2013-04-30

O PODER E O POEMA

CONVITE PARA LAVRA - MATOSINHOS. 



E O QUE OUTROS DIZEM DO LIVRO:

PEDRO BARROSO:
“Este livro não é apenas um livro de poesia, é sobretudo um livro/ensaio sobre as odes à revolta que foram surgindo ao longo da história”.

PROF. JOEL MATA:
“Pode colher-se neste livro uma última ideia: o poeta também é um construtor de pátrias, apelando ao inconformismo, da mesma forma que Almada Negreiros o fizera, com o Ultimatum Futurista às Gerações do Século XX: «O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades»”.

CELINA VEIGA DE OLIVEIRA:
Celina Veiga de Oliveira escreve sobre o que considera “o legado maior de O Poder do Poema:- a convicção de que o poema pode ser irreverente e até revolucionário, chamando a atenção para a interrogação Quando chegará de novo a madrugada?, para a qual a resposta tem de ser dada por todos nós, tendo em conta “uma das mensagens mais fortes do livro – “a consciência de que o futuro será uma realidade construída pelas nossas mãos”!



António Bondoso
Abril de 2013.

2013-04-28


CRAVO DE AMOR PARIDO...

Arranjo de A.B. de uma foto do JN.

***** CRAVO DE AMOR PARIDO! (A Publicar)...

           A mão que segura o Cravo
           que o ergue apontando ao infinito
           não treme
           não vacila
           tem a garra da firmeza
           e a beleza
           da humilde força da razão
           que Abril não verga sem combate.

           Essa mão essa flor
           um Cravo de amor parido
           jamais será esquecido
           em punho cerrado ao vento
           e ao sol de cada momento!
=========== António Bondoso. (A Publicar)



Foto de António Bondoso em CulturDança, VNGaia.
António Bondoso, Abril de 2013.

2013-04-25


ABRIL...SEMPRE À ESPERA !

***** Há uns anos ouvi dizer que eram necessárias novas flores para renovar Abril. 

O caso é que o problema não está nas flores, antes nas cabeças daqueles que nos (des)governam há uns tempos a esta parte. 

Um cravo é um cravo; um demagogo aprenderá a se-lo cada vez mais; um incompetente não merece respeito; um politiqueiro e aldrabão não tem lugar num país decente. Infelizmente o nosso está doente. E por isso...é preciso um recomeço. 
E eu, sem mudar as flores, presto aqui homenagem ao arquiteto Carlos Marreiros, de Macau, que trabalhou uma belíssima serigrafia para celebrar os 25 anos do 25 de Abril. ( A foto abaixo, não faz justiça à beleza do quadro). 

O RECOMEÇO...

É NECESSÁRIO UM RECOMEÇO...
É URGENTE UM RECOMEÇO...

(A Publicar).
O RECOMEÇO...
Abril começou de sangue e raiva
E de uma revolta assumida muito antes
Do som das botas militares
A marchar no asfalto das ruas da cidade.

E começou a florir antes dos cravos nos canos da G3
E antes do ruído dos tanques a crepitar nas pedras da calçada.

Abril começou na guerra
E nas palavras censuradas dos poetas.
Abril assimilou os gritos nas prisões
Que de noite, cela por cela
Prolongaram a dor até à madrugada.

Abril começou na emigração clandestina
Na fome das mulheres e de homens alquebrados
Na morte antecipada de visões e de projetos
Em pesadelos inquietos transformados.


Abril irrompeu no nevoeiro
Que escondia o pensamento em liberdade
Abril foi o sol das consciências
Ansiosas por chegar à felicidade.

E fomos felizes em Abril
E queremos em Abril continuar a ser felizes.

E se o sol não se apagar
Voltaremos a ver as estrelas a brilhar
Antes do tempo destinado à Primavera
E depois dele...
Como se outro tempo não houvera.
======== António Bondoso (A PUBLICAR)


António Bondoso.
Abril de 2013.

2013-04-23

HÁLITO MORIBUNDO

A propósito Dia da Terra. 

Sabe-se que o Planeta é finito. E que, a continuar tudo como até aqui - exploração desenfreada de recursos ou a Globalização Suicida - o tempo futuro será curto. 

Imagem do Google

HÁLITO MORIBUNDO (A publicar!)...

O hálito fresco da terra
Atingia os sensores mais apurados.
Volatilizavam-se aromas
Libertavam-se odores
Intensos e maduros
Dos arbustos da serra.

Até das pedras o calor subia
À suave e frágil camada do ozono.
O hálito fresco da terra
Acontecia no Outono diferente da Primavera
Repetia-se no Inverno oposto ao do Verão
Húmido e silvestre como a hera
Ou quente e seco
desfeito na mão.

Desfeito agora no coração dos homens
Furtado à terra trágico destino,
Hálito puro fruto da serra
Já é moribundo no céu e na Terra
Repousa em memória
À espera de um hino.
=================
António Bondoso (A Publicar)


Foto de Ant. Bondoso
E a última fronteira ou o último refúgio - como lhe chamam - que é a Antártida, já não será suficiente para renovar a vida... apressando, assim, a morte !
António Bondoso, 22 de Abril de 2013.


2013-04-19

A TÁTICA DO QUADRADO...
... A Ética, a Virtude e o Valor das Palavras – e da Palavra – na construção das lideranças, antes que a austeridade dispare mais um tiro na desgraça.
“As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um.
 Almada Negreiros



Sem ética, sem moral, sem um forte e consistente sentido de justiça, não há palavras que possam definir e formatar um verdadeiro líder, um líder virtuoso. Nos compêndios sobre a matéria, deparamo-nos por exemplo com Cardona (2000) a dizer que a liderança virtuosa não é mais do que a liderança transcendental, caracterizada pela força interior do líder, pelas suas virtudes e pela confiança depositada nos colaboradores. A este líder, Rego e Cunha (2003) acrescentam outras características virtuosas como ser honesto, autêntico, confiável e fomentando os valores da lealdade, justiça, direitos humanos, verdade, harmonia e trabalho sério. A criatividade e o desenvolvimento dos colaboradores é outro aspecto importante.
          E a este propósito, Kanungo e Mendonça (1996) definiram um quadro de quatro virtudes fundamentais dos líderes, assentes em cinco princípios práticos: a Prudência, a Justiça, a Coragem e a Temperança devem repousar na auto-estima dos colaboradores; numa base onde o lucro não seja exclusivo; na paciência e na serenidade; na persistência não obstinada e na capacidade de discernir o que é realmente importante.
          É tudo isto, a começar pelos dois últimos princípios, que falta ao atual líder do PSD e primeiro ministro Passos Coelho. Se outros considerandos não houvesse, bastaria termos em conta a sobranceria e a arrogância que o conduziram desde o início do seu mandato a um afastamento progressivo das ideias e das propostas do maior partido da oposição – às quais nunca concedeu o mínimo crédito. Tal como, por um comportamento de décadas – só interrompido paradoxalmente em 2011 com a aliança contranatura para derrubar Sócrates – no que diz respeito ao PCP e ao BE. Agora, na presença (ou em função) da Troika, pretendeu dar um sinal de abertura escrevendo uma carta a convidar o líder do PS para um diálogo fictício, pois na missiva – tornada pública vá lá saber-se por quem – salientava não ser possível ir além do pensamento do governo. Convenhamos que, independentemente de qualquer leitura filosófica, é de bom tom não convidar o vizinho para um “diálogo de surdos”. Sobretudo se, em tempo de crise, todos somos afetados – principalmente os que menos podem, aqueles com menos capacidade reivindicativa, e os dependentes do Estado, quer estejam no ativo ou na reforma, e para os quais o fisco é implacável. Desde sempre para os mais frágeis, aliás. Dizia Aquilino Ribeiro em 1928, numa crónica publicada em Ilustração, que “...a justiça é para a aldeia a mais voraz das sanguessugas. Concebida para proteger o órfão, deixa o órfão sem coiro e o viúvo sem camisa”.
E o que se anuncia nesta altura é mais austeridade. Recusada por muitos mas salvadora do governo. Não se coloca em causa a necessidade de austeridade. O que se condena é a austeridade pela austeridade, como consequência do somatório de políticas erradas deste governo. Sempre para os mesmos – por ser mais fácil e garantido – para aqueles que menos contribuiram para o estado a que o Estado chegou. Como se não bastasse a recessão, o desemprego, a emigração forçada e as previsões irrealistas que fazem falhar o défice e aumentam a dívida, acabámos de ser informados que as próprias Finanças reconhecem a cobrança abusiva de IMI, por não ter sido aplicada corretamente a cláusula de salvaguarda – que impede aumentos bruscos desse imposto. E, por estas e por outras que se vão acumulando, temo que as reações já não demorem muito mais a ficar-se apenas pelas palavras gritadas desesperadamente em cada esquina do país. Alguns “intelectuais” ou com pretensões a isso ousaram criticar há dias um “desabafo” de Mário Soares, mas estão a esquecer-se do que poderá realmente acontecer se, por exemplo, alguns daqueles milhares que tentam diariamente o suicídio resolverem direcionar a sua revolta, a sua humilhação, a sua impotência para sobreviver no sentido de uma arma de fogo. Certamente não seria apenas mais um tiro na desgraça! Seria antes uma desgraçada explosão!
António Bondoso
Jornalista – C.P.359



2013-04-15


PALAVRAS...com ideias dentro!


PALAVRAS... foi o título de um espaço dedicado à poesia, que eu orientei na Rádio Macau (TDM), emissão em língua portuguesa,  em finais da década de 1990 – quando se caminhava para a devolução da administração do território à República Popular da China.
Desde então tenho (con)vivido com as palavras de uma forma mais intensa e delas me tenho alimentado, se bem que toda a minha vida profissional de jornalista radiofónico tivesse sido marcada por esse namoro e casamento incontornáveis entre mim e as notícias e programas que elaborava e apresentava.
A eventual “diferença” (e podem crer que é significativa) pode ser quantificada e qualificada pelas obras em forma de livro que fui produzindo desde essa altura. E agora, quando se assinala o 120º aniversário do nascimento do Grande Almada Negreiros [a 7 de Abril de 1893, na Roça Saudade, em S.Tomé – terra onde cresci e vivi 21 anos e na qual iniciei uma ligação permanente de quase 40 anos com a tecnologia e a magia das ondas hertzianas], foram exatamente algumas das palavras de Almada que me orientaram para este devaneio de colocar e partilhar no blogue palavras outras que hoje definem e qualificam a vida conturbada deste país periférico, renascido para a democracia em Abril de 1974.
Sobre “As Palavras”, escreveu Almada que «O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um».
Não pretendendo interpretar – e muito menos questionar – as palavras de Almada[quedo-me humildemente no reconhecimento das minhas modestas capacidades], e até porque ele próprio escreveu em 1923 «Por amor de Deus, não me obriguem a explicar nada do que eu digo», não deixarei de estar atento às palavras que diariamente vão marcando o nosso quotidiano. Será como que um “diário” – mesmo não aparecendo todos os dias – por vezes mais semanário ou até quinzenário, mas sempre aberto a quem me quiser ler. Com a certeza de que terei sempre a companhia de muitas outras palavras de Almada Negreiros, assim em forma de tributo/homenagem a uma grande figura do século XX português.
Parafraseando o seu ULTIMATUM FUTURISTA ÀS GERAÇÕES PORTUGUESAS DO SÉCULO XX, de 1917 – tinha “22 anos fortes de saúde e de inteligência” e dizia pertencer a uma geração construtiva, não pertencendo “a nenhuma das gerações revolucionárias” – escrevi eu sobre A Geração XXI (a das novas tecnologias e da mobilidade/emigração) em O PODER E O POEMA (2012, Edições Esgotadas): «É a geração vinte e um / que não morre de esperança, / revoltada, indignada / mas milagres não alcança. / Também não morre em descanso / enquanto estiver de pé.»
Neste encontro de palavras, é necessário desde já perceber a diferença entre “revolução” e “revolta”:- apesar de significados comuns, como rebelião contra a autoridade estabelecida, insurreição, motim – a primeira tem a profundidade da transformação de um regime, a modificação da política ou das instituições de um Estado, como viria a ser a consequência do golpe militar de 25 de Abril de 1974. Almada Negreiros foi e tem sido um mal-amado pelos novos historiadores, comentadores e políticos por não ter sido e pertencido – como ele próprio reconheceu – a nenhuma das gerações revolucionárias. Pertenceu a uma geração construtiva. E, afinal, o que quer isto dizer...senão “criativo, que permite avançar ou melhorar, positivo”? E não será a criatividade um ato revolucionário, tendo implícita a liberdade de criar? Voltando um pouco atrás, recordo as palavras de Almada:- « As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um». E por outro lado, embora Almada não o refira nessas palavras, soube-se depois que o “Construtivismo”, nas artes plásticas, foi um movimento artístico do primeiro quartel do século XX, com origem na Rússia, que preconizava a construção geométrica das formas, valorizando os elementos técnicos da obra. Almada, portanto, pertenceu a uma geração construtiva e foi um construtivista. Amigo de Pessoa, embora dele tenha divergido ideologicamente a partir de 1920, Almada Negreiros imortalizou – dando-lhes vida e alma – o chapéu e a silhueta de Fernando, elemento do Orpheu.




Mas regressando às palavras, e para terminar, há ainda um elemento comum em revolução e revolta:- a sublevação! Na minha viagem diária pelo “facebook”, partilhei uma publicação na página do camarada Carlos Veríssimo com o sugestivo título “O dia em que a classe média vai sublevar-se”. É um texto de Marcin Król, filósofo polaco, postado a 10 de Abril em www.presseurop.eu , no qual se revisitam os antecedentes da Revolução Francesa para explicar que “os nossos dirigentes [europeus] não percebem que estão sentados em cima de um barril de pólvora. Porque a classe média, à qual é negada qualquer perspetiva de promoção social, poderá vir a encarar a revolução como último recurso para se fazer ouvir.” Król esclarece que “todas as vias de progresso da atual classe média, maioritariamente jovem, estão bloqueadas por milionários, por velhos ou por aqueles que parecem velhos aos olhos de uma pessoa de 25 anos. É uma situação explosiva”.
António Bondoso  
Jornalista (C.P.359). 



Fresco inspirado na obra "A Liberdade guiando o povo", de Eugène Delacroix, no povoação de Orgosolo, na Sardenha.

António Bondoso, 15 de Abril de 2013. 



2013-04-12


O  RECOMEÇO... 

É NECESSÁRIO UM RECOMEÇO... 
É URGENTE UM RECOMEÇO...



(A Publicar).
O RECOMEÇO...

Abril começou de sangue e raiva
E de uma revolta assumida muito antes
Do som das botas militares
A marchar no asfalto das ruas da cidade.

E começou a florir antes dos cravos nos canos da G3
E antes do ruído dos tanques a crepitar nas pedras da calçada.

Abril começou na guerra
E nas palavras censuradas dos poetas.
Abril assimilou os gritos nas prisões
Que de noite, cela por cela
Prolongaram a dor até à madrugada.

Abril começou na emigração clandestina
Na fome das mulheres e de homens alquebrados
Na morte antecipada de visões e de projetos
Em pesadelos inquietos transformados.



Abril irrompeu no nevoeiro
Que escondia o pensamento em liberdade
Abril foi o sol das consciências
Ansiosas  por chegar à felicidade.

E fomos felizes em Abril
E queremos em Abril continuar a ser felizes.

E se o sol não se apagar
Voltaremos a ver as estrelas a brilhar
Antes do tempo destinado à Primavera
E depois dele...
Como se outro tempo não houvera.  
======== António Bondoso (A PUBLICAR)














2013-04-08



A PROPÓSITO DO 120º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO DO MESTRE ALMADA NEGREIROS, nascido na Roça Saudade, freguesia da Trindade, S.Tomé. 
«Não pertenço a nenhum sangue de raça
Sou da raça de todos os sangues» (A.N.)

PRIMEIROS BISAVÓS (A publicar).

Aparece

Por cima dos meus olhos

De repente

Visão escrita… ou o refrão da minha prece

E diz simplesmente

Que os primeiros bisavós dos avós  dos meus avós

Eles que depois voltaram a ser avós

Nasceram lá onde tudo acontece.



Provavelmente no sul

Numa África de rios e de mares

Grandes lagos onde o Nilo se alimenta

Níger… Congo… Zaire… Zambeze…

O Atlântico e o Índico em tormenta

Para lá do Cabo onde as fontes são plamares

Agora já secos de uma vida tão azul .



Séculos e milénios de passos e caminhos

O tempo viajou depressa e deixou

Gerações atrás de gerações que se perderam

E hoje não me lembro já de quem amou

Os primeiros bisavós dos avós dos meus avós

Que depois deles voltaram a ser avós

Se espalharam possuíram e viveram.

  

Caminharam … lutaram  

Pisaram e passaram  as curvas dos escolhos

E seguiram a estrela  dos pais que viram luz

Errando  para além da morte

Nos seus olhos

Até chegar à terra que é do norte

Repousando os pés … nas pedras que calaram  

A voz da música e o silêncio que produz

O pensamento quente dos tambores

Anúncio encomendado dos amores

Dos bisavós dos avós dos meus avós

Que depois deles voltaram a ser avós !


  
E assim se cumpriu o meu destino

E de outros que paridos  tão a norte

Navegaram conheceram  amaram sem favores

Outros mundos novas terras tanto hino

À liberdade, e descobriram antes da morte

Que os primeiros bisavós dos avós dos meus avós

Mereceram, gente comum, elogios e louvores

De sábios senhores mais velhos e de gente como nós !   
     
ANTÓNIO BONDOSO. (2007- A PUBLICAR).


António Bondoso, Abril de 2013.



2013-04-05



***** A minha crónica de hoje no Jornal Beirão, Moimenta da Beira, escrita na quarta-feira (ainda antes da demissão de Relvas e da decisão do TC sobre o OE2013).

A TÁTICA DO QUADRADO...
... os Direitos e Tribunais na CRP, a sua normalidade em vivência democrática e o que realmente preocupa no futuro do país.


Independentemente da decisão que o TC tenha tomado sobre algumas das medidas do OE para este ano de 2013, a CRP – Constituição da República Portuguesa – esteve no centro do debate, de vários debates, nos media portugueses. Não tendo a certeza de estar aqui a aplicar corretamente o sentido da palavra debate (em face do que se leu, viu e ouviu), arrisco todavia na escrita. Nada de mal, caso tivesse sido um debate esclarecedor sobre a letra e o espírito da nossa Lei Fundamental. Contudo, assistiu-se à instauração de uma histeria coletiva a propósito de algumas figuras da nossa cena política com tendências mediáticas.
O caso é que, não estando a CRP suspensa – como tem ressalvado o PR e apesar da “letra morta” que o próprio TC fez da Lei Fundamental em 2012 – o governo não teve coragem para apresentar uma moção de confiança [estipulada no artigo 193º], perante a contestação e a revolta populares – um sinal da perda de legitimidade, não ainda do voto mas do exercício. Recordo o que disse o Prof. Adriano Moreira, o ano passado e já este ano:«É absolutamente evidente que entre o programa oferecido e o programa que está a ser executado não há coincidência e aí começa a perda da legitimidade do exercício». Não se deve estranhar, portanto, que um determinado grupo parlamentar apresente uma moção de censura, tal como prevê o artigo 194º, independentemente de ela ser ou não derrotada. E é bom que a coligação que sustenta este governo não entenda o chumbo desta moção como uma vitória plena. É que, a curto ou médio prazos, ela poderá vir a ser apenas uma “vitória de Pirro”. 
Acresce o facto de que, há muito tempo a esta parte, não se via a esquerda parlamentar a votar de forma tão unânime como agora. Mesmo apesar das típicas “reservas” de Bernardino Soares e do PCP. Essa “unanimidade” não pode deixar de ser um ponto em equação relativamente ao futuro. Uma outra chamada de atenção, do meu ponto de vista, merece o discurso do ministro das finanças no debate suscitado pela moção apresentada na AR. Nítida e preocupantemente alinhado com a alta finança internacional, totalmente submisso ao ultraliberalismo. Implícita na sua mensagem, a necessidade de rever a Constituição, para dar cobertura – como agora soi dizer-se – à narrativa perfilhada pelas doutrinas que defende. Fosse o caso presente, e já o TC não teria razões para existir ou, pelo menos, não teria competência para apreciar a deriva económica e social de um governo, como agora sucede. O que, diga-se também, evitaria aborrecimentos desnecessários ao PR, dispensado, assim, do trabalho de enviar – mesmo que tardiamente – qualquer dúvida de lei ao dito tribunal. O tempo que o TC demorou a analisar os aspetos menos claros da lei orçamental – bem vistas as coisas – não foi assim tão mais alargado do que aquele que o PR teve para se decidir pela utilização do mecanismo de fiscalização sucessiva.
Neste espaço que me concede o Jornal Beirão, já tive a oportunidade de criticar essa hesitação do PR e as suas eventuais consequências, ao dizer nomeadamente que “Ganhou tempo, é certo, mas não sei se perdeu o País! Poderá ficar na História como o novo D.Sebastião!”.
Esperemos que não e que, seja qual for a extensão do chumbo do TC, o país se mantenha a navegar! Independentemente das consequências políticas que a decisão vier a ter. A governação não é da responsabilidade do TC, pelo que – se houver críticas a fazer à decisão – elas apenas se deverão reportar à efetiva morosidade e ao eventual (porque não confirmado) congelamento do anúncio da mesma decisão, para que tal não coincidisse no tempo com a discussão da moção de censura apresentada. A confirmar-se, isso revelaria, no mínimo, uma total falta de independência dos juízes e do Tribunal Constitucional.
Salientando a ideia de António José Seguro, segundo a qual “mais dois anos deste governo seria um pesadelo brutal”, deixo-vos uma nota de reflexão que há bem poucos dias Adriano Moreira apresentou numa conferência em Guimarães sobre o “Futuro de Portugal”, e na qual – mais uma vez – defendeu a urgência da busca de um “Conceito Estratégico Nacional”. Disse nomeadamente o Professor que «A entrada do III Milénio vem desafiada pela circunstância de estarmos fundadamente preocupados com o Conceito Estratégico de Segurança e Defesa Nacional sem termos Conceito Estratégico Nacional, porque o antigo se esgotou em 1974, nesta Europa que também está hesitante na definição do seu próprio conceito estratégico, abrangida pela decadência geral do Ocidente».
António Bondoso
Jornalista – C.P.359



António Bondoso, Abril 2013.

2013-04-03



AS ESTRELAS...E O ANIVERSÁRIO DA MINHA IRMÃ.



Porque é o aniversário da minha irmã, lembrei-me de repente das estrelas. Porque é lá que moram aqueles que nos deram vida e que muito cedo responderam à chamada inevitável.
Também me chegaram ao pensamento as estrelas, porque na casa dela nasceu uma que depois ajudou outra a iluminar ainda mais o firmamento.
Porque é o aniversário da minha irmã e porque me vieram à ideia todas as estrelas que há no céu – elas que dão vida a este mundo – pensei na estrela que nasceu na minha casa e a aqueceu de muitas ilusões e muitos sonhos. E que agora, tal como aconteceu com a estrela da casa dela, aguarda que uma outra estrela apareça, cintilante, para dar mais brilho às noites que ainda vão passar.
Porque é o aniversário da minha irmã, talvez tenha sido brilhante ter a ideia de chamar mais estrelas de outras casas e dizer-lhe o que elas significam para nós: uma imensidão de vida e de alegria, a somar novas estrelas que vão perpetuar a casa que nossos pais decidiram construir.
Porque é o aniversário da minha irmã, pensei igualmente em multiplicar a liberdade das estrelas e depois dividi-la por nós e pelas nossas casas, numa operação a que darei o nome “felicidade”!  
======= António Bondoso, Abril 2013.



E anexo outras estrelas cintilantes... 

É POSSÍVEL.

As estrelas cintilam porque ardem
Semeando fogo pela imensidão do universo
Infinito repouso de quem segue
Procurando paz
Perseguindo a vida
Para além do firmamento das hipóteses.
====A.Bondoso(A PUBLICAR).

António Bondoso, Abril 2013.

2013-04-02


GENTE SEM PORTE !


GENTE SEM PORTE

Temos um país suspenso
Em agonia de morte,
É já a Lei que se rejeita
Por certa gente sem porte.
E sofre mais quem não suspeita
Que essa gente percebe
E até promove
Traição infame, desonra e dor.
===Pag.19 em O PODER E O POEMA.2012. Ant.Bondoso e Edições Esgotadas.


CAPAS DE:  jornal i e jornal de negócios. 2/04/13
António Bondoso.