira de toda a sabedoria que depositou nas mentes abertas deste país iletrado, um simples sopro me vai permitir passar os limites espaciais e chegar até junto de si. Bem vistas as circunstâncias, agora até é mais fácil, repousando os seus restos mortais no Panteão Nacional, em Lisboa. Tardou, mas nunca é tarde demais para repor a dignidade. Do Homem e da Obra! Um grande Homem, um grande Escritor um Grande Português, quaisquer que sejam os critérios de análise, não sendo exagero tomar como ponto de partida um inédito de Pessoa recentemente revelado : “Grande homem é o que impõe aos outros o seu próprio sonho, os seus próprios sonhos. Para lhes impor os seus próprios sonhos tem, por isso, que sonhar sonhos que eles tenham, de certo modo, entressonhado para que deveras eles possam recebê-los” . Embora para além do tempo dos seus sonhos, mestre, os portugueses acabaram por receber pelo menos a liberdade de sonhar e de pensar.
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E como calcula, Mestre, as reacções a tal decisão foram desencontradas, o que é natural, mas algumas – felizmente poucas – elegeram o ataque soez e rasteiro. Quem dera que as novas tecnologias de informação e comunicação – as designadas TIC – agregadas ao mais elevado satélite e à cadeia de sondas que vão sendo espalhadas pela Lua, Marte ou Saturno lhe conseguissem fazer chegar aí, a esse espaço sideral para lá do Céu, o eco das reacções neste novo Portugal, parte inteira de um novo mundo mas sempre de esperança adiada. E, por vezes, também traída! Nesta sua Serra da Nave, praticamente incólume no seu espírito de liberdade mas a merecer ainda os adjectivos com que baptizou as Terras do Demo, a vida continua a ser dura e pobrinha. No entanto, o engenho dos homens foi facilitando os acessos, o que, de certa forma, mingua as dificuldades mas, simultaneamente, continua a favorecer a acção do “fisco” cada vez mais insensível ao fadário da existência. É certo que as antenas dos telemóveis e as torres dos novos moinhos de vento estão a modificar a paisagem. Essas torres armazenam energia, cada vez mais cara porque muito mais rara no subsolo e no caudal dos rios. Por acção irreflectida dos homens, é certo, embora deva reconhecer que o novo Poder Local tem feito um grande esforço para o desenvolvimento sustentado dos seus municípios, ressalvando as inevitáveis excepções. Mas tem havido investimento, particularmente nas áreas da Educação e do Desporto e na resolução das carências sócio-culturais. Em Moimenta da Beira (Vila que viu aumentada sobremaneira a sua área urbana), por exemplo, tomou forma um desejo dos anos de 1950 e 1960 (que ainda partilhou nomeadamente com o Padre Bento da Guia e com o Dr. Amadeu Baptista Ferro) – a excelente e funcional Biblioteca que leva o seu nome. E em V.N. de Cerveira, ponto do seu trajecto no Alto Minho, entre a Casa Grande de Romarigães em Paredes de Coura e A Guarda, na Galiza, igualmente uma excelente Biblioteca, à semelhança de muitas outras disseminadas pelo país. Mas a grande transformação de Cerveira deveu-se a uma aposta arriscada nas artes, sendo hoje um pólo importante no mapa das Bienais de todo o mundo. Por acção dos autarcas, respaldados na capacidade de grandes nomes da cultura, como Jaime Isidoro, Júlio Resende ou José Rodrigues.
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Apesar dos anos conturbados da 1ª República e das décadas de ditadura que se lhe seguiram, o que não é novidade para si, a República renasceu a 25 de Abril de 1974, ainda por acção dos militares mas, desta vez, no sentido que se supunha ser da esperança, do progresso e do bem-estar. Repostas as liberdades e terminada a Guerra Colonial, seguiu-se a Descolonização dos territórios portugueses em África e na Oceânia. Não foi uma descolonização exemplar e, não sendo uma tragédia incomensurável, marcou negativamente os primeiros anos da “liberdade” e abriu “fendas” na sociedade portuguesa. Contudo, também é verdade que os avanços de qualquer sociedade se fazem à custa de revoluções e de rupturas. Por isso, o caminho não tem sido fácil. E entre avanços e recuos, glória aos políticos que conseguiram a “almofada” da agora chamada União Europeia (ex-CEE à procura de um rumo político comum já para 27 países!), sem a qual, provavelmente, de novo teríamos caído nos males da 1ª República. Apesar de todos os apoios – e foram muitos – as sucessivas gerações dos políticos portugueses não foram capazes de “estabilizar” o país, de modo a suavizar tempos difíceis como os que atravessamos no mundo de hoje:
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Porque esta nova República, saída do 25 de Abril de 1974, não conseguiu ainda o necessário equilíbrio entre a vida nas grandes cidades do litoral e a existência nas terras do interior – a somar aos sinais de uma crise moral e cívica grave – um grupo de cidadãos do Porto, integrantes do “Centro de Estudos Republicanos Sampaio Bruno” (honra à memória do Professor Universitário e Político José Augusto Seabra), fez publicar em 31 de Janeiro de 2003 um “Manifesto Cívico Pela Moralização da República”. Na avaliação da crise, referenciavam ainda raízes históricas, mas alertavam para a carência de Educação Cívica; para a “ditadura financeira” e para o dinheiro fácil ; e para a prioridade nacional que era – e continua a ser – a mudança de mentalidades! O Manifesto terminava dizendo que “…A moralização da República impõe-se, hoje, como um imperativo categórico nacional, à consciência dos cidadãos bem formados. Na verdade, se a República não é já – como escrevia Bruno – uma utopia de sectaristas ferrenhos, de puritanos, ela deve e pode, face à degradação reinante, guiar a terapêutica social, corrigir a patologia colectiva, enquanto expressão de uma angústia comum, que é a dos Portugueses que vêem a República ameaçada e com ela a democracia por que os republicanos tanto lutaram e que o povo português fez sua, ao reconquistar a lusitana antiga liberdade, sempre nova e aberta ao futuro”.
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E na preservação da memória, foi a minha natal Moimenta da Beira (mais do que Vila Nova de Paiva ou Sernancelhe) que me ofereceu algumas notícias e imagens da sua vivência, dos seus amigos, das suas inquietações. E nas páginas da segunda série do jornal “O Correio Beirão”, dirigido pelo jornalista Rui Bondoso, pude recolher algumas notas que não quero deixar de partilhar.
Em primeiro lugar para falar da “natureza”, talvez um dos aspectos menos estudados da obra de Aquilino. De alguma forma já abordámos a serra e o mar, ficando mesmo a ideia de que o mestre “sabe pintar o mar melhor do que ninguém”. Eu, apenas como leitor, reconheço nos seus livros uma sucessão de amores, uma sequência de imagens, uma reprodução de paisagens – cada uma mais eloquente do que as outras. António Frias , colaborador assíduo daquele Jornal de Moimenta da Beira, lembrou nos anos de 1980 que a natureza, na obra do mestre, “… não se limita a ser cenário. Ela é tão privilegiada pelo autor como as personagens humanas, está sempre presente, desempenha também o seu papel, expresso através do poder verbal do seu criador, tão original como poderoso, numa sucessão de imagens que, só por si, é um mundo deslumbrante”. Lembra-se, mestre, do seu desafio : “Querem retemperar a nação e a raça? Arborizem, arborizem a serra…”.
Baptista Ferro , nessa época, traçava nas páginas do jornal um Itinerário Aquiliniano (que incluía V.N.Paiva, a Serra da Lapa, Soutosa, Moimenta, a barragem do Vilar) e revelava que as suas relações com o mestre foram estabelecidas, sobretudo, através do Correio Beirão – naturalmente a 1ª série, nascida em 1956. Competia ao modestíssimo jornal, escrevia o Dr. Ferro, um dever de gratidão e de admiração para com Aquilino, dado o seu estatuto de grande trabalhador das letras. E alguns anos antes das comemorações do cinquentenário de labuta literária do mestre (talvez Outubro de 1959), já o jornal exortava os moimentenses a perpetuarem a “…estima e gratíssima admiração por um dos seus conterrâneos mais ilustres, dos mais altos valores de todos os tempos”. Foi então lançada a ideia da construção de uma biblioteca, que levaria o seu nome, iniciativa aplaudida no país e que sensibilizou o escritor, ao responder às intenções : “… essas, nesta já muito longa carreira de homem de letras são das que nos reconfortam e aquecem o coração” !
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Não quero terminar e perdoe a extensão da minha prosa pouco cultivada, sem lhe referir duas perdas no âmbito das suas relações no quotidiano dos vivos : - em Novembro de 1986, “partiu” José Bernardo dos Santos, que o mestre popularizou como o “Gil Sapateiro”. Este seu companheiro de horas difíceis faleceu em Soutosa, vítima de muitas rugas da vida ganhas na fuga às autoridades e na clandestinidade, consigo, enfrentando as intempéries da Serra da Nave. No ano seguinte, deixou-nos um dos seus últimos camaradas, José da Costa Pinto, também em Soutosa. Natural de Castro Daire, era mais conhecido por “Mestre Zé” e pedreiro de profissão. Para além da sua arte, bem patente na Capela de Soutosa e na vala da água da serra, possuía como qualidades a força e a valentia mas também, no testemunho do advogado Adelino Caiado, uma “sensibilidade de criança e de altruísmo”, manifestada no amor aos animais e na dedicação e solidariedade. Vê-se que foram bem seus camaradas!
Nesta altura de júbilo em que se repõe o teu nome no túmulo dos maiores, deixo à sua reflexão estas notas de memória, de sonhos e realidade. Na Nobreza do Panteão continua a ter todo o tempo do mundo para reflectir. E na verdade…TALVEZ ALI ESTEJA MAIS PROTEGIDO DAS VICISSITUDES DA NOSSA APRENDIZAGEM DEMOCRÁTICA.
Serra da Nave, Setembro de 2007
Este seu leitor e admirador
António Bondoso

2007-09-11

IDEIAS E FRASES - positivo/negativo

UM BOM PAINEL ... PARA UM MODERADOR "DESATENTO" !


Há quase quarenta anos (quem já passou dos 55 certamente se recorda...), ficou célebre um Festival da Canção da RTP, sobretudo à volta de dois intérpretes e de duas canções. Se não me
engano, uma chamava-se "ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO" e foi cantada por Sérgio Borges. De outro lado, sobressaíu um mediano intérprete (Hugo Maia de Loureiro) para uma excelente melodia - Canção de Madrugar, de José Carlos Ary dos Santos. A "manchete" que ficou dessa altura, foi uma frase mais ou menos assim :-"Uma boa canção para um mau intérprete" !
Ficou em 2º lugar.

Tudo isto para voltar ao caso Madie e ao recente "Prós e Contras" da RTP. Um óptimo painel de convidados que, infelizmente, não pôde chegar ao excelente e que não foi devidamente acompanhado pelo desempenho da apresentadora/moderadora. O programa valeu, sobretudo, pelo painel ( honra seja feita à modéstia da jornalista, que reconheceu isso mesmo) acentuando Moita Flores ter "...percebido mais e melhor todo o enquadramento do caso neste programa, do que ao longo dos quatro meses que já passaram desde o desaparecimento de Madie". Pelos vistos, UM SIMPLES PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO, tendo em conta a presença "oportuna" (embora tardia) do Director Nacional da PJ e, particularmente, do Presidente do Sindicato da Polícia de Investigação.
Para os mais desatentos - e não são poucos - interessa-me particularmente lembrar duas coisas:- Investigação, Ministério Público - dependência do Governo ; Justiça, Tribunais - Órgãos de Soberania independentes.
Por outro lado, recordar que o Dr. Cunha Rodrigues - então Procurador Geral da República - publicou em 1999 um livro "COMUNICAR E JULGAR", editado pela MinervaCoimbra para a Colecção Comunicação, superiormente dirigida pelo Jornalista Mário Mesquita.
Os tempos vão difíceis, dizia Cunha Rodrigues na primeira linha do seu Prefácio ! E começaram aí, de facto, tempos difíceis ! Para a Investigação Criminal, para a Justiça e para os Media e Jornalistas. Ultrapassando as naturais adaptações e a evolução dos códigos ( um infindável número de leis), "COMUNICAR E JULGAR" não deixa de ser uma recomendável leitura para os tempos que vão correndo !
Já então Cunha Rodrigues se preocupava com as relações entre a justiça e a comunicação social.
Sobretudo tendo em atenção que passámos a viver numa Sociedade de Comunicação, na qual a
Opinião Pública se forma praticamente em tempo real. Sabendo que a justiça "constitui um sistema em que é fácil capitalizar o descontentamento" e tendo em conta "o choque cultural" trazido pelas novas tecnologias, o antigo PGR teve a noção da delicada relação, para a qual nem a justiça nem os media estavam preparados. Mas era irreversível ! Por isso, Cunha Rodrigues dizia "...ser urgente que a justiça se modernize e assuma a sua função explicativa e a comunicação social domine a racionalidade do direito, vinculando-se ambos a um estrito e recíproco respeito".
Citando Edgar Morin, CR escrevia "... ser altura de saber lidar com a realidade, antes que ela nos devore com as suas formas atrozes e massacrantes" !
Pelos vistos, ninguém se preocupou, ninguém reparou. Nem jornalistas, nem magistrados, nem governantes ! Talvez com uma pequena/grande excepção, constituída pelas empresas que, em colaboração com a Universidade de Coimbra, deram corpo a um "Curso de pós-graduação em Direito da Comunicação". Que uso terá feito dele quem o frequentou ? Por culpa própria ou dos media para quem trabalham ?
E na voragem dos acontecimentos... poucos deram atenção às preocupações de Karl Popper, Pierre Bourdier ou Florence Aubenas, continuando cada um a "fabricar" a sua informação !

Por tudo isto é que, no meu negativo, continuo a colocar os media e alguns jornalistas - o que eu chamei de "participantes activos na elaboração de material informativo".
No programa em questão não estava um representante "oficial" da classe ( o director do Expresso era apenas ele e a sua circunstância...), o que impediu o assumir de responsabilidades colectivas - embora a apresentadora, de passagem, o tivesse feito. De uma forma geral não esteve atenta, deixou que se repetissem ideias, os seus "tempos de intervenção" foram, por vezes, desajustados e - mais importante - permitiu que um seu convidado, ainda por cima vindo de Madrid, fosse severamente (e até de forma jocosa ) criticado, sem que ele, não falando português, se pudesse ter defendido convenientemente. Assumiu o risco, convidando-o, devia te-lo elucidado das críticas e proporcionar-lhe uma defesa atempada. Os seus parceiros portugueses que, pelos vistos, não sabem tudo, ficaram mal na fotografia, como é agora vulgar dizer-se. Alguns, até, reivindicando narcisicamente pergaminhos ainda não reconhecidos.
E depois, Fátima Campos Ferreira, não se deve (poder, pode...) dizer que " a comunicação social ficou presa da actuação do casal McCann" ! Os media - os jornalistas - não podem ficar reféns de coisa alguma. A sua responsabilidade social não lhes permite perder a independência que reivindicam.
A.B.

2007-09-08

IDEIAS E FRASES - positivo/negativo

INDIGNAÇÃO INTEMPORAL !


Positivo :
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Nesta viagem das palavras e das ideias, vamos encontrando ao longo da vida alguns oásis de "palmeiras" erectas de coluna e de consciência, como dizia Aquilino Ribeiro ao referir-se ao alentejano Pulido Valente.
É agora a minha vez de partilhar com os que me visitam, a mistura de emoções que eu tenho
encontrado em José Augusto Carvalho.
Já havia recomendado a sua poesia, e hoje posso indicar com muita satisfação o endereço do
seu Blog. É só "clicar" ali ao lado. Assim, pode "divertir-se seriamente", entendendo as palavras de "...um cidadão versado em coisa nenhuma e que nada de relevante tem a dizer de si" !

Negativo:
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Tantos Blogs a navegar por aí, cujo destino é afundarem-se nas águas agitadas do seu mundo
obsessivo-compulsivo !

A.B.

IDEIAS E FRASES - positivo/negativo

A OBSESSÃO- COMPULSIVA... E O JOGO DAS PALAVRAS !


Positivo:
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Embora por um feliz acaso ( quantas descobertas não acontecem assim...), foi encontrado o primeiro gene responsável pela doença obsessiva-compulsiva.
Uma equipa de cientistas, entre os quais dois portugueses, revelou a descoberta num artigo publicado recentemente na revista Nature.
E o que revela o estudo, por agora apenas em ratinhos, é só e ainda o primeiro gene de uma "doença"que leva os pacientes, por ex, a pensarem que têm as mãos sujas e, por isso, as lavam tantas vezes que chegam a ficar em ferida ; ou então, acendem e apagam a luz um determinado número de vezes, quando entram numa sala; noutras alturas pensam que deixaram a porta de casa aberta e voltam atrás "ene" vezes. São rituais repetidos compulsivamente, com o objectivo de aliviar o "tormento". E este pode atingir vários graus e formas diferentes, desde puxar o cabelo à fixação pela organização simétrica dos objectos, passando pela recolecção compulsiva de jornais e rolhas de cortiça. O objectivo dos cientistas é agora verificar se o gene está activo em humanos e se, quando existem mutações, conduz à doença ! Segundo o jornal Público, o tratamento dos doentes faz-se à base de "fluoxetina" - uma substância activa do famoso Prozac, a qual aumenta a presença de "serotonina", que é um dos mensageiros químicos usados pelos neurónios para comunicar entre si. Mas agora, foi utilizado outro "mensageiro" - o glutamato -
a partir do qual se pensa poder desenvolver novos fármacos que actuam sobre esse circuito de
comunicação.
Aqui chegados, e olhando para o "mundo das palavras" em que estou inserido, ficou-me a dúvida sobre se o "actual circuito de comunicação" dos neurónios, de quem participa activamente na elaboração de material informativo, poderá estar afectado por uma doença deste tipo. A dúvida permanece, naturalmente, pois não sou "cientista" nem, sequer, um comum psiquiatra. Outra questão que se "levanta" é, saber ainda, se a dúvida terá níveis diferentes quando a "eventual doença" se manifeste no âmbito da imprensa, da rádio, da televisão ou da internet. Grau diferente, sem dúvida ! Mais elevado na internet e televisão (factores de risco de maior intensidade, sobretudo o da vaidade da imagem), depois nos jornais e revistas ( onde o factor tempo ajuda a consolidar as teorias) e, por fim, na rádio - embora neste meio se possam potenciar os perigos da rapidez do circuito e do uso exclusivo da voz ! Do que não tenho dúvidas é de que, a maior percentagem de responsabilidade, caberá aos proprietários, administradores e directores.


Negativo :
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Por isso, coloco em negativo uma boa parte dos envolvidos activamente na elaboração do chamado "material informativo" por meio do "espectáculo" !
A que temos assistido nos últimos anos, nos últimos meses, nos últimos dias ? Julgamentos na
"praça pública" continuam, apesar de se reconhecer o seu perigo.
Tal como os "ratinhos" do estudo da equipa de Guoping Feng, que "pensam" que têm as mãos sujas e as lavam tantas vezes que chegam a ficar em ferida, - também esta categoria de manipuladores de palavras e ideias "pensa que são detentores da verdade e, de tantas vezes mentirem ou manipularem os neurónios, chegam a acreditar que é verdade" !

A.B.

2007-09-05

IDEIAS E FRASES - positivo/negativo

LIBERDADE ... LIBERDADES !

Positivo :
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"A vida pessoal e política de Mário Soares habilita-o a qualquer tarefa que tenha a ver com a liberdade e muito mais com a liberdade religiosa, que é um dos pilares das sociedades democráticas modernas". --- JOSÉ SOCRATES, na posse de Mário Soares como presidente da Comissão de Liberdade Religiosa.

MÁRIO SOARES : --- " Sou neutro em matéria de religião, mas reconheço a importância da religião e das Instituições Religiosas, particularmente no mundo conturbado de hoje, com o exacerbamento dos fanatismos religiosos. SOU AMIGO DE TODAS AS LIBERDADES" !

Seguindo Mário Soares (e certamente todos os que amam as liberdades), é para mim motivo alto de satisfação recordar hoje Aquilino Ribeiro : "... e consideremos que para chegar a bom termo da viagem é preciso ser livres" ! --- Uma frase do Mestre, em Dezembro de 1958, a finalizar a dedicatória do seu livro "QUANDO OS LOBOS UIVAM" ao Dr. Francisco Pulido Valente - um alentejano da fronteira, erecto de cabeça como de consciência...incapaz de seguir por trilhos ínvios !
Como que adivinhando o seu dia a caminhar para o ocaso, Aquilino Ribeiro lembrou que "a jornada foi longa e muitos dos que tinham rompido marcha comigo ficaram no percurso, alma em pena e clamorosa. Alguns, vítimas pela liberdade".

Negativo :
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A especulação sobre as "dúvidas" de Madre Teresa de Calcutá.
Não será o somatório das dúvidas e o empenho na busca do "caminho" o melhor cimento da Fé ?
Quem não tem ou nunca teve dúvidas ? O primeiro que atire a pedra ! E parece que o primeiro
foi um daqueles jornalistas "iluminados" de uma renomada publicação, ao aproveitar (bem) a sua
função, mas ao manipular (mal) a priva(ti)cidade de Madre Teresa.
Mesmo com todas as "dúvidas" agora expostas, Madre Teresa deverá ser sempre considerada uma grande mulher. Ficou a OBRA !
Podemos sempre recordar uma célebre frase de um político português, agora nas funções de Presidente da República ( Prof.Dr. Aníbal Cavaco Silva) - "...raramente me engano e nunca tenho dúvidas"! Quanta crítica na altura !...
Lembrando-me de que, quem conta um conto acrescenta/inventa um ponto, as dúvidas foram sendo alargadas a outros possuidores de papel e lápis - modernamente computador.
Não perceberam nada - disse, entretanto, o Cardeal Patriarca de Lisboa sobre Madre Teresa (referindo-se aos jornalistas e aos media) - recordando as palavras de Jesus na cruz : "Meu Deus, porque me abandonaste" ?
Madre Teresa viveu livre e construíu uma obra libertadora e de liberdade, ajudando os mais desfavorecidos a poderem sonhar com a liberdade !

António Bondoso