DIMENSÃO DO SOM DA CHUVA…
Abafa o silêncio dos que vivem.
O bater incerto das gotas
Violentadas pelo vento
Intimida a borboleta de bater as asas simétricas
Privando os olhos despertos dessa magia das cores
Impede a abelha rainha de voar para as flores
Paralisa na raiz o mais simples pensamento
Corta ao poeta o condão de seguir as suas métricas.
A chuva não rima com nada
Coisa alguma isolada .
Mas quando traz tempestade
Grávida de furacões de tornados e tufões
Fruto de violentos amores
Misto de loucas paixões
Consumidas pelos homens,
Não fica pela metade
Põe a razão inundada.
E apesar da inundação
Cheia de sofrimento
A chuva continua a cair
Inventando esse momento
De um pingo grosso medir
O som épico dessa enorme dimensão
Que todo o silêncio tem
Quando a chuva cai raivosa vazia de tudo
Cheia de nada corpo desnudo.
O som da chuva quando cai
Exalta a revolta húmida dos mortos !
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António Bondoso
2007
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