DIÁSPORA DE MOIMENTA DA BEIRA
QUER FURAR MURALHA DA INTERIORIDADE.
1ºPASSO:- À PROCURA DE UMA IDEIA...OU COMO TRANSFORMAR UM
“SLOGAN” NO CAMINHO DO REGRESSO.
2ºPASSO:-A CERTEZA DE QUE TODOS SÃO IGUALMENTE IMPORTANTES
E, COMO DIZ O POVO, O QUE É PRECISO É COLOCAR UMA MÃO NA RODA!
Para que não restem dúvidas, valha a verdade que esta
iniciativa de reunir a diáspora moimentense partiu do Presidente da Câmara Municipal
de Moimenta da Beira e teve lugar já no passado dia 15 de Dezembro. Não é,
portanto, cópia ou plágio de quem quer que seja, sabendo que – nos últimos dias
do ano – apareceu com força mediática a criação do Conselho da Diáspora
Portuguesa, por iniciativa do Presidente da República. Não é que haja mal em
multiplicar o movimento. Mas é bom que fique o registo. Provavelmente...depois
de todo o “show-off” à volta dos cargos honorários da iniciativa presidencial
(por momentos lembrei-me da célebre “brigada do reumático” caetanista), José
Eduardo Ferreira terá – em Moimenta da Beira – um caminho menos áspero e menos
crítico perante as suas iniciativas arrojadas e de rompante, como já o foram a
Expo-Demo, este encontro da diáspora e o fórum da juventude, para além das
recorrentes iniciativas de apoio a diversos programas culturais – sempre com o
pano de fundo das grandes referências do concelho: Aquilino Ribeiro, Afonso
Ribeiro, Luís Veiga Leitão, Eduardo Salgueiro, a maçã e os vinhos de qualidade –
nomeadamente o espumante Terras do Demo, com uma produção de quinhentas mil
garrafas/ano.
Sendo Moimenta da Beira um concelho com apenas 10 mil
habitantes e sabendo-se que perdeu cerca de 7% da sua população na última
década, uma questão fundamental é evitar a desertificação, pelo que se apelou à
necessidade de manter quem já vive, a par de convidar novas pessoas e gente
nova com novas mentalidades. Daí que, no encontro, se tivesse batalhado muito
na ideia do empreendedorismo e no reforço da cooperação com as universidades,
sem esquecer a fundamental construção do IC26 – uma via estruturante essencial
para furar a muralha da interioridade, se bem que haja neste tempo boas e
melhores razões do que há uns anos para regressar a Moimenta. Como frisou José
Eduardo Ferreira, o que se iniciou no dia 15 de Dezembro de 2012 é um percurso
no qual somos convocados a dar um pouco mais e melhor à região e ao país.
Mas, há
sempre um mas, se por um lado é bom que a saída deva ter um retorno em carinho,
em conhecimento ou em afectividade – por outro – a inserção na vida do concelho
precisa de projetos concretos. O que se pretende é pensar Moimenta no futuro. Numa
estratégia de médio e longo prazos, portanto, na qual se identifiquem
oportunidades e desafios, igualmente dificuldades, em vários sectores, para
além do reconhecimento e convocação da massa crítica.
Se ao nível da vinha o investimento deu resultado no que
respeita ao sector da transformação, o mesmo não poderá dizer-se da maçã. Não
tem havido essa capacidade, precisamente porque há problemas ao nível da
armazenagem. Mais unidades de frio exigem um investimento sério, mas é esse o
caminho. E sabe-se que Portugal só produz 50 ou 40% da maçã que consome. Um
ponto a favor é que, na região, a produção média é boa se comparada com a do
país. Um problema, poderá ser a quantidade de água que a produção necessita. Já
quanto à qualidade – não há dúvidas! Uma outra questão assinalada foi a da importância
da recuperação do odor da maçã de “bravo-de-Esmolfe” – única no país. Também o
azeite poderá ter uma produção e qualidade distintas, tal como o granito – que é
diferente – e cuja exportação se situa entre os 70 eos 80%.
O envolvimento
cultural tem sido uma aposta segura e, embora não tenha sido debatida essa
questão – sou daqueles que pensam poder ganhar-se a organização e consolidação
de uma bienal de artes, exatamente correspondendo ao período temporal da
realização dos encontros da diáspora. É com iniciativas deste género – de algum
modo já “ensaiadas” na Expo-Demo – que mais facilmente se poderá romper a grande muralha exterior do
concelho e da região. Chegar mais longe, chegar aos centros de decisão dos
vários poderes.
António Bondoso
Dezembro de 2012.
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