O sangue assassino
O sangue assassino corre
Nas veias das palavras
Ditas e escritas
Expostas às balas
Oportunas
E de um sentido oportunista
Finamente elaborado.
Tudo se move além do vidro
Onde a fome das ideias
Mata a sede de uma ambição que
Não alcanço.
Tudo se move e se confunde
Numa justiça andarilha
Apressada quanto baste
Tão lenta se necessário
Ora acorda ao som do tempo
Ora dorme em bom descanso.
Prescrevem notas dobradas
Agita-se a turba que vende
Só os eleitos entendem
O que o povo não percebe.
Investigada justiça
À sombra do marmeleiro
Servem-se palavras de sangue
E leva-se a honra primeiro.
É o sangue assassino
A correr desenfreado
Nas veias das palavras ditas
Escritas em sarjetas de mercado.
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António Bondoso
Jornalista
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