A
MINHA RÁDIO HÁ 50 ANOS.
Alguns dos que passaram…ainda me falam de
Rádio.
“A Rádio é um instrumento de Liberdade
porquanto é um apelo permanente à Criatividade”. - Isto digo eu.
Houve um tempo em que, também em Portugal, se podia
citar com orgulho o pensamento do publicitário Bob Schulberg: “Se a televisão
tivesse sido inventada antes, a chegada da radiodifusão teria feito as pessoas
pensarem: - Que maravilhoso que é a Rádio! É como a televisão, só que nem é
preciso olhar!”
Encarar o futuro não pode deixar no esquecimento a importância do passado e, porque as incertezas são imensas, é preciso encarar o presente com muito realismo. Anunciada ciclicamente – televisão, internet, era digital – a morte da “rádio” tem vindo a ser adiada, não por milagre, antes pelo combate e pelo empenho na capacidade de adaptação aos novos tempos. E de muitos que ainda lá trabalham com empenho e com profissionalismo. Mas não bastam as novas tecnologias, não é suficiente “arrumar” tudo ou quase tudo no disco rígido de um moderno computador. É preciso que a rádio volte a estar com as pessoas e que tenha gente dentro! Que seja capaz de pensar e de refletir e que saiba provocar no auditório a capacidade de dialogar, discutir serenamente e reagir aos desafios.
Encarar o futuro não pode deixar no esquecimento a importância do passado e, porque as incertezas são imensas, é preciso encarar o presente com muito realismo. Anunciada ciclicamente – televisão, internet, era digital – a morte da “rádio” tem vindo a ser adiada, não por milagre, antes pelo combate e pelo empenho na capacidade de adaptação aos novos tempos. E de muitos que ainda lá trabalham com empenho e com profissionalismo. Mas não bastam as novas tecnologias, não é suficiente “arrumar” tudo ou quase tudo no disco rígido de um moderno computador. É preciso que a rádio volte a estar com as pessoas e que tenha gente dentro! Que seja capaz de pensar e de refletir e que saiba provocar no auditório a capacidade de dialogar, discutir serenamente e reagir aos desafios.
Não basta que a evolução tecnológica aconteça
e seja bem aproveitada. É fundamental dar-lhe conteúdo. E sonho!
Quando sinto e penso em todas as montanhas que
ainda não subi; em todos os rios que ainda não naveguei; nas matas densas onde
ainda não me aventurei; nos desertos secos de vida qua ainda não dessedentei;
em todas as viagens que ainda preenchem os meus sonhos... e quando sei todos os
sonos que ainda não dormi e em todas as madrugadas a que cheguei atrasado e não
vi nascer o Sol para além do infinito que imagino – mesmo sem ouvir a Onda Curta a
que me habituei no transístor
Sony de nove bandas, companheiro de viagem sempre que saía do país em
reportagem ou em férias.
E neste
ano…como recordo com emoção o início da minha atividade no Rádio Clube de
S.Tomé e Príncipe em finais de 1967. À experiência, primeiro…com retribuição de
250 escudos depois, sempre subindo etapas, aprendendo diariamente com os mais
velhos: Carlos Dias, José Maria Rocha, Victor Dias, Carlos Cardoso, Victor
Nobre, Raúl Cardoso, Daniel Pinho, Manuel Sá, Firmino Bernardo, Mina Malé. Dois
anos depois – e após algumas peripécias – chegava a Emissora Nacional. E novos
camaradas que me foram passando conhecimentos, como Fernando Conde, Sebastião
Fernandes, Guilherme Santos, Manuela Borralho e Maria Emília Michel. Alguns
destes já passaram…mas, para mim, ainda continuam a falar-me de Rádio. Com
serenidade, sem pressas – quantas vezes a pressa é má conselheira – com
entusiasmo, com responsabilidade. E ouço, continuo a escutar. E muitas vezes
não aprecio o que me transmitem. Melhor dizendo – a forma como me transmitem.
Mas há momentos de consolo e de prazer. Felizmente ainda há alguns, que me
chegam sobretudo pelo meu transístor. Ou no automóvel quando viajo.
Sem memória não há História! E depois, como
dizia o jornalista
“Sam Ridley” – investigador criminal na londrina City Radio[1]
- “A rádio não depende de imagens, e essa é uma das razões porque gosto dela. O
olho pode ser um órgão muito enganador”.
13 de Fev. de 2017
António Bondoso
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