2021-09-07


POESIA ELEITORAL (II) …ou de como as oposições procuram, com uma poética ingenuidade, soprar música para alguns ouvidos incautos. Vai continuar a ser “Uma Campanha Alegre”, como escreveu Eça. E com ELEVAÇÃO, esperemos. E com ÉTICA e CORAGEM, como desejamos.


Foto de A. Bondoso

Diz-se, de forma séria, que a “Política” é a atividade humana, de tipo competitivo, que tem por objeto a conquista e o exercício do poder (...).

(...) De outro modo, com menos “seriedade”, talvez nos recordemos de ler Ambrose Bierce: a política é «uma guerra de interesses mascarada de luta de princípios»; ou ainda John M. Brown: «um reino, povoado apenas por vilões e heróis, no qual tudo é preto ou branco, e o cinzento é uma cor proibida».

Eu não sou adepto do “cinzentismo”…e acredito que é possível e desejável ter convicções e, sobretudo, ter princípios. É possível fazer as coisas deste modo e definir um caminho com ética e com coragem. E de forma clara. Como escrevi já, «Vivemos numa terra onde há pontes que seguram as margens e montanhas que agarram as pedras…Por isso, há momentos em que é fundamental «dar a cara» por ideias e princípios...e participar. Independentemente de todo o ruído que alguns tentem meter na engrenagem».


Serra da Nave - A. Bondoso


      Volto a Eça de Queiroz, em 1871, para lembrar que “Portugal, não tendo princípios, ou não tendo fé nos seus princípios, não pode propriamente ter costumes». E acrescenta que “O homem, à maneira que perde a virilidade de carácter, perde também a individualidade de pensamento. Depois, não tendo de formar o carácter, porque ele lhe é inútil e teria a todo o momento de o vergar; - não tendo de formar uma opinião, porque lhe seria incómoda e teria a todo o momento de a calar – costuma-se a viver sem carácter e sem opinião. Deixa de frequentar as ideias, perde o amor da rectidão. Cai na ignorância e na vileza. Não se respeitando a si, não respeita os outros: mente, atraiçoa, e se chega a medrar, é pela intriga”.

Assim, para não estender muito a escrita e atormentar a paciência de quem lê, deixo mais um poema de minha autoria: 

                                    UMA CERTA IMPUNIDADE

 

Sem vergonha

Mas com protesto.

 

E se há coisa que eu detesto

É perceber que os abutres

Trazidos pela cegonha

Circulam livres

Impunes

Sedentos de sangue

Maldição, feitiçaria,

Desespero enredado

E tão velado.

 

Sem vergonha…

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Em «Terra de Ninguém», 2ª edição, 2020. Edç Esgotadas. Pg 86.

A. Bondoso

Moimenta da Beira

7 Setembro 2021. 




 

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