Decorreu
em Lisboa o II Congresso da Mulher Santomense em Portugal.
Kwa kaba. Kaba zá e foi globalmente muito positivo, apesar de algumas e
naturais lacunas.
Este
II Senson Mwala Santome em Portugal foi
uma iniciativa da Mén Non, que é a Associação das Mulheres Santomenses em
Portugal e teve ajudas importantes da Universidade Lusófona, da Embaixada de
STP em Lisboa, da Plataforma Cafuka e da RDP África.
Em
resumo, Bwa Lumadu- muito bom, apesar
de algumas falhas na organização.
O
III Congresso da Mulher Santomense em Portugal foi marcado para 2020 e no
próximo ano haverá provavelmente uma Conferência, com novas abordagens e sobre
temas mais específicos – de acordo com Fatinha Vera Cruz que é a Presidente da
Mén Non.
Entre
as «lacunas» referidas – situação normal em iniciativas desta envergadura –
esteve a “falta de espaço para debate”. O Congresso foi “panxadu” – muito cheio, com inúmeras intervenções – embora
suavizado por excelentes momentos musicais de Toneca Prazeres. Foram igualmente
recebidas e lidas muitas mensagens de mulheres que viveram a «manifestação de
protesto e luta» do dia 19 de Setembro de 1974 em São Tomé – nomeadamente as de
Maria das Neves, Elisa Barros e Maria do Rosário.
As
considerações e conclusões, diz Fatinha Vera Cruz, vão agora ser compiladas em
relatório com recomendações aos governos de S. Tomé e Príncipe e de Portugal,
relatório que será divulgado oportunamente.
De
acordo com outros olhos e ouvidos deste blogue «Palavras em Viagem», confirma-se
uma reunião globalmente muito positiva com destaque para intervenções de muito
nível – como foram as de Maria Amorim, antiga MNE de S. Tomé e Príncipe e
depois embaixadora do país em Lisboa, com uma análise muito lúcida da situação
presentemente vivida naquele país africano de língua oficial portuguesa, e de
João Viegas, santomense a residir há muitos anos em Portugal, sendo funcionário
da AR. João Viegas recuou à experiência e às vivências do seu tempo nas Ilhas
do Meio do Mundo.
Exatamente
sobre as tradições da mulher santomense, esteve em destaque um painel sobre
«Quinté Glandji» ou «Kinte-Nglandji» [quintal onde as crianças são orientadas
pelos mais velhos], no qual participou Inocência Mata e que foi brilhantemente
moderado por Mutema Cravid. A ideia foi completada por um diálogo cómico e à
moda antiga, tendo sido ainda declamado um poema de Conceição Lima.
Houve
ainda lugar para testemunhos de mulheres de outros países africanos de língua
portuguesa como Cabo Verde, Guiné, Angola e Moçambique – sendo este
representado pela poetisa Elsa de Noronha, há muitos anos a residir em Portugal
e que disse 3 poemas sobre a temática da mulher.
Outra
escritora convidada foi a santomense Olinda Beja – igualmente a viver e a
trabalhar em Portugal há largos anos – mas que não pode estar presente por
motivos ponderosos. Uma mensagem de saudação que enviou ao Congresso [e que me
chegou por intermédio da Milé Albuquerque Veiga] acabou por ser lida por Mena
Teixeira, quase sem tempo, e no texto Olinda Beja diz não ser fácil «falar do
percurso, meu e vosso, que nós, mulheres de São Tomé e Príncipe, temos feito
nesta diáspora, que nos acolheu e acolhe mas onde se encontram sempre pedras no
caminho». Fazendo apelo à coragem, à humildade e à dignidade para que as
mulheres «se imponham nesta senda pedregosa, sem olhar à cor, à religião ou ao
estatuto social», Olinda Beja defende uma luta «de olhos nos olhos, sem
atropelos e sem traições: - Devemos ter sempre em mente que estamos todas no
mesmo barco qualquer que seja o nosso papel na sociedade. Por este motivo não
nos esqueçamos nunca de dar as mãos umas às outras». Após a leitura da mensagem
já não houve tempo para exibir um pequeno “slideshow” sobre a vida e o trabalho
de Olinda Beja – elaborado por alunos da Escola «EB 2.3 de Paço de Sousa»,
depois de um encontro com a escritora em 2015 – um dos muitos que vão
conduzindo Olinda Beja por várias escolas deste país.
Do
mesmo modo foi pena não ter sido exibida e comentada a primeira curta-metragem
de ficção produzida pela Tela Digital Media Group, idealizada e realizada por
Katya Aragão. MINA KIÁ conta a
história de Tónia, uma menina sonhadora que é enviada para casa dos tios na
cidade grande…
António Bondoso
Jornalista
Setembro de
2018.
1 comentário:
Aprender com as falhas e tentar eliminá-las ou pelo menos, minorá-las numa próxima oportunidade.
Os meus parabéns à Men Non e ao António Bondoso, pelo excelente trabalho.
Um grande abraço!
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