2021-11-27

S. TOMÉ E PRÍNCIPE TEM HISTÓRIA.

SOBRETUDO A DESCONSTRUÇÃO DOS MITOS…ou uma forma didática e pedagógica de apresentar um livro da e sobre a HISTÓRIA DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE

Capa

Foi o desafio que motivou Armindo Silvestre de Ceita do Espírito Santo, uma vez que – segundo o autor – “não existia um livro de história de STP, sendo este o primeiro. O que havia, e há, são uns poucos livros que abordam  matérias de história de STP (alguns com profundidade) que, de resto, por serem obras académicas, são praticamente inacessíveis aos estudantes e interessados no conhecimento da história de STP.” Por isso, diz-me, o livro tem uma narrativa diferente da que se encontra habitualmente em outras obras. 


Foto da Web - Tela Non

Sabemos, por outro lado, que uma «História» nunca é definitiva, sobretudo a dos países e do seu relacionamento. Por muito que as «fontes» permaneçam, há sempre a tentação de uma nova leitura. Mas Armindo Espírito Santo disse a este blogue «Palavras Em Viagem» que a sua “linha de investigação não se afasta da linha conhecida, sobretudo da portuguesa. Há certamente algumas opiniões diferentes, uma visão do economista sobre a história, mas isso não significa uma linha de investigação diferente em busca de novas verdades. Por outro lado, o livro baseou-se, essencialmente, nas fontes já conhecidas. Introduz alguns elementos novos (poucos) como é o caso da cobra preta que novos avanços científicos recentes (2017) demonstram que é nativa, e não introduzida pelos portugueses, como se argumentava. Por outro lado, discute a questão das crianças judias, sobretudo as causas da morte de um elevado número em tão pouco tempo.” A investigação, reforça Armindo Espírito Santo, “levou-me sobretudo à desconstrução dos mitos; às causas das mortes das crianças judias; aos motivos dos vários conflitos de toda a ordem, que nada têm a ver com os atuais conflitos”.


Contracapa

  O autor desta «História de S. Tomé e Príncipe», que é investigador do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/ISEG-UL) e presentemente investiga história, cultura e economia de STP, do passado ao momento atual, acrescenta que o seu trabalho foi realizado de forma autónoma, sem ajudas de qualquer organismo público ou privado – quer em Portugal, quer em STP.

Apesar disso, destaca que este livro é o primeiro de três que espera publicar sobre história, economia, cultura e demografia (sobretudo a evolução da população)  de STP. O próximo pretende cobrir o período compreendido entre meados do século XIX a Dezembro de 1974 (fim do regime colonial - 2ª colonização). O último estender-se-á até à atualidade e vai do período de transição política até aos nossos dias.


Da Web - Programa Nós Por Lá

A apresentação desta “História de S. Tomé e Príncipe” vai estar a cargo do historiador português Arlindo Caldeira, consensualmente considerado nos meios académicos como aquele que melhor conhece a História do período moderno de STP, entre os séculos XV e XVIII.

O evento vai decorrer no dia 29 do corrente, 2ª feira, pelas 18h00, no auditório da UCCLA em Lisboa – sito na Av. Da Índia, nº110. 


Convite

António Bondoso

Novembro de 2021. 









 

2021-11-22


FELIZ ANIVERSÁRIO…ou de como há “Homens e Dias Imperfeitos”.

Há entre nós um dito popular, aplicado a situações diversas, que enfatiza o facto de que “não importa como começa, mas sim como acaba”. 



Foto de António Bondoso

No caso da celebração de um aniversário há, contudo, pelo menos uma variante. Como começa é, de facto, uma circunstância – Ortega Y Gasset – mas enquanto não termina, e desejamos todos que acabe o mais tardiamente possível, o importante é o «durante». Dia após dia, mês após mês, ano após ano, e pelos vários quadrantes da nossa existência, vamos construindo a identidade, o caráter e definindo os nossos grupos «familiar» e de «amigos». A convivência, os acasos e a forma de ser de cada um determinam os processos.

Nem tudo é perfeito, claro, mas o que importa é o que somos e como somos. Um forte abraço a todos quantos vão tentando e celebrando.

António Bondoso

Nov. 2021. 



Foto de António Bondoso

HOMENS E DIAS IMPERFEITOS

 

Sei que chegaram

E foram ficando

Sei que partiram

E foram morrendo

Sei que choraram

E foram perdendo

Memória antiga de dor e maldade

Saudade aberta de chagas e beijos.

 

Sei que sentiram

E não perceberam

Sei que mentiram

E não revelaram

Sei que tentaram

E não conseguiram

Dar todo o sentido à forma de ser

Um mito em busca de nos conhecer.

 

Sei que falaram

E não decidiram

Sei que fugiram

E não rejeitaram

Sei que amaram

E não perdoaram

Passar a barreira de todos os perigos

Ir longe demais e perder o cais.

 

Sei

Sei que matámos

E que fomos mortos

Absurda ignorância de negados

Na pele e na alma

A origem da vida

Das nossas vidas

E dos meus mitos rasgados.

=========

António Bondoso

Outubro de 2021. 



Foto de António Bondoso


António Bondoso 

Novembro de 2021



 

2021-11-13


ALGUMAS FIGURAS DA MINHA VIDA (2)

«As “utopias” estão tatuadas em meu pensamento, em minha carne, pela palavra e pelo gesto». Assim vos apresento MARIA REGINA FERNANDES CORREIA, natural de Viseu, embarcada aos 8 meses para Angola, de onde voltaria ainda criança para estudar e crescer…depois Professora em várias latitudes e Poetisa – “Não fosse a palavra e/ todos os gestos a que/ amor dá alma se/ perderiam/ irremediavelmente no/ coração da/ desesperança”.[1]


Apresentação de Conjugação de Mapas na UCCLA

         E foi pela palavra e pela Língua que nos conhecemos na Madeira há uns anos, no âmbito da I Semana Cultural das “CPLP Multilingual Schools” e I Festival “Sons da Lusofonia. Depois, Regina Correia esteve comigo na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto a apresentar o meu AROMAS DE LIBERDADE(s); levou-me à Associação dos Antigos Alunos do Ensino Secundário de Cabo Verde, em Lisboa e falou do meu livro EM AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO; e mais recentemente acompanhou-me na apresentação de O MEU PAÍS DO SUL dizendo Poesia de consagrados Poetas Santomenses – nomeadamente de Francisco José Tenreiro.

O Ensino, a Língua, a Escrita, as Viagens, os Lugares fazem de REGINA CORREIA…uma cidadã do mundo: de Viseu a Angola, da Madeira a Estugarda e Hamburgo, de Lisboa a Cabo Verde. A honra de a ter conhecido e de com ela ir privando como Amiga, levaram-me a considerá-la como uma das «Figuras da Minha Vida». Daí, este pequeno bate-papo, por escrito, tradução muito clara de outras conversas.



Apresentação Aromas de Liberdade(s)-AJHLP

*** Deve ser um coração muito partido, o teu. QUE FATORES mais contribuíram para isso? Viagens “forçadas/inesperadas”, inquietação, sensibilidade…ou as «maldades» do ser humano?

- Hoje, o coração, apesar dos descaminhos no cruzamento de mapas, está “inteiro”, no que tem que ver com o apaziguamento interior, pela consciência mais objectiva do mundo. Durante a infância e parte da adolescência, sim, meu coração foi de facto, muito partido, em termos de fragmentação do eu, já que as andanças de então, a que chamo “desviagens” foram forçadas, “maldades” de meus pais que me enviaram, sozinha, com seis anos e meio, sem conhecer vivalma, dos matos angolanos para os matos de Viseu. E a “lucidez do vazio” instalou-se quase definitivamente em mim. Naturalmente, também a inquietação assente em estranheza, em ausência(s), em silêncio(s). A minha escrita nasce da necessidade de iluminação da memória nas sombras que alimentam a solidão e a saudade.

 *** De todos os lugares de “afetos” (pois houve alguns seguramente) …em qual é que te sentes capaz de juntar os pedaços…ir reconstruindo o “puzzle” da tua vida?

- Apesar de me ver em modo de “represa”, não concebo a vida sem correntezas. Há três rios que me atravessam a alma – o Kuanza, o Tejo e o Elba. Escrevi em “Sou Mercúrio, Já Fui Água” (2012) que “Há sempre um rio // serpenteando por entre a // difusa luz da fuga e o //alongado // tornear de cada // regresso”, porque “sou um animal de margens”. Quando retomo minha “cartografia identitária”, por diversas e inesperadas (muitas) circunstâncias da via-sacra, é no Tejo que encontro o fio sólido para cerzir minha manta de retalhos. Lisboa é o lugar de intersecção, vaso comunicante entre todas as ilhas do labirinto em que o meu futuro enraizou, desde os oito meses de idade (aliás, mesmo antes de nascer). O lugar do “eterno retorno” – “Cobriu-se o Tejo de esquivas barcas. Regresso? // Ou partida para a vertigem da jornada?” (Conjugação de Mapas, p.25)



*** REGINA CORREIA…professora, mulher de cultura e de culturas, a língua, a literatura, prémios…Escrever, pensar, analisar escritores, dizer Poesia com excelência. És um «ser» completo?

- Nunca poderia considerar-me um ser completo, não acredito que tal sentimento habite alguém. Doutro modo, o que nos ficaria para preencher na viagem até ao último cais? Sou mesmo muito incompleta, como ser humano ou “animal de cultura”. E toma-me uma asa triste de mágoa.

*** …O que faz ainda falta?

- Como ser humano, como mulher, quanta frustração, tão ínfima tem sido minha parcela de desempenho na construção de um mundo melhor. Como se tudo me tivesse ficado por fazer, relativamente a toda a espécie de discriminação, seja de racismo primário, pela cor da pele, seja discriminação de género ou a exploração de uns pelos outros. E no que toca ao campo literário, então aí desapareço completamente na “poeira estelar”. De mão dada com as limitações em que me reconheço, vou caminhando na certeza de que nada sou e nada sei, face à imensidão.


Semana CPLP - Madeira

*** Continuas a correr atrás de utopias?

- As “utopias” estão tatuadas em meu pensamento, em minha carne, pela palavra e pelo gesto. Talvez tenham desbotado, pelos desencantos que a engrenagem político temporal foi teimando em instalar nas linhas de acção sonhadas pela “conjugação de mapas”. Mas nada as consegue apagar, de vez. Restar-me-ia o suicídio.

*** A «conjugação dos teus mapas» é a “utopia maior”? Todo o Universo…ou apenas o da «Língua Portuguesa»?

- Sem dúvida. Esta minha “conjugação de mapas” persegue o sonho de um reino do HUMANO, verdadeiramente universal, usando a língua portuguesa como arma. A propósito, a professora Anabela Almeida escreveu “O princípio deste livro é o Lugar, o espaço de pertença de todos e cada um, não importa a sua situação geográfica, política, social, económica, religiosa. As fronteiras não existem na Conjugação dos Mapas”. Apoiando-me na “Parte” tento chegar ao “Todo”. “E das empenas do retraimento versos // e lendas prometendo-me outras bandeiras // numa cantilena onde cabe o universo”. (Conjugação de Mapas, p.26)


Apresentação EM AGOSTO - na  AA Alunos ES Cabo Verde, em Lisboa

*** Quando se fala em conceitos de Lusofonia, Espaço Lusófono, Língua Portuguesa…sentes ser parte de qual? Ou vives e sentes «à margem»?

- À partida, sinto-me mais “confortável” no espaço conceptual de língua portuguesa. Afinal, tendo em conta, embora, todos os quês de dominação e de mal-entendidos, é Portugal a base espácio-temporal, histórica, sociocultural para o estabelecimento desta língua nos diferentes continentes. Procurando eu viver numa ponte de entendimento entre “todos os mapas”, doem-me as dores dos que são ou se sentem discriminados. Como gostaria de poder situar-me “à margem” de melindres que atacam uns e outros! “Ninguém // determina // a pátria onde // sou. Reconheço-me na // conjugação de mapas que a // Língua vem tricotando // retalho a retalho // como se um manto de // luz // abrisse todas as portas // diante da // orfandade (...)” (Conjugação de Mapas, p.49)

*** Em qualquer caso, nunca é uma posição cómoda?

De facto, a posição é muitas vezes incómoda, quando nos movimentamos no âmbito destes conceitos, já que há países de língua oficial portuguesa, cujos povos possuem uma “língua mãe” nacional, como nos casos dos “crioulos” de Cabo Verde, da Guiné-Bissau e de S. Tomé e Príncipe, por exemplo. Por outro lado, dado o número avultado de línguas nacionais, a língua portuguesa funcionará como língua de unidade na comunicação entre as diferentes etnias, para as nações angolana e moçambicana. E refiro-me só aos PALOP. Teríamos de pensar no Brasil ou em Timor-Leste. Neste sentido, tendo a alinhar pelo pensamento daqueles que defendem o conceito de “lusografia” versus o de “lusofonia”.


Madeira - Conversa a três, com Joaquim Arena e A. Bondoso

*** Muito grato Regina Correia. Mais dias Felizes.

António Bondoso.

Novembro de 2021.

[1] - Conjugação de Mapas, 2ª edição, 2020. Editorial Novembro. Premiado com o «Troféu Literatura Clarice Lispector 2021. 















 

2021-11-11


UM LIVRO DE VEZ EM QUANDO…neste ano de 2021.

“OS MANUSCRITOS DE R.” – DA MORTE, como eu lhe chamo, …ou de como as guerras deixam marcas indelevelmente profundas. É mais uma obra do camarada Jaime Froufe Andrade, 2ª edição já em 2019, – uma história crepuscular, como ele refere na sua dedicatória, desassossegada e de pegada demencial, à volta do ocaso da vida de um “estilhaço humano” gerado pela guerra colonial! 


         O tema é recorrente, mas esta narrativa do Jaime – ora simples, ora mais erudita – conduz-nos por um inesperado labirinto de mensagens, importantes porque baseadas em vivências, esperando encontrar uma saída correta, sensata, equilibrada, para a questão de fundo que é o ser e estar vivo! Mais importante ainda – estar na posse de todas as faculdades físicas e mentais. Mas numa «guerra», depois de rebentar a mina e a metralha, nunca mais se é o «mesmo»… mesmo que o BI ou o CC o confirmem! E depois, como é frequente o fenómeno da “Anosognosia” – essa incapacidade de o doente reconhecer, ou simplesmente aceitar a sua disfunção mental. 


Jaime Froufe Andrade

         O autor, que cumpriu uma missão em Moçambique como “alferes ranger” (miliciano), entre 1968 e 1970, coloca a sua personagem contadora da «estória» a descer a Circunvalação, com Matosinhos à direita e o Porto à esquerda. E nessa passada «clandestinamente delirante», antes de chegar à Anémona e depois do Magalhães Lemos, o “Rodrigues” – ou alferes Rodrigues, o Rodrigues-poeta, ou ainda o Rodrigues-escritor – vai construindo a narrativa de uma «operação especial» de alto risco que ficou por fazer em Moçambique, e para a qual foi aliciando os novos companheiros do hospital que, no início, era uma pensão onde havia partilhado “secretamente” a ideia da «operação» com o Artur, o qual – apesar de entusiasmado – viria a desistir, sabe-se lá porquê, não sem antes ter encontrado um camarada fundamental para a operação, conhecido da comissão em África onde terá ganhado a alcunha de «operacional de nascença».

         Pelo meio, outras memórias: dos familiares, de cá (atónitos e inquietos após o teste das 3 palavras), e da «família» de lá – os companheiros de armas – no início todos “viventes-a-longo-prazo”, mas aos poucos transformados em “mortos-definitivos” ou em “viventes-a-curto-prazo”, expressões invulgares que marcam e diferenciam a obra! 




         Jaime Froufe Andrade, jornalista e dirigente da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, já nos presenteou anteriormente por exemplo com «Não sabes como vais morrer», da coleção “Memória Perecível”, da AJHLP. «Os Manuscritos de R.», de leitura obrigatória e igualmente editado pela AJHLP, pertencem à coleção “Palavra Transitiva”. Contacto do autor: «froufe.andrade@yahoo.com».

António Bondoso

Novembro de 2021.  


 

2021-11-09


MAQUIAVEL À SOLTA EM PORTUGAL…ou de como os média tudo procuram «condicionar» através dos “testas de ferro” saloiamente chamados a comentar a vida em sociedade. Tem hoje a ver especificamente com uma entrevista a António Costa, estrategicamente «alinhada» para um momento de grande indefinição político-partidária, sabendo-se das demoradas movimentações internas no PSD e no CDS. A entrevista, precisamente na sequência do chumbo da proposta de OE que o governo apresentou na AR. Nada mais natural, neste momento, não fosse a conjuntura. 


Fotomontagem retirada da Web

E qual a razão de eu «chamar» Maquiavel à minha narrativa? Exatamente pelo facto de – apesar da influência dos média e da supostamente mais livre decisão dos eleitores – não ter ainda acabado o fosso entre a política e a moral. Por isso, diz Edouard Balladur[1] é necessário ainda mais hipocrisia, enganando não apenas alguns mas todos, para triunfar. E acrescenta: “O mérito de Maquiavel está em ter acabado com a hipocrisia dos bons sentimentos”. E caracterizou os métodos do poder [os fins são outra história] simplesmente dizendo que a «luta pela conquista do poder é a realização das ambições egoístas e nada mais». E como «cheira» a muito dinheiro a entrar neste país nos próximos tempos. Até me faz lembrar o início dos anos de 1990, com as maiorias absolutas de Cavaco Silva. Como foi produtivo esse duradouro «período de betão».

         Na sequência do recente «golpe» na AR, escrevi eu há dias que SABEMOS LER MAS NÃO CONSEGUIMOS ENTENDER…mesmo depois de ouvir. Porque foi impossível «escutar». E por isso não podemos ignorar. Custa lembrar Sofia, mas é fundamental seguirmos o seu pensamento. Tal como não foi por acaso que escreveu «vemos, ouvimos e lemos – não podemos ignorar», também hoje não podemos ignorar o triste, doloroso e caríssimo espetáculo na chamada «Casa da Democracia». E como seria possível não o fazer, quando vimos ali desfilar vaidades, lutas pela sobrevivência, estratégias pessoais – tudo à frente do chamado «interesse nacional». Existe até uma «cassete» que o designa por «superior». O interesse nacional e o Povo. Há dias, havia criticado aqui os patrões e os sindicatos e quem os segue. Agora, acrescento ao lote os meios de comunicação social. E é assim que eu digo que a entrevista a António Costa, emitida ontem, não deixou de ser um «balão de ensaio» para o anunciado debate de hoje sobre o que pensa a «direita».

         Por outro lado, insistem – sem sequer questionar (como fizeram a Costa) – em dar “tempo de antena” a todos os que mais responsabilidades tiveram no desencadear da crise, aproveitando para estender uma passadeira ao «principal» partido da atual oposição, que – vejam lá – tem a «sorte» de ter dois líderes (duplicando, assim, o tempo de antena). E essa «tirada» demagógica do inefável Rangel, a interpretar a entrevista de Costa? Alguém terá ouvido António Costa «admitir» a derrota, como disse Rangel? O que o 1ºM disse, respondendo a uma questão de AJT, é que, se o PS não ganhar, não tiver mais votos do que os adversários, assumirá a sua responsabilidade política. Como é natural num partido democrático, colocando o seu lugar à consideração dos militantes do seu partido. Isto é «admitir» alguma derrota? Tanto…como a angelical intervenção dos pontas de lança do PCP e do BE. Como se nada fosse com eles!

         Não me admira que um candidato a disputar o poder no partido da oposição diga o que disse. O que me entristece é os média deixarem passar essa «blague» sem questionar. Os «pés de microfone» estão de novo na moda? Ou há «ordens» para ser assim? Já sabemos como foi o «papão» do comunismo…agora percebemos o «papão» da maioria absoluta.

[1] - Maquiavel Em Democracia – a mecânica do poder. Casa das Letras, 2006. 



Figura retirada da Web

         Todos sabemos como funciona o «sistema». E todos sabemos que o poder tem encanto e é um prazer. Tal como sabemos que o povo gosta de ser desejado a qualquer preço. Por isso…siga o espetáculo da demagogia!

António Bondoso

Novembro de 2021.