ÁFRICA PASSOU POR MIM…ou eu Passei por África mais uma vez, com o sentimento à «flor da pele» ou com o sangue a pulsar nas artérias do ser e do viver. Foi no sábado, na Fundação Engº António de Almeida, no Porto, a convite da “Associação África Solidariedade” – uma ONG com o objetivo de «Educar para o Futuro».
Quando me pedem para pensar e falar de África, em qualquer evento, eu gosto de colocar logo em equação um lema deste tipo:
O INTENSO AROMA DAS CORES…E DOS SABORES!
GRÃO A GRÃO... ATÉ AO MAIS ÍNTIMO DA ALMA.
O programa do evento teve certamente palavras ditas e cantadas, experiências partilhadas mas, igualmente, muita poesia africana. E ainda as cores na «roupagem» de um desfile de moda com a preocupação da sustentabilidade ambiental – nomeadamente em sandálias/chinelas confecionadas com matéria de «pneus de automóveis», o que – em Angola – se designa por Londidi ou Loncaco. Tudo isto idealizado e produzido em Portugal pela “8VIKOMO” – uma marca angolana produzida no Norte de Portugal desde 2020. Honorinda (ou Valéria) Manuel, que nos apresentou igualmente roupas confecionadas com tecidos de origens angolana, congolesa, nigeriana e dos países baixos, explicou o sentido da marca «8Vikomo», considerando exatamente a “cultura africana” como a «oitava maravilha» do mundo.
A minha parte teve a ver sobretudo com a condução responsável do programa estabelecido, reservando-me o gosto de selecionar e dizer poesia de alguns Poetas africanos: o angolano Lopito Feijó, de quem fui buscar a sua «POSTURA»; Filinto Elísio, de Cabo Verde, a quem pedi emprestadas as suas palavras «ACERCA DO AMOR»; da portuguesa Regina Correia, com Angola e Cabo Verde na sua «CONJUGAÇÃO DE MAPAS» tive o desplante de dizer o «POEMA I», do capítulo “Geografia Primeira”; e, por último, não pude esquecer o 50º aniversário da independência unilateral da Guiné-Bissau, trazendo a primeiro plano as palavras de Gisela Casimiro, ativista, poetisa, dramaturga, a quem acontecem pessoas que se transformam em poemas. E porque era precisamente «SÁBADO», não coloquei a vida em espera, dizendo com intensidade o poema assim nomeado.
E a música não faltou, como é bom de ver. De ouvir e sentir igualmente. Foi assim que pudemos apreciar a jovialidade e a frescura da jovem Jaissa Sá Nogueira, natural de Cabo Verde, que há já alguns anos chegou a Portugal para estudar Terapia Ocupacional, na Escola Superior de Saúde do Porto mas que, pela sua ambição e persistência, rapidamente chegou à Faculdade de Medicina de Coimbra, faltando apenas um ano para concluir o curso. Para quem não saiba, recordo que a Jaissa Sá Nogueira fez furor há uns tempos no programa The Voice Portugal, da RTP.
A convidada palestrante foi a Dra Avelina Nzinga Luis, vice-cônsul Geral de Angola, no Porto, que lembrou aos presentes uma Angola diferente, hoje, com promessa de futuro, e apelou ao investimento português em Angola, sem esquecer as qualidades do turismo.
Ao Dr Aires Neto, um são-tomense membro da Associação África Solidariedade, coube a tarefa de apresentar os objetivos e os projetos em curso, apelando como sempre à generosidade das parcerias para a conclusão de alguns programas em execução – como por exemplo uma intervenção de fundo na Roça Monte Belo, na ilha de S. Tomé, da autoria do arquiteto são-tomense Escrivanes, antigo bolseiro da Associação, presidida por Elvira Mea.
Apesar de alguns contratempos no cumprimento do programa estabelecido, já não houve oportunidade de percorrer todo o «espaço lusófono». Contudo, foi bem apreciado o artesanato africano ali exposto, particularmente o de Moçambique, curiosamente «vendido» pela são-tomense Dra Maria Jesus, residente no Porto mas exercendo medicina no Hospital de Braga.
E para quem pense que é fácil a vida de um estudante bolseiro africano em Portugal, puro engano. Foi precisamente isso que duas jovens bolseiras – Anete Pereira de STP e Jaissa Sá Nogueira de Cabo Verde testemunharam – e, extra programa, igualmente quis deixar bem claro o Dr. Simão Helena, um ex-bolseiro angolano que, após a licenciatura, regressou a Angola, estando hoje de novo em Portugal para terminar o seu doutoramento.
Um Portugal solidário, no âmbito da sociedade civil, a cumprir a sua parte, sobretudo tendo em conta aquilo que Miguel Torga chamou de «Fraternidade».
África chama sempre por nós e – como disse Mandela - NKOSI SIKELELE i ÁFRICA, o que significa «Senhor, abençoai a África!».
Fotos = gentilmente cedidas pela Professora Lúcia Ferreira.
António Bondoso
Novembro de 2023.
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