NATAL DE FÉ
em «Lugares de Fé»…ou de como a responsabilidade a que nos obriga a «pandemia»
não nos pode provocar maior angústia e demasiada ansiedade. Devemos aceitar que
é um Natal diferente, mas não podemos deixar de celebrar!
E como eu escrevia há dois anos, não pensemos apenas
na «Árvore»!
As
circunstâncias convocam-nos a um maior recolhimento, mas não devemos esquecer a
«magia», por um lado, e a «ação», por outro. Não coloquemos de lado o exercício
repetido do recurso à geografia mundial do sofrimento, da miséria e da
guerra…mas centremo-nos aqui, nas dores do que somos e do que vivemos.
Ouvimos muitas vezes as palavras que
viajam, como o espírito, a alegria, a paz, mas esquecemos frequentemente a
ideia de que o Natal é um tempo solidário e de partilha.
Sem qualquer ponta de demagogia – e ao
contrário de algumas «mensagens» natalícias que já ouvi e li – eu venho
falar-vos dos milhares de árvores despidas e dos milhões de barracas que nem
sequer têm lugar para uma árvore. Venho falar-vos desse símbolo máximo do
consumismo e de um Pai-Natal que só «viaja» em determinadas latitudes, sem
tempo nem espaço para visitar milhões de chaminés frias de vida e vazias de
sentido.
Venho falar-vos também de árvores sem
raízes, praticamente mirradas por falta de um carinho diário. Venho dizer-vos
que os homens esqueceram a boa nova da chegada de Cristo redentor; e
lembrar-vos de que o «presépio», na universalidade da mensagem, não precisa de
musgo nem de «reis magos» mas sim da nossa «presença». Li há dias na Igreja da
freguesia onde nasci que a «Família é um lar de intimidade, um berço de
humanidade», uma ideia extraída da Pastoral da Diocese de Lamego para 2020/21. Pensamento
de enorme alcance, claro. O que me pergunto é…quantos cristãos, entrando ou
saindo da igreja, fazem habitualmente seu esse berço da humanidade, perante o
«outro», olhando à sua volta e tentando perceber a tristeza do «vazio»?
Saibamos olhar, saibamos escutar, saibamos agir. Com Fé!
Dezembro de
2020.
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