2012-12-28




DIÁSPORA DE MOIMENTA DA BEIRA QUER FURAR MURALHA DA INTERIORIDADE.





1ºPASSO:- À PROCURA DE UMA IDEIA...OU COMO TRANSFORMAR UM “SLOGAN” NO CAMINHO DO REGRESSO.
2ºPASSO:-A CERTEZA DE QUE TODOS SÃO IGUALMENTE IMPORTANTES  E, COMO DIZ O POVO, O QUE É PRECISO É COLOCAR UMA MÃO NA RODA!




Para que não restem dúvidas, valha a verdade que esta iniciativa de reunir a diáspora moimentense partiu do Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira e teve lugar já no passado dia 15 de Dezembro. Não é, portanto, cópia ou plágio de quem quer que seja, sabendo que – nos últimos dias do ano – apareceu com força mediática a criação do Conselho da Diáspora Portuguesa, por iniciativa do Presidente da República. Não é que haja mal em multiplicar o movimento. Mas é bom que fique o registo. Provavelmente...depois de todo o “show-off” à volta dos cargos honorários da iniciativa presidencial (por momentos lembrei-me da célebre “brigada do reumático” caetanista), José Eduardo Ferreira terá – em Moimenta da Beira – um caminho menos áspero e menos crítico perante as suas iniciativas arrojadas e de rompante, como já o foram a Expo-Demo, este encontro da diáspora e o fórum da juventude, para além das recorrentes iniciativas de apoio a diversos programas culturais – sempre com o pano de fundo das grandes referências do concelho: Aquilino Ribeiro, Afonso Ribeiro, Luís Veiga Leitão, Eduardo Salgueiro, a maçã e os vinhos de qualidade – nomeadamente o espumante Terras do Demo, com uma produção de quinhentas mil garrafas/ano.




Sendo Moimenta da Beira um concelho com apenas 10 mil habitantes e sabendo-se que perdeu cerca de 7% da sua população na última década, uma questão fundamental é evitar a desertificação, pelo que se apelou à necessidade de manter quem já vive, a par de convidar novas pessoas e gente nova com novas mentalidades. Daí que, no encontro, se tivesse batalhado muito na ideia do empreendedorismo e no reforço da cooperação com as universidades, sem esquecer a fundamental construção do IC26 – uma via estruturante essencial para furar a muralha da interioridade, se bem que haja neste tempo boas e melhores razões do que há uns anos para regressar a Moimenta. Como frisou José Eduardo Ferreira, o que se iniciou no dia 15 de Dezembro de 2012 é um percurso no qual somos convocados a dar um pouco mais e melhor à região e ao país.
          Mas, há sempre um mas, se por um lado é bom que a saída deva ter um retorno em carinho, em conhecimento ou em afectividade – por outro – a inserção na vida do concelho precisa de projetos concretos. O que se pretende é pensar Moimenta no futuro. Numa estratégia de médio e longo prazos, portanto, na qual se identifiquem oportunidades e desafios, igualmente dificuldades, em vários sectores, para além do reconhecimento e convocação da massa crítica. 




Se ao nível da vinha o investimento deu resultado no que respeita ao sector da transformação, o mesmo não poderá dizer-se da maçã. Não tem havido essa capacidade, precisamente porque há problemas ao nível da armazenagem. Mais unidades de frio exigem um investimento sério, mas é esse o caminho. E sabe-se que Portugal só produz 50 ou 40% da maçã que consome. Um ponto a favor é que, na região, a produção média é boa se comparada com a do país. Um problema, poderá ser a quantidade de água que a produção necessita. Já quanto à qualidade – não há dúvidas! Uma outra questão assinalada foi a da importância da recuperação do odor da maçã de “bravo-de-Esmolfe” – única no país. Também o azeite poderá ter uma produção e qualidade distintas, tal como o granito – que é diferente – e cuja exportação se situa entre os 70 eos 80%.
          O envolvimento cultural tem sido uma aposta segura e, embora não tenha sido debatida essa questão – sou daqueles que pensam poder ganhar-se a organização e consolidação de uma bienal de artes, exatamente correspondendo ao período temporal da realização dos encontros da diáspora. É com iniciativas deste género – de algum modo já “ensaiadas” na Expo-Demo – que mais facilmente se poderá romper a grande muralha exterior do concelho e da região. Chegar mais longe, chegar aos centros de decisão dos vários poderes.   



António Bondoso
Dezembro de 2012.



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