2010-11-25

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


RIO DE JANEIRO - CIDADE MARAVILHOSA , CIDADE INQUIETA !

Os recentes acontecimentos violentos na periferia da cidade do Rio de Janeiro - já mais de 20 mortos - envolvendo as forças policiais e a marinha contra os traficantes, fizeram-me lembrar duas canções de Martinho da Vila, certamente numa tentativa de denunciar o medo e devolver aos habitantes da cidade um clima de confiança e de força para ultrapassar as situações. Como é bom de ver, os actos violentos não são inéditos, já duram a uma escala elevada desde a década de 1980.
Numa das canções, o popular intérprete brasileiro diz "eu tenho um amigo que é do Rio de Janeiro, é muito forte sempre foi bom companheiro, surpreendentemente me disse em segredo: tenho medo, tenho medo, tenho medo [...] tou com medo de ir à praia nadar, tenho medo de ser sequestrado e tenho medo até de ler o jornal". O texto termina com um apelo às pessoas para irem para a rua passear e frequentar os bares.
Como temos lido nos jornais e visto nas reportagens televisivas, começa a ser difícil responder ao apelo de Martinho da Vila. Talvez essas mesmas televisões e os programas de rádio, no meio de tanta notícia sobre a violência, pudessem passar canções de mensagem idêntica a esta... Uma simples nota de propaganda para os muitos teóricos brasileiros da comunicação.

É que o mesmo Martinho da Vila, numa outra canção, procura transmitir a ideia de que "a maior tradição turística do Rio de Janeiro, no futuro, será o passeio pelos morros :- quando essa onda passar, me leva nas favelas, para que vejas do alto, como a cidade é bela"!

A par da música, veio-me também à ideia um antigo livro de Plínio Salgado, de 1937, sobre a história política do Brasil e outras "estórias" da grande Nação Brasileira.
Como esta sobre a cidade maravilhosa, fundada oficialmente em 1 de Março de 1565 por Estácio de Sá - já lá vão portanto 445 anos! A "crónica" refere-se ao mandato de Rodrigues Alves como Presidente da República (entre 1902 e 1906), sendo Prefeito o engº Pereira Passos e ministro da saúde o médico Oswaldo Cruz.
O Rio de Janeiro dessa época é assim descrito por Plínio Salgado no seu livro Nosso Brasil, ainda com a língua portuguesa unificada - uns anos antes da unilateral atitude de Portugal avançar para uma nova ortografia:
O autor destaca a meritória acção dos três homens na elevação da cidade maravilhosa - concretamente na vitória sobre a chamada revolta da vacina (da varíola). A cidade foi saneada e o seu rosto transformado, dando sentido à expressão do jornalista e escritor Coelho Neto "Cidade Maravilhosa", em 1908. Mais tarde, em 1934, o compositor baiano André Filho lança no Carnaval a lendária canção com o mesmo nome.
Que a violência termine e que os encantos mil regressem a uma cidade inquieta, a poucos anos do Mundial de futebol de 2014 e das Olimpíadas de 2016.




2010-11-13

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !


CADA VEZ MAIS ...

... MENOS RAZÕES PARA VOTAR.

= não sei se será boa opção votar num candidato que acusa um governo de praticar “espionagem” e depois ficar tudo na mesma; não sei se será boa opção votar num candidato que, por cálculo eleitoralista, tardou em afirmar a sua influência “activa”...

= frequentemente me interrogo se será boa opção votar num candidato que apoia a greve geral como forma de protesto anti-governo, sabendo-se que o governo é duplamente responsável perante o PR e perante a AR; cada vez mais me interrogo se poderei confiar num candidato que não é “político”...

= depois de ler o Expresso, desiludiu-me a forma “politicamente incorrecta” como um candidato deita praticamente a “toalha ao chão” ao dizer que – mesmo ainda antes de terminar o actual combate – já não estará disponível para um eventual segundo mandato; não sei se será boa opção acreditar num candidato que – tendo sempre defendido a força das ideias – esteja agora hesitante na duração desse combate...

= se em política o que parece é – independentemente de que à “mulher de César não basta parecer – acresce a entrevista do MNE ao mesmo jornal, a qual provocou já um violento tremor de terra no tecido partidário, embora os efeitos só venham a ser visíveis depois de uma digestão mais controlada. Mesmo tendo em conta os “apetites” já difundidos pelo CDS/PP.

Como toda a especulação é permitida, pode dizer-se que – se o efeito pretendido fosse o de uma “visão” comum entre o MNE e o PM, mais valia terem acertado agulhas antes da constituição do governo, com o objectivo claro de se conseguir então o que agora se propõe. Se o PM não sabia, a demissão do MNE seria perfeitamente plausível. Ademais, ele próprio mostrou disponibilidade para abandonar o governo. Caia, Sócrates, mas ao menos caia de pé !

Contudo, quero deixar claro que não deixarei de votar. Vamos ver como.

À VOLTA DE MIM E DO MUNDO !

A SOMBRA DO QUE FOMOS !
... OU A TRISTEZA DO QUE SOMOS !

O Professor Adriano Moreira, que há já uns anos vem chamando a atenção para o facto de o Estado Português estar a evoluir para um Estado exíguo, esteve ontem na RTPn para lembrar o tema e dizer que não temos um conceito estratégico desde 1974.

E na sequência da actual crise europeia e mundial, sobre a qual se tem vindo a colocar o acento tónico na eventual perda de soberania com a hipotética vinda do FMI, o insígne Presidente da Academia de Ciências frisou que não é a soberania que pode vir a ser afectada mas sim a capacidade (ou falta dela) do Estado.

E eu, que havia respirado um pouco melhor com as notícias de um crescimento da nossa economia acima - apenas um pouco mas acima - das expectativas, rapidamente voltei a um natural estado depressivo com a notícia (ingénua e simples) de que um normalíssimo jogo de futebol (o Benfica-Braga) teria que ser adiado devido à realização da cimeira da NATO em Lisboa.

Que país é este ? Já não bastava um outro indicador - a tolerância de ponto na área de Lisboa? O nosso complexo de inferioridade não merece o nível de reflexão que nos é oferecido por Adriano Moreira.

Os líderes mundiais não se vão "aperceber" desse pormenor. Mas perdem a oportunidade de assistir a um provável bom jogo de futebol.

E depois, esse título do Expresso a propósito de uma entrevista com Manuel Alegre – um dos candidatos à Presidência da República, um candidato que - mesmo ainda antes da eleição a que se candidata - vem dizer que não o será para um novo mandato. No caso de sair vencedor deste, naturalmente. Independentemente das razões que o motivam, foi seguramente mais um tiro nos próprios pés. Se já era frágil a sua contabilidade, pior ficou depois deste "disparate". A "idade" não pode bloquear a força das ideias! E é de ideias que ele tem feito ou anunciado o seu combate.