ELEIÇÕES EM S. TOMÉ E PRÍNCIPE
Como, à distância, cruzo informações e sentimentos. Mantendo o equilíbrio, controlando as emoções e apelando à serenidade.
Que o ato eleitoral decorra sem incidentes e que os vencedores, sobretudo se houver maioria absoluta, saibam respeitar as minorias. O pior que pode acontecer em democracia...é a DITADURA das maiorias. Um abraço a S. Tomé e Príncipe.
Que o ato eleitoral decorra sem incidentes e que os vencedores, sobretudo se houver maioria absoluta, saibam respeitar as minorias. O pior que pode acontecer em democracia...é a DITADURA das maiorias. Um abraço a S. Tomé e Príncipe.
Foto Téla Nón
Campanha Eleitoral em STP termina em convulsão.
Já é tempo…também em S. Tomé e
Príncipe, de quem governa servir o país e não se servir do Estado.
Ou
de como a distribuição de arroz «fora de tempo», um cantor nigeriano e uma morte
inconveniente podem alterar o sentido de voto nas eleições deste Domingo:
Legislativas, Autárquicas e Regionais no Príncipe.
Sem
sondagens fidedignas que possam indicar uma tendência, veremos até que ponto a
agitação popular dos últimos dias da campanha pode vir a determinar ou
influenciar o comportamento dos 97.274 eleitores, distribuídos por 247 mesas de
voto em todo o país.
A votação decorre entre as 07.00 e as
18.00 horas deste domingo e veremos se o partido atualmente no poder – o ADI de
Patrice Trovoada – vai manter a maioria absoluta, sobretudo tendo em conta a
agitação vivida nos últimos dias e particularmente a morte de um jovem da Roça
de Monte Café, em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas. Tanto
quanto se sabe o Ministério Público já mandou abrir um inquérito e os
intervenientes diretos estarão sob custódia para interrogatório judicial e
subsequentes medidas de coação.
Nem sempre o que parece é, mas
fundamental será que se saiba por que razão o jovem de 34 anos, Onésimo Sacramento,
seria portador de uma arma de fogo quando foi comer a uma barraca; e que se
saiba por que razão, quando interpelado pelas autoridades, se terá posto em
fuga oferecendo resistência; que se saiba por que razão a força policial
foi agressiva com o jovem; e que se saiba se a autópsia terá sido efetuada com
eficácia (4 médicos na presença de um familiar); e se os resultados imediatos serão fiáveis: - a primeira
conclusão é que o jovem futebolista da UDRA poderia ter morrido de congestão.
Não só pelo esforço físico da fuga e da queda a um curso de água na localidade
de Água Cola, próxima da vila de Batepá, na Trindade, onde terá sido apanhado
pela polícia e por elementos da guarda do governo. Ter-se-á sentido mal logo
ali, pelo que terá sido transportado ao Centro de Saúde da Trindade onde já
chegou sem vida. Há contudo outras
informações, concretamente do jornal Téla
Nón, citando populares, segundo as quais o jovem teria
morrido na esquadra policial da Trindade, sendo
posteriormente transportado para o Hospital Ayres de Menezes, na cidade
capital. De facto, segundo outras fontes, o corpo apresentava sinais de
agressão...mas, aparentemente, insuficientes para justificar a morte. Apurar as
responsabilidades, com seriedade, é o desafio que agora se coloca ao Governo, à
Polícia, aos familiares e às pessoas que presenciaram. E, sobretudo, saber
transmitir igualmente com seriedade os factos. As razões de um clima tenso e
intenso estão de facto a montante do que aconteceu na quinta-feira e cabe aos
políticos - a quem governa em 1º lugar - fazer com que tudo seja mais
transparente e mais sério.
É
complicado dizer até que ponto isto afeta a popularidade do governo e do
partido que o suporta...mas afetar, afeta – dizem-me de S. Tomé. Foi uma
campanha tranquila até este incidente e grande a mobilização popular. O ADI
continua com a perceção de que é possível atingir a maioria absoluta dos 55
deputados, mas há quem veja potencialidades nas campanhas do MLSTP/PSD e da
chamada «Coligação» entre o PCD, a UDD e o MDFM. Mas há quem coloque reservas à
capacidade política desta «força», dizendo que as figuras carismáticas dos
partidos praticamente desapareceram, perdendo-se a oportunidade de chamar à
liça figuras como Maria das Neves ou Rafael Branco, mesmo como independentes.
Na
Região Autónoma do Príncipe, há 5.168 eleitores recenseados e concorrem três
candidatos: José Cassandra, atual Presidente do Governo Regional, da União para
Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), que procura um quarto mandato; o
candidato do MLSTP é Luís Prazeres, mais conhecido por “'Kapala”, e depois há
Nestor Umbelina, dissidente da UMPP, que concorre pelo recém-criado Movimento
Verde para o Desenvolvimento do Príncipe.
O processo eleitoral
será acompanhado por missões de observação eleitoral, que já estão no terreno,
nomeadamente uma da CPLP, chefiada pelo antigo ministro dos Negócios
Estrangeiros de Timor-Leste, Zacarias da Costa.
António Bondoso
Jornalista
6 de Outubro de
2018.
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