2022-12-30

 

É UMA “POESIA DE TRAÇOS” e de “Forte Intervenção” a que preenche este escrito sobre UM LIVRO DE VEZ EM QUANDO...neste final de ano de 2022, quando me chegam “Caminhos de Sombra”, de Carlos Nascimento, um «pintor/poeta» que conheci num convívio de Natal da Editora Edições Esgotadas. 



Carlos Nascimento, que se define como «artista plástico/poeta», foi o autor que me saiu em sorte para trocarmos conhecimento. E o beneficiado fui eu, pois recebi uma obra muito interessante, quer do ponto de vista literário, quer estético, com uma capa muito bem conseguida – a partir de uma foto de Clotilde Abrantes – e com belas ilustrações de alguns amigos do autor, nomeadamente Helena Freitas, Isabel DeNascimento, Jéssica Moura, José Cid e Júlio César, para além da já citada Clotilde Abrantes e do pintor João José Alvão Pereira, sobrinho de José Régio.  



É uma «poesia de traços», como disse, de continuidade e de cruzamentos sem nunca perder o centro. «Caminhos de Sombra» tem poucas reticências, mas o leitor sabe que pode contar com a sequência da matéria e do enredo num dos poemas que vem a seguir: - o amor, a liberdade de ser e de estar, o direito à chamada igualdade de género.

         Traços fortes, como no poema “No Olhar dos Sentidos”: «as cores refletem – movimentos/ Rodopiantes em paleta cromática/ Nasce uma mulher – vestida/ de sedas finas – cores salmonadas/ – Desnudas.» Ou… “Por detrás da janela – outra janela reluz na água/ – Flores como estátua – ardente na madrugada;/ navego no “dongo” – abraço a minha libata”. Este último tem já a ver com os seus «diálogos» com África. Talvez não através dos seus caminhos de «sombras» [a nota biográfica não deixa perceber isso], mas talvez pelos seus caminhos de «vida», pelo «amor conjugal» que o transporta nomeadamente a Benguela – Angola. Um território que eu também conheço e que, como refere Carlos Nascimento, «…cheio de sabores e felicidade numa harmonia de irmandade». Mas há também o outro lado que não escapa à «Tolerância Zero» do autor: – “Embora de coração mutilado/ A menina brinca “canhé”/ – Sem brilho – olhar parado pela dor residente/ Por debaixo “jinjiguita” a criança/ Que corre e procura o “quero”/ – O feminino genital mutilado, grita:/ Tolerância Zero”. 



Caminhos de Sombra é, portanto, um livro com «poesia traçada», com linguagem «mestiça» e colorida e que também não esquece a dor incomparável das crianças na guerra – em todas as guerras.

         Carlos Nascimento – artista plástico/poeta – respira aqui «Acordes de Luz» – Cinzelados nas pedras milenares;/ Entre rolham-se/ Os pincéis e os dedos cúmplices – e um poema». 




Apenas «traços» da minha leitura, pois a poesia não carece de explicações e de intermediários. Por tudo isto vale a pena ler. Caminhos de Sombra, Carlos Nascimento e Edições Esgotadas – 2019. 



30 De Dezembro de 2022

António Bondoso        














 

2022-12-27


ACONTECIMENTOS E PESSOAS EM 2022:

1 - POSITIVO:

Não há muito de que nos possamos orgulhar. Contudo…fica a minha opinião. Tão subjetiva como outras que têm vindo à luz do dia. E entre um chamado “cerco ao governo” e um tal “circo mediático” será sempre bom que todos tenham um «rosto», como esse de uma designada “frente cívica” que eu ainda não conheço. 


Foto de António Bondoso

- Zelensky e o Povo da Ucrânia – pela coragem e capacidade de resistência

- Lula da Silva – renasceu politicamente, pela coragem e capacidade política.

- António Costa – levou o PS a uma maioria absoluta apesar do desgaste de seis anos de governação (agora sofre mais ainda) e de uma Pandemia. Costa está a demorar a encontrar o habitual ponto de equilíbrio na sua equipa, mas os adversários são piores. Só existem pela insistência dos Média.

- Natal voltou a ser celebrado em Belém.

- A debilidade física do Papa Francisco não o impede de pensar e de dizer


Foto de António Bondoso

ACONTECIMENTOS E PESSOAS EM 2022:

2 - NEGATIVO:

- A Nação Curda – sem Estado – continua abandonada pela Comunidade Internacional.

- Jair Bolsonaro – a imitação grotesca de Trump

- Consequências das Oscilações Climáticas

- Sistema «capitalista» – aproveitamentos abusivos das crises originam onda inflacionista.

- Desordem Internacional – novos (des) alinhamentos. Interessante perceber o regresso a uma Guerra Fria com «muros» diferentes.

- Falência do sistema do CS da ONU, que bloqueia a boa governança mundial. Basta ver o comportamento de um dos seus membros – a Rússia – que lá permaneceu mesmo tendo perdido o «nome» que lhe havia permitido o ingresso.

- 2ª Invasão da Ucrânia pela Rússia.

- Putin – confirmou a crueldade/desumanidade conhecida 

- Xi Jinping – desilusão de um «poder autocrático»

- Irão e Afeganistão – Direitos Humanos não contam

- S. Tomé e Príncipe – País tão pequeno mas sem justiça. 


Foto de António Bondoso

DESPORTO:

- A vergonha do Mundial de futebol no Catar, a FIFA e o desastre das arbitragens.

- Fernando Santos e a FPF de mal a pior. Depois das dificuldades do apuramento e da má prestação na Liga das Nações…não foi substituído a tempo. Não soube valorizar Ronaldo.

- Bom comportamento das equipas portuguesas na Liga dos Campeões

- Afirmação de Diogo Costa, nas balizas do F.C. do Porto e da Seleção.

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António Bondoso

Dezembro de 2022. 




 

2022-12-20


DEVOLVAM O PAÍS AO CONDADO PORTUCALENSE…ou entreguem-no à ONU. Talvez até a uma ONG, aquela por exemplo onde foi figura de proa Pedro Passos Coelho, a Tecnoforma. Poderá sempre ser ressuscitada. 



Segundo os média (sobretudo as TVs) deste «sítio» mal frequentado - como dizia Almada - Portugal é uma «nódoa». O melhor será entregá-lo à ONU ou, recuando à “fundação”, devolvê-lo ao Condado Portucalense.

Há uns anos inventaram o «ranking» das escolas; mas agora serve qualquer «medida» para atacar a maioria absoluta do PS e o 1ºM António Costa. Do gás à eletricidade, da gasolina ao carvão, passando pelas alheiras, pelo salpicão, pelo tremoço, pelo lombo de porco; do mesmo modo quanto ao cinema e ao teatro, e voltamos aos «rankings»: das importações e das exportações, dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, da TAP, dos juízes, dos advogados, dos contabilistas, dos polícias, dos taxistas, dos cientistas, dos ativistas, sindicalistas, poetas, romancistas e ciclistas. Poderia acrescentar aqui mais uns «istas» mas nem sempre disponho de pistas. 



Então…penso que o caso é a mesquinhez dos «tugas». Voltando a Almada Negreiros – “coragem portugueses, só vos faltam as qualidades”! E nada é recente, já vem de longa data. E recordo que queimámos Ronaldo no Mundial, enquanto os argentinos apoiaram e elogiaram Messi.

Por tudo isto, posso concluir que “uma maioria absoluta não se destrói com «demagogia». São precisas ideias e muita capacidade” para «ler» a realidade e agir com perspetiva do futuro.

Passem bem. Boas Festas, Natal Feliz e um 2023 encarado com resistência.

António Bondoso

Dezembro de 2022.  


 


                                                                                         






2022-12-17


REDAÇÃO

Eu gosto muito do Natal. É um tempo muito bonito e de festa. Celebra-se o nascimento do «Menino Jesus». Quando eu era criança, aqui, não havia luzes às cores nas ruas da Vila [hoje já há, mas quem manda diz que é preciso poupar energia por causa da guerra]. E em muitas casas também não havia. Um candeeiro a petróleo quantas vezes. E a lareira, claro. Normalmente na cozinha. E havia frio e muita neve. E jogávamos ao «rapa» com pinhões. Eram baratos, não custavam tanto como nos dias de hoje. 



Quando eu era criança, lá longe, também não havia luzes às cores e a piscar nas ruas das Ilhas. E havia calor, muito calor…mesmo que faltasse um abraço apertado. Eu continuo a gostar muito do Natal. Mesmo que não receba prendas. Sonhei com um triciclo que nunca veio, pois talvez o Pai Natal nunca tenha recebido uma carta minha. Por essa altura não era conhecida a sua existência nem a sua morada e ninguém nos dizia que era possível escrever uma carta. Mistérios que fomos ultrapassando com o decorrer do tempo. E hoje ainda sonho em ser um dia o Pai Natal, mesmo que o saco das prendas seja muito pesado e que as renas estejam cansadas. 



                                                            PAI NATAL

 

Um dia serei também o Pai Natal.

Mas só terei palavras como prendas:

Ser leal e solidário, ser justo e ter caráter.

Poderei dizer aos adultos que mentir é vergonhoso

Talvez possa dizer às crianças que a verdade tem muitas caras

Muitos feitios e cores

Conforme os olhos que sentem.

Mas são seus…

Verdadeiramente

Os corações que não mentem!

=== Ant. Bondoso

Dez de 2016.



Entre a ilusão e a imaginação desta «Redação» adulta…talvez haja ainda um espaço para dar sentido ao que chamamos de «espírito de Natal». O espaço, infelizmente já diminuto, tem o nome pomposo de “esperança”. Alberga, apesar de tudo, valores como a dignidade, a piedade, a solidariedade. Com seriedade, é a esses três vértices da pirâmide humana que nos devemos agarrar para conseguir alcançar a meta do caminho que falta. Apesar de tudo…eu gosto muito do Natal. 



António Bondoso

Dezembro de 2022. 







 

2022-12-07


O «JOGO DE ESPELHOS» DOS DIREITOS HUMANOS…ou a hipocrisia do mundo em que vamos sobrevivendo. A propósito do 74º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, noto que o «reflexo de nós» se esbate e se esquece, perante as evidências de outros bem mais longe. 




Da Web

Numa época em que se assiste, quase sistematicamente, à violação dos direitos da pessoa humana, individuais e coletivos, é fundamental chamar a atenção para o 74º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que se assinala em 10 de Dezembro de 2022.

Com a Carta das Nações Unidas (1945) e a DUDH de 1948, os direitos humanos, pela primeira vez instituídos na revolução americana de 1776 e na revolução francesa de 1789, deixaram de ser uma questão simplesmente nacional, um domínio “doméstico” coberto pelo princípio da não ingerência da comunidade internacional nos “assuntos internos” dos Estados.

Assédio moral, assédio laboral, coação física e psicológica, violação do Direito Internacional, guerras civis, crise de refugiados, crises ambientais, pobreza e miséria, corrupção e criminalidade organizada – situações que têm merecido a preocupação da Organização das Nações Unidas e particularmente do Secretário-Geral António Guterres, que tem vindo a apelar a uma maior consciencialização dos países e dos seus cidadãos, nomeadamente dos jovens.

Iraque, Síria, Palestina, Israel, Líbia, África Central, Somália, Iémen, Birmânia/Myanmar, Venezuela, Tailândia, Catar, Arábia Saudita, Irão, Colômbia, Guiné Equatorial, são exemplos crónicos que nos assaltam a mente há décadas a esta parte. Mas, recorrendo a uma boa memória e às estatísticas da Amnistia Internacional, por exemplo, os casos multiplicam-se, muito para além das notícias que nos embaraçam hoje – como a Rússia e a Ucrânia – também a China, todo o Médio Oriente, os Balcãs, a Indonésia, Índia, EUA, Egito, Nigéria, Marrocos, Cuba, Angola, Brasil, e o «relatório» vai seguindo sem excluir – naturalmente – Portugal ou a Guiné-Bissau. E a tristeza que me invade aumentou exponencialmente nos últimos dias, com acontecimentos igualmente hediondos e alegadamente tendo por base um «golpe» ou «tentativa de golpe» ou até mesmo uma «inventona» em S. Tomé e Príncipe – o meu País do Sul. As imagens de uma brutal violência circularam, cruzaram oceanos além das Ilhas do Equador, o PR não falou mas substituiu as Chefias Militares, o 1ºM terá falado demais e, entretanto, já viaja – mesmo estando a decorrer as investigações que supostamente vão esclarecer o sucedido – e a ONU enviou já uma «delegação» àquele pequeno país insular de língua oficial portuguesa. A CPLP, mais uma vez, caiu na omissão pública.

Para quebrar o silêncio, um grupo de cidadãos empenhados e implicados na busca de uma «verdade» aceitável, enviaram uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, para que o assunto não venha a cair no esquecimento. Os «Promotores» pretendem que ele “exerça a sua magistratura de influência para impedir mais derramamento de sangue e ilegalidades similares em São Tome e Príncipe”.



Da Web

António Bondoso

7 de Dezembro de 2022.

***  Anexo a Carta (transcrita de um documento em pdf):

Excelentíssimo Senhor Engenheiro António Guterres

Secretário-Geral das Nações Unidas

 

“A promoção e proteção dos direitos humanos e liberdades

fundamentais (...) das pessoas (...) contra o excessivo USO

da força, a tortura e outras violações dos direitos humanos

por agentes da lei! (...).

António Guterres

 

EXCELÊNCIA,

Começamos esta carta com palavras retiradas de um dos seus discursos na 434

sessão 432 Sessão da Comissão dos Direitos Humanos da Nações Unidas, em

Junho de 2020.

Somos um grupo de cidadãos e amigos de São Tome e Príncipe, pequeno pais

do Golfo da Guiné que na semana passada experienciou o mais trágico momento

da sua história nos últimos 50 anos. Por isso, esse grupo decidiu endereçar-lhe a

presente missiva, de forma manifestar a Vossa Excelência a nossa consternação

face à atual conjuntura política de insegurança coletiva que vivemos no pais, a

partir do passado 25 de novembro, data em que foi anunciada uma alegada

tentativa de golpe de Estado, ocorrida na noite anterior.

Foi com choque e horror crescente que fomos seguindo as noticias, em primeira

mão veiculadas oficialmente pelo Senhor Primeiro-Ministro e Chefe do Governo,

Patrice Trovoada, qualificando os factos como tentativa de golpe de Estado,

proferindo acusações expressas a presumíveis mandantes e anunciando de forma

tranquilizadora à população, a não ocorrência/existência de vitimas mortais.

Foram nesse contexto apontados como responsáveis o ex-Presidente da

Assembleia Nacional, Delfim Neves e o Senhor Arlécio Costa, ex-

comandante do mercenário Batalhão Búfalo, os quais já tinham sido retirados

das suas residências e detidos pelos militares de madrugada, quando se

encontravam com as respetivas famílias, sem mandato judicial ou qualquer base

legal.

No próprio dia, foram-se sucedendo as informações, por via oficial ou outra,

destacando-se, primeiro, a do Vice-Comandante geral da Forcas Armadas e do

Comandante-geral da Forcas Armadas, cerca de 24 horas depois, que vieram

corroborar as afirmações do Primeiro-Ministro.

Tudo perante um absoluto silêncio de S.Exa. O Presidente da Republica, que é

nos termos da Constituição, o Comandante em Chefe das Forcas Armadas; este

apenas quebrou o silêncio, quando ja eram passadas cerca de 48 horas!!!

EXCELÊNCIA,

Qual não foi o espanto de todos, quando a meio da manhã do dia 25, começaram

a surgir imagens aterradoras, em fotos e vídeos, de varias pessoas, vivas, de

mãos atadas com cordas, atrás das costas, com escoriações e feridas abertas,

ensanguentadas e expostas no átrio do quartel do morro, palco do alegado

atentado. Dentre essas pessoas encontrava-se o Senhor Arlécio Costa,

visivelmente espancado, mas vivo.

No fim da manhã, circularam informações confirmadas, nomeadamente pela voz

do Vice-Comandante Geral de que, afinal, havia 4 mortos alegadamente

resultantes dos confrontos durante o assalto o quartel.

Verificaram-se, no entanto, um rol de declarações oficiais contraditórias, mal

sustentadas e desmentidas de modo flagrante pelos factos que se foram sendo

conhecidos: fotos e vídeos diversos que foram vazando nos media, colocados por

pessoas que do interior do quartel os foram disseminando.

Em suma, pode-se constatar, que na sequência de uma alegada tentativa de

“golpe de Estado”, 4 santomenses foram friamente torturados e mortos no

quartel-geral das Forças Armadas, diversos outros foram torturados e continuam

detidos e o ex-Presidente da Assembleia Nacional, Dr. Delfim Neves foi

legalmente detido em sua casa, repetimos sem mandato judicial ou qualquer

base legal. Não fosse a pronta e ativa intervenção na comunicação social (online)

de alguns cidadãos santomenses e amigos de STP, provavelmente, o seu destino

teria sido semelhante ao do Sr. Arlécio Costa.

Resta frisar que cerca de 48 horas após o desencadear das operações em apreço,

o Comandante-Geral da Forças Armadas veio a público pedir a sua “demissão”,

com a justificação de que teria sido enganado e alvo de traição.... Afirmou ainda

que tudo teria sido parte de um plano devidamente orquestrado pelos que o

traíram.

À natureza e dimensão dos atos de terror e perseguição ora referidos

constituem total novidade no nosso país, onde impera no presente um clima

generalizado de medo, por receios justificados de caça as bruxas, revanchismo,

e tentativa de implantação de métodos ditatoriais, aos quais os atuais dirigentes

políticos do pais já em tempos atras, nos habituaram. Existem inclusive atos de

perseguição a cidadãos na praça publica, no normal exercício dos seus direitos

constitucionais.

As ocorrências acima descritas violam flagrantemente os direitos fundamentais

do povo e a Constituição de São Tome & Príncipe, cujos dirigentes políticos em

exercício juraram obedecer, hã pouco menos de um mês.

Assim, estamos convictos de que se torna imprescindível que tudo seja feito para

um CABAL APURAMENTO DOS FACTOS (e respetivas RESPONSABILIDADES

CRIMINAIS, POLITICAS e CIVIS) que (1) deram origem a alegada tentativa

de golpe de Estado; (2) que originaram as detenções ilegais, sevicias,

tortura e mortes.

Cientes, também, de que Vossa Excelência vem seguindo de perto o desenrolar

dos acontecimentos atrás descritos, através dos representantes locais do sistema

das Nações Unidas;

Cientes igualmente das pressões que aos níveis interno e eventualmente externo

se vão/estarão a exercer, em diversos quadrantes, para evitar ao máximo, uma

investigação objetiva, transparente e imparcial;

EXCELÊNCIA,

Nós, os assinantes desta carta, rogamos que interceda a favor do Povo de São

Tome e Príncipe, enquanto país membro da Nações Unidas no sentido de:

1. Facilitar mecanismos internacionais disponíveis e eficazes para levar a

cabo tal investigação;

2. Exercer a Vossa magistratura de influência para impedir mais

derramamento de sangue e ilegalidades similares em São Tome e Príncipe.

Somos um “povo de brandos costumes” e gostaríamos de continuar a sê-lo. Nos

dias que correm este é decerto um dos nossos principais valores e um dos nossos

trunfos, pelo que não podemos dar-nos ao luxo de os perder.

Estamos certos de que V. Exia, como português, compreenderá a angústia da

nossa atual existência.

PROMOTORES:


 

2022-12-03


Quando as palavras são o espelho da alma e do coração…ou de como nunca é fácil esse processo de um autor chegar ao título de uma obra.

José Teixeira é um poeta de fôlego. Pelo menos palavras não lhe faltam, atentando na sua já vasta bibliografia que culminou neste seu recente “PALAVRAS QUE O VENTO (E) LEVA”, título que o autor fez salientar exatamente do último poema do livro. Admito que o facto de ser o último – certamente por estar mais fresco na sua mente – o tenha levado à escolha, provavelmente nada subjetiva. 


Foto da USRM

         Contudo, a minha leitura – e neste caso naturalmente muito subjetiva – levou o curso da mente para uma abordagem que, tendo em conta as marcas do passado do autor e a reflexão que faz do presente, em busca do futuro que – como diz – está a acontecer ou em construção, como destaca em repetição nas páginas 51 e 56, me conduziu a outras opções. Como por exemplo «É urgente mudar o mundo», «Rasgar horizontes», «O poder do tempo», «Libertar as palavras» ou ainda «É preciso libertar o homem» – um construtor de sonhos gota a gota, e sempre a remar contra a maré.

         Estas, são palavras do tempo presente, um tempo difícil como sabemos e vivemos, um tempo em que a Europa voltou a receber a violência da guerra. Recordo que, no século XX, para além das duas Grandes Guerras, houve ainda a moderna guerra dos Balcãs depois da implosão/fragmentação da ex-Jugoslávia. E José Teixeira, que fez a guerra em outros tempos, não tão recuados quanto isso, sabe precisamente que a “Guerra é guerra” para a qual não é possível uma justificação. No entanto e apesar de tudo, os poemas deste PALAVRAS QUE O VENTO (E) LEVA falam igualmente de «amor», que faz milagres e não tem cor; do maior amor do mundo, revisto em «Mulher e mãe» e num «Botão de rosa enamorado»; ou então numa vida a dois, na qual o amor aconteceu e onde é essencial saber conjugar o verbo amar, sublimado em “Filho, a tua mãe está aqui”! 


Capa

Este meu jogo de palavras, que vivem esperançosamente nos poemas do livro em apreço, de José Teixeira, não tem por objeto criticar – qualificando – a forma e o conteúdo do que li, com prazer devo dizer. Pelo contrário, pretendo apenas seguir o eco dos pensamentos do autor, que me parece não estar agarrado a um qualquer estilo definido. Não sendo uma poesia totalmente branca e não se obrigando a uma rima perfeita – o que, de certa forma, me agrada – ela percorre ainda temas que passam pela ecologia, pela força da natureza e pelo sempre difícil e complexo campo da filosofia. Buscando Almada Negreiros, devo recordar que «o poeta não precisa de intermediários». E como ele salientava, “O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. (…) As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um”. O palco de José Teixeira, salienta na sua introdução, é então este livro, no qual se deixou embalar nas palavras que lhe saltearam a mente e contaminaram o coração. Não necessariamente pela poesia. Tudo poderia ter sido dito ou escrito em prosa. E tudo poderia certamente «dar» um belo romance.

         Basta tomar nota de que…«Numa manhã de sol radioso, e ansioso esperava as palavras do Profeta, ainda acreditava num jardim de paz e de bonança, quando os senhores do mundo tiraram a espoleta.

“(…) Pára-me de repente o pensamento,

E vejo sangue, vejo lágrimas, vejo gente,

Caminhando no trilho, em fuga. Sem lamento;

Vejo o inferno vomitando chamas,

De enxofre enegrecido pelo tempo,

São as armas a troar continuamente;

Vejo corpos desfeitos e sem vida;

E vejo sangue, vejo lágrimas, vejo gente; (…)”

José Teixeira – «É preciso libertar o Homem» – faz o favor de participar nas minhas aulas de Relações Internacionais na USRM – Universidade Sénior Rotary de Matosinhos.


                                                                       Foto da USRM

O livro PALAVRAS QUE O VENTO ( E ) LEVA, foi editado por “Poesia Impossível, do Grupo Editorial Atlântico”, neste ano da Graça de 2022.

António Bondoso

Dezembro de 2022. 



 

2022-11-27


NÃO É APENAS O FUTEBOL QUE ESTÁ DE LUTO. Fernando Gomes está para além da paixão do e pelo futebol. Como poucos. E por isso choro. 



Ao contrário de muitos outros que hoje se «apresentaram», nunca tive a oportunidade de ser «teu amigo». Mas foste um ídolo que sempre admirei e respeitei. E acompanhei, como adepto e por motivos profissionais. Não esqueço, por exemplo, a competição para a tua segunda “Bota de Ouro”. A ansiedade que se gerava quando, já numa fase adiantada dos campeonatos, eu telefonava para a BBC para saber quantos golos havia marcado o teu direto competidor. E como recordo igualmente uma reportagem que efetuei em tua casa, para a RTP, no dia da final da Taça dos Campeões Europeus em Viena, em 1987. Tu, ainda de muletas, após uma lesão num treino recente, e o Lima Pereira com «gesso». A vossa tristeza por não poder estar lá a ajudar a equipa. Mas foi ouvida a vossa mensagem de esperança. 


Vi-te jogar pela primeira vez no Barreiro contra a CUF, em 1975 ao lado de Cubillas e de Oliveira.  Apesar do «perfume» que a equipa espalhava, era ainda um tempo de retração. A síndrome da Ponte da Arrábida, que ia prolongando o jejum.

Felizmente, pouco tempo depois viriam Pedroto e Pinto da Costa. E tudo se transformou. E devo confessar que ainda hoje me custa entender a «falta de razão» que levou à tua saída do clube, no tempo de Artur Jorge e de Otávio, quando tu defendeste o grupo e já depois da idiotice de Ivic – finito – e da máxima que Quinito celebrizou, apesar de retirada do contexto: Gomes e mais 10! Mas disse igualmente «Quim e mais 10» ou «Madjer e mais 10»!

Grato por te ver jogar, apreciando as qualidades inatas de grande jogador e de um avançado centro/ponta de lança fora do comum. Até sempre Fernando Gomes – Bibota!



António Bondoso

Com fotos suas e da Web

26 de Novembro de 2022. 


2022-11-11


ESPAÇOS PARA OCUPAR A MENTE E O CORPO.

QUINTA DO RIBEIRO – TERRAS DA RUA, MOIMENTA DA BEIRA. 

Hoje celebramos o S. Martinho a preceito e...com jeito!



Propriedade da Fundação Rodrigues Silveira, ali funciona a Escola Profissional de Moimenta da Beira, em cooperação com a Câmara Municipal. Anteriormente denominada de IFEC – Instituto de Formação e Educação Cooperativa – a Associação da Quinta do Ribeiro, na freguesia de Vila de Rua, constituída em Maio de 1987, alterou os estatutos em 1994. A natureza, contudo, prossegue sendo educativa e técnico-profissional.

No âmbito das suas atividades, a Escola tem uma Academia de Música “Quinta do Ribeiro”, cujo objetivo principal é ampliar o universo das artes, cultura e cidadania de crianças e jovens, através do ensino da música. Ou seja, incentivar o gosto musical e promover os valores de integração e cooperação entre os alunos. 



Possuidora de um largo e atrativo espaço, com “História”, a Quinta tem vindo a promover os designados “Serões da Quinta”, sobretudo em épocas de significado particular. Como é o caso da celebração do Dia de S. Martinho – jeropiga e castanhas no «prato principal». 



Se não puder lá ir hoje, marque uma visita na sua agenda próxima. Vale a pena. 




António Bondoso

Jornalista

Novembro de 2022.

epmoimenta.pt














 

2022-11-09

LINHAS TROCADAS...

A outra margem da «linha» não tem rio que se alongue

A correr para o mar, lavado em lágrimas. 



Foto de A.B. (por Tlm)

Mas tem gente de labor

Dedicada, resiliente, sem perder a esperança.

E tem também escarpas cheias de vida teimosa

E campos com laranjas e tangerinas a dourar o sofrimento. 



Foto de A.B. (por Tlm)

E os carros que não viajam

Carregam vidas paradas. 


Foto de A.B.(por Tlm)

António Bondoso

Nov de 2022.