2018-12-31

PARA «ELES»…

Ter uma lista de «amigos»
De tamanho universal
Oferece tantos caminhos
Muito além de Portugal.

Percorrer essas estradas
Quantas só imaginadas
É tarefa que em segundos
Nos conduz a outros mundos.

Por isso…aqui deixo um grão de areia com sabor a mar
Na felicidade de cada um daqueles que me «tocaram»
Neste ano a findar.
E dessa lista com muita «ilusão»
«eles» bem sabem quem são!
Um abraço sentido deste que é apenas o


Foto da Web
António Bondoso
Dezembro de 2018.

2018-12-23


SE PENSARMOS SÓ NA ÁRVORE…nunca chegará o Natal!
Falemos menos de magia e mais de ação. Não vale o exercício repetido do recurso à geografia do sofrimento, da miséria e da guerra…é por demais conhecida. Centremo-nos aqui, nas dores do que somos e que vivemos.


É comum ouvir palavras repetidas por esta altura. Diz-se que é Natal e que há uma árvore toda iluminada e colorida, na base da qual é suposto depositar presentes; e também se diz que há «espírito» no ar; e diz-se igualmente que é um tempo de paz e de alegria; e diz-se ainda que é um tempo solidário e de partilha.
         Sem qualquer ponta de demagogia – e ao contrário de algumas «mensagens» natalícias que já ouvi – eu venho falar-vos dos milhares de árvores despidas e dos milhões de barracas que nem sequer têm lugar para uma árvore. Venho falar-vos desse símbolo máximo do consumismo e de um Pai-Natal que só «viaja» em determinadas latitudes, sem tempo nem espaço para visitar milhões de chaminés frias de vida e vazias de sentido.
         Venho falar-vos de árvores sem raízes, praticamente mirradas por falta de um carinho diário. Venho dizer-vos que os homens esqueceram a boa nova da chegada de Cristo redentor; e lembrar-vos de que o «presépio», na universalidade da mensagem, não precisa de musgo nem de «reis magos» mas sim da nossa «presença».
         Saibamos olhar, saibamos escutar, saibamos agir!
António Bondoso
Jornalista
Dezembro de 2018

2018-12-21

SOBRE O DIA DO SANTO…na ILHA DE NOME SANTO

E há aqueles preciosismos de ter sido a 21, ou a 20, de Dezembro ou de Janeiro… em Novembro não foi certamente e, em Janeiro, talvez fosse preciso mais dinheiro. E numa autêntica «revisão» de factos históricos, baseada em fontes tão credíveis – ou menos – do que as conhecidas e aceites até há pouco, já não é o ano que marca o início da «história». Antes se prefere a década de 1470. Seja.



O australiano A. R. Disney – na sua História de Portugal e do Império Português – referindo-se concretamente ao conjunto de ilhas do Golfo da Guiné, praticamente no meio do mundo, escreve: «Estas ilhas, desabitadas, à excepção de Fernando Pó, quando os Portugueses lá chegaram, foram descobertas na década de 1470 por navegadores, provavelmente ao serviço do contratante Fernão Gomes.»
Seja como for, e este é um tema para desenvolver em outras circunstâncias e com enquadramento diferente, a celebração do «Dia do Santo» é ponto assente para um grande grupo de naturais e de antigos residentes em S. Tomé e Príncipe: - 21 de Dezembro. Tem sido assim há décadas. E por não ser exatamente um «crime» histórico, antes uma data de encontro e de convívio, mais uma vez é assinalada. Trinta e três «santomenses» vão juntar-se em Corroios, num restaurante do escritor santomense Orlando Piedade, junto à Casa do Povo. Para além de outras iguarias próprias das «ilhas»…é fundamental o «calulu».
E de acordo com o professor e escritor Rufas Santo, a data foi também assinalada com uma missa na Igreja Nova de João Baptista Scalabrini, na Amora.
António Bondoso
Jornalista

2018-12-20


O QUE FALHA…ou vai falhando!
Está em voga nos últimos tempos. Repetida à exaustão, é uma conhecida tática de desgaste. Permitida, alimentada e manipulada à exaustão, em toda a pirâmide do Estado, transforma-se na arma perfeita do populismo e dos populistas. 


O que falha neste retângulo não é o Estado, entendido como agregador de todos os portugueses. O que falha é a atitude dos políticos, quer sejam governantes ou não. E à grande parte deles falta competência – uma falha gravíssima. O que falha é a falta de carácter dos «fazedores» de opinião publicada. O que falha é sermos sérios. O que falha é o sentido do ridículo de quem intervém a destempo ou daqueles que pecam por omissão. O que falha é a falta de competência dos técnicos nos vários setores de atividade. O que falha é não termos patrões qualificados ou que saibam ser empresários. O que falha é igualmente a falta de honestidade de uma boa parte dos empregados, já que os verdadeiros trabalhadores nem sequer têm tempo para ser desonestos. O que falha é a atitude gananciosa dos «donos disto tudo», ou da alta finança – se quiserem. O que falha é a contradição entre pobreza e miséria, por um lado, e as benesses atribuídas aos bancos e banqueiros, por outro, para controlo do tecido económico e do défice – como dizem os políticos. O que falha – e tem falhado neste país – é a completa submissão à ilusão da bondade da União Europeia – idealizada para a Paz, mas cuja «construção» tem vindo a ser encaminhada para benefício dos donos do dinheiro, em desfavor dos cidadãos, acentuando mesmo as desigualdades entre os Estados-membros. O que falha, em última análise, é saber olhar para as pessoas. E é delas, e para elas, que vivem os Estados.
O que falha, no caso de Portugal, é a coragem de assumirmos os defeitos – como dizia Almada Negreiros no Ultimato Futurista às gerações do século XX: «O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades».
Completando a ideia, gostaria apenas de fazer referência ao pensamento de dois amigos. Ao João de Sousa, do jornal TORNADO, sobre a polémica recente à volta dos magistrados do MP. Escreve ele: «Portugal é um Estado de Direito, Democrático, em que o titular da soberania é o povo, representado pelos órgãos eleitos por si. Não há ilhas em autogestão, fora desta soberania. (…) Os magistrados do MP têm de rapidamente reconhecer a autoridade dos órgãos do estado em matéria regulamentar, disciplinar e orgânica sob pena de continuarmos no paradoxo de uma instituição a quem o povo incumbiu de investigar e de fazer cumprir a lei ser ela própria fora da Lei
Já o Jorge Bento, Professor Universitário, lembra a exigência do aprofundamento da democracia, lançada pelo Papa Francisco, a qual parece ter caído no esquecimento da governança do mundo, nomeadamente na Europa: «A democracia não corre perigo algum, bem pelo contrário, quando se toma consciência da necessidade de a aprofundar e melhorar. Ela é ameaçada, sim, quando os partidos se contentam em ser máquinas de conquista, partilha e usura do poder. Do jeito como a coisa anda, eles funcionam, não raras vezes, como instrumento de inaceitável asfixia cívica e democrática. Uma análise responsável das circunstâncias não estranha que os cidadãos procurem formas alternativas de expressão e representação da sua vontade e dos seus anseios. Não é o fim; é a exigência de um novo e superior estádio da democracia! Ora isto coloca a questão de saber se os partidos e os políticos profissionais são capazes de aceitar este desafio.»
Não tendo hoje filiação partidária e não sendo um político profissional, corroboro este desafio aqui expresso por Jorge Bento, tendo em conta que a democracia também não pode fortalecer-se à margem dos partidos, nomeadamente dos tradicionais. Por outro lado, lembro que os novos movimentos gerados na sociedade, particularmente na Europa, em muitos casos contra os partidos, acabam quase sempre por se transformar igualmente em partidos.
O que não deixa de ser uma «falha», claro, e não tão pequena quanto isso!
António Bondoso
Jornalista
Dez de 2018.