JOÃO PAULO REGO TEIXEIRA – 1927/2011.
Pode dizer-se que não foi apenas a família a perdê-lo. Também S.Tomé e Príncipe perdeu mais um filho. E eu e a minha família um amigo. Tão ilustre quanto humilde, filho do também humilde Camilo José Teixeira, transmontano que aportou à então vila da Trindade nos anos finais do século XIX, “chamado” por um parente estabelecido na vila como comerciante. Camilo não teve a “sorte” que haveria de bafejar um seu compatriota que mais tarde viria a tomar o título de Marquês de Valle Flôr (José Constantino Dias chegou a STP em 1871 – com apenas 16 anos de idade – foi caixeiro na cidade e depois ganhou o título), morreu pobre com 93 anos de idade e já com 65 na Ilha de Nome Santo – um desses que tomam como sua a inexplicável “doença incurável” que é a paixão de certos homens brancos pela África Negra e da “qual” resultaram cinco filhos. A “tal família à moda da terra” que assumiu e cuidou, embora viesse 30 anos depois a casar com a mãe de João Paulo Rego Teixeira, agora chamado a outra viagem para novas ilhas encantadas no meio de um novo oceano imaginadas.
João Paulo Teixeira foi funcionário público desde 1947, sempre em STP, primeiro nos Serviços de Fazenda e Contabilidade – de que viria a ser Director – e tendo depois desempenhado o cargo de Presidente da Câmara Municipal da cidade capital durante os governos de Silva Sebastião.
E só assumiu o cargo (mais serviço público do que verdadeira autarquia), disse-me, para demonstrar ao governador ser possível encontrar alguém no meio local para desempenhar funções que, em geral, eram entregues a pessoas vindas do exterior.
A sua mulher Maria Amélia e aos seus filhos Maria Teresa e António José – ambos igualmente nascidos em S.Tomé – deixo o sentimento da minha amizade.
João Paulo Rego Teixeira, uma das figuras de primeiro plano do meu livro “Escravos do Paraíso” – bem merece a beleza das palavras que ali dirigiu ao governador : “podem as gravanas ser mais tristes, podem as chuvas ser mais pesadas, podem os rios levar menos água, podem os cacaueiros dar menos fruto, que a presença de Vexa nesta terra pela qual tanto fez, continuará”!
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