É A VIDA E É A MORTE...SEM PONTO FINAL
Foto de A. Bondoso
É
a vida e é a morte – essas coisinhas miúdas, o alfa e o ómega da nossa
existência, a condição da passagem, essa mistura de sentimentos, de saudade, de
memória, de uma lembrança a correr, de uma angústia permanente, de um tempo sem
retorno, de um desfilar de perdidos e achados, de uma romaria às “últimas
moradas” levando flores como símbolo de amor e de amizade, assim como que um
abraço prolongado no tempo que ainda nos resta, é a vida e é a morte – um tempo
outro de saber como somos e o que somos e de onde vimos, pois sem memória não
há história, os dias são assim e com eles devemos viver e aprender como se o
hoje estivesse desligado do amanhã mas não do ontem, um tempo difícil,
perturbador, inquieto, horas de sacrifícios infinitos em que ninguém faz greve
à vida e ninguém faz greve à morte, são caminhos que se estreitam de tanto
sofrer por nós, são estradas que alargam horizontes de tanta alegria por
outros, é a vida e é a morte – um poema interminável, uma relação profunda de
uma beleza sem par, um beijo quente apaixonado ou um coração despedaçado, um
olhar doce e de meiguice talhado, o calor de uma palavra e a ternura de um
toque, as mãos rudes do trabalho e da dignidade mantida, um ombro que ampara a
honra na frescura da manhã, é a vida e é a morte nesta relação constante em que
uma não se queixa e a outra deixa correr, violinos a tocar e um piano de cauda,
melodia harmoniosa de um mundo sempre agitado, percebo mas não aceito tanta
vileza a crescer, quem decide sem ter alma quem obedece sem lamento, homens sem
porte mulheres sem aprumo, é a vida e é a morte – um vai e vem sem recurso, uma
agenda sem os dias a contar coisa nenhuma, um marco de nenhures como sinal
inventado, nunca a terra nunca o sol e nunca a lua souberam, é a vida e é a
morte…
Foto de A. Bondoso
António Bondoso
Jornalista
1 comentário:
Adorei este «alfa e ómega» da existência!
O meu abraço.
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