LUÍS
BONDOSO APARÍCIO…
…Figura
a reter na memória de Moimenta da Beira.
(13 de Janeiro de 1930,
Moimenta da Beira – 23 de Abril de 2014, Lisboa).
Na
minha, por circunstâncias diversas – não apenas familiares. Tal como ele nasci
em Janeiro [embora dia 11 e 20 anos mais tarde]; tal como ele, o chamamento de
África; tal como ele – viria a casar numa igreja denominada de N.S. da Conceição,
eu em S. Tomé e ele em Luanda [embora ele o tenha feito 13 anos antes, mas no
dia 11 de Janeiro – dia do meu nascimento].
Luís Bondoso Aparício faleceu a 23 de
Abril deste ano, a dois dias apenas de se assinalar o 40º aniversário do “25 de
Abril de 1974” – o marco da Liberdade pelo qual lutou desde muito novo,
chegando a ser militante comunista ainda na clandestinidade – numa altura em que
eu me encontrava envolvido num programa comemorativo da efeméride em Moimenta
da Beira.
Jurista, empresário, professor de
Direito – Luís Bondoso Aparício levou Moimenta da Beira para Angola em 1959,
fazendo de Luanda a base de partida e de chegada das suas andanças pelo mundo
dos negócios e pelo amor ao “Bridge”.
Licenciado
em direito em 1956, em Coimbra, nasceu a 13 de Janeiro de 1930, filho de José
de Almeida Leitão [farmacêutico] e de Dinora Veiga Bondoso, Luís era neto
paterno de José de Almeida Leitão Junior/Maria José Baptista e materno de Luiz
Zeferino Bondoso/Luisa d’Almeida Leitão Veiga – meus bisavós paternos. Casou em
Luanda a 11 de Janeiro de 1961, com Deolinda Carmen Pereira Machado, na Igreja
de Jesus – da freguesia de N.S. da Conceição, como já referi.
Depois de consultor jurídico em várias
empresas, quer em Angola, quer em representação de países como o Kenya, os EUA
e a Argélia, o primo Luís desempenhava em 1973 idênticas funções na DTA/TAAG –
tendo exercido nessa data a sua influência para que eu pudesse viajar de Luanda
para S. Tomé, de modo a apresentar-me em tempo oportuno no Quartel onde cumpria
parte do meu serviço militar obrigatório.
E agora,
40 anos depois – numa altura em que o primo Luís nos deixou fisicamente neste
ano de 2014 – Augusto marca um
sentimento de gratidão muito forte à Carmen, mulher com quem Luís Aparício[1]
se havia casado em 1961, em Angola:
É
POSSÍVEL
As
estrelas cintilam porque ardem
Semeando
fogo pela imensidão do universo
Infinito
repouso de quem segue
Procurando
paz
Perseguindo
a vida
Para
além do firmamento das hipóteses.
[1] - Lembrado na edição da
revista Mutamba – do Novo Jornal – de
1 de Agosto de 2014. Competente, íntegro, Mestre dedicado dos Magistrados, são
adjetivos de Eugénio Ferreira – antigo Presidente do Tribunal da Relação de
Luanda. Maria do Carmo Medina, juíza do mesmo tribunal e que viria a ser
nomeada vice-presidente do Tribunal Supremo, refere-se a Luís Bondoso Aparício
como “pertencendo ao pequeníssimo grupo dos cabouqueiros do direito do novo
Estado”. Luís Aparício foi docente na Faculdade de Direito da Universidade de
Agostinho Neto. E nos anos de 1990 trabalhou em Macau no escritório de
Advocacia de Pedro Redinha.
Luís
Bondoso Aparício, de pé – à direita – com os “staffs” da Boeing e da TAAG, em
Seattle.(Fotos gentilmente cedidas por Carmen Aparício).
“Luís Aparício ou Luís Bondoso Aparício”
– exatamente assim referido no seu processo na PIDE, em 1964 [vigiado pelas
suas posições de esquerda desde muito novo], devido a reuniões com vista à
constituição da Associação Jurídica de Angola, nomeadamente com Diógenes
Boavida – foi também, no período colonial, administrador do CTA (Consórcio
Técnico de Aeronáutica), uma empresa de táxis aéreos que se dedicava à
pulverização de campos de algodão e girassol em Angola. Ao serviço dessa
empresa chegou a estar igualmente em S. Tomé. Mas o que mais o motivou [para
além de ganhar torneios de Bridge em Luanda, Lourenço Marques ou Salisbury] foi
o ensino do “Direito” depois da independência de Angola, “quando os recém-licenciados
tinham avidez em aprender” (ver nota 1).
Grande parte deste “texto” completa uma
vasta reflexão à volta das minhas viagens e dos tempos históricos que fui
vivendo, prestes a ser publicada em livro – EM
AGOSTO…A LUZ DO TEU ROSTO! E outras musas e sereias entre viagens. Uma “estória”
que relata o encontro de Moimenta da Beira e de Moncorvo em S. Tomé e Príncipe,
num vai e vem que se prolonga pela descolonização de África e, já no final do
século, tem o seu epílogo em Macau.
E
a surpresa que foi ver ainda numa lista telefónica de 1992, em Macau, o nome de
Luís B. Aparício. Ele que, apesar do breve período na sua experiência a Oriente
[regressou a Portugal devido a problemas graves de saúde], ainda teve tempo
para “aprender” algumas expressões em “Cantonense”. Como o endereço do
escritório de Pedro Redinha [então no Sán Laiwá, sán laivá] ou do Tribunal [Fat Üne] ou até mesmo pedir uma cerveja
[Pet’Chao] e ir ao Mercado [Kai Si] Vermelho comprar o peixe ainda vivo.
Obrigado
– Tó Ché [ou Mecói Sai] – Luís
Bondoso Aparício.
António
Bondoso
António
Bondoso
23
de Agosto de 2014
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