O PODER E O POEMA viajou de novo até Lisboa.
O PODER E O POEMA viajou de novo até Lisboa.
Dia do Pai, vésperas do Dia Mundial da Poesia, o ponto de
encontro de muitos amigos e dedicados companheiros foi a FNAC do Chiado.
Poesia dita – muita e de forma profunda – música quanto
baste mas de qualidade, e a opinião de quem sabe ler e perceber o caminho dos
livros.
Sílvio Santos a defender a causa da poesia na Editora
Edições Esgotadas, apesar das dificuldades do “mercado”, da juventude da
empresa e da pouca mediatização dos novos autores e dos autores mais novos.
Depois dos agradecimentos que são ponto de honra neste tipo de sessões, a
historiadora e investigadora Celina Veiga de Oliveira apresentou à plateia
interessada a sua “leitura” da obra assinada por António Bondoso, autor já seu
conhecido há alguns anos.
E dividiu a sua ideia em dois segmentos: o ‘poder do
poder’ e o ‘poder do poema’.
No primeiro caso descreve a viagem do autor por Miguel
Torga, Zeca Afonso, Gil Vicente, Sá de Miranda e Camões para “denunciar aspectos
menos nobres do poder” descrevendo-o como sinistro, traiçoeiro, cínico, sem
ética, sem moral. E acrescenta outra característica malévola do poder: “a repulsa
que manifesta pelo escritor, pelo homem de letras que – no dizer de Urbano
Tavares Rodrigues – representa uma destruição de valores culturais e se traduz,
não poucas vezes, em atraso de gerações”. Destaca igualmente – nos tempos duros
do colonialismo – a poesia de Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Alda do Espírito
Santo e Marcelo daVeiga, até à madrugada de Abril.
Analisando de seguida o “poder do poema”, Celina Veiga de
Oliveira coloca no pedestal os poetas da afeição do autor, portugueses e
estrangeiros, passa pelos interesses e ligações poéticas de alguns políticos
portugueses e termina com a poesia como “arma de protesto” – seguindo as
mensagens oferecidas por alguns poemas de António Bondoso, que interpreta
questionando e respondendo como segue: - Há lirismo nesses poemas? Há; Há
esperança? Sem dúvida; Há sonho? Muito; Há inquietação? Também; mas há
igualmente concisão e conteúdo como o haiku
japonês:- «quando o céu não é azul / fecho a porta da alma / e não respiro».
Por último, Celina Veiga de Oliveira escreve sobre o que
considera “o legado maior de O Poder do Poema:- a convicção de que o poema pode
ser irreverente e até revolucionário, chamando a atenção para a interrogação Quando chegará de novo a madrugada?,
para a qual a resposta tem de ser dada por todos nós, tendo em conta “uma das
mensagens mais fortes do livro – “a consciência de que o futuro será uma
realidade construída pelas nossas mãos”!
***** A sessão prosseguiu com interpretações musicais de Tonecas Prazeres, quer em língua portuguesa, quer em língua forra de S.Tomé e Príncipe, e com meia dúzia de poemas (alguns inéditos) ditos com arte e engenho por Glória Chagas, Teresa Bondoso e pelo autor, secundados pelos amigos presentes José Luís (Mendes) Outono e Carlos Fernando Bondoso. Pelo meio, com muito agrado, o visionamento de um vídeo sobre a temática dessa relação desigual entre O PODER E O POEMA, entre os poderes, os poetas e a Poesia.
Que não se cumpra a “profecia” de um velho amigo, segundo a qual “já ninguém ouve os poetas”! Pela minha parte continuarão a ser ouvidos – quer ainda neste, quer nos próximos livros – em sessões que estão previstas para Lavra (Matosinhos), na CulturDança, em Canidelo (V.N.Gaia), e em Faro (Algarve). Pelo menos.
António Bondoso.
Jornalista.
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