2020-12-11

NATAL DE FÉ em «Lugares de Fé»…ou de como a responsabilidade a que nos obriga a «pandemia» não nos pode provocar maior angústia e demasiada ansiedade. Devemos aceitar que é um Natal diferente, mas não podemos deixar de celebrar!


Foto de A.B. 

E como eu escrevia há dois anos, não pensemos apenas na «Árvore»!

As circunstâncias convocam-nos a um maior recolhimento, mas não devemos esquecer a «magia», por um lado, e a «ação», por outro. Não coloquemos de lado o exercício repetido do recurso à geografia mundial do sofrimento, da miséria e da guerra…mas centremo-nos aqui, nas dores do que somos e do que vivemos.

         Ouvimos muitas vezes as palavras que viajam, como o espírito, a alegria, a paz, mas esquecemos frequentemente a ideia de que o Natal é um tempo solidário e de partilha.

         Sem qualquer ponta de demagogia – e ao contrário de algumas «mensagens» natalícias que já ouvi e li – eu venho falar-vos dos milhares de árvores despidas e dos milhões de barracas que nem sequer têm lugar para uma árvore. Venho falar-vos desse símbolo máximo do consumismo e de um Pai-Natal que só «viaja» em determinadas latitudes, sem tempo nem espaço para visitar milhões de chaminés frias de vida e vazias de sentido.

         Venho falar-vos também de árvores sem raízes, praticamente mirradas por falta de um carinho diário. Venho dizer-vos que os homens esqueceram a boa nova da chegada de Cristo redentor; e lembrar-vos de que o «presépio», na universalidade da mensagem, não precisa de musgo nem de «reis magos» mas sim da nossa «presença». Li há dias na Igreja da freguesia onde nasci que a «Família é um lar de intimidade, um berço de humanidade», uma ideia extraída da Pastoral da Diocese de Lamego para 2020/21. Pensamento de enorme alcance, claro. O que me pergunto é…quantos cristãos, entrando ou saindo da igreja, fazem habitualmente seu esse berço da humanidade, perante o «outro», olhando à sua volta e tentando perceber a tristeza do «vazio»?

         Saibamos olhar, saibamos escutar, saibamos agir. Com Fé!



Foto de A. B. 

António Bondoso

Dezembro de 2020. 



 

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