…ou
a dor antes do tempo – no desaparecimento de Eduardo Costley-White.
Lembro-me de La Palisse quando estas
coisas acontecem…e o Eduardo tinha chegado agora ao meio da vida. Faria 51 anos
em Novembro.
Não o conheci. Apenas tinha agora como
leitura o seu mais recente livro Bom Dia,
Dia, com a chancela das Edições Esgotadas. E fica-me aquela sensação de
que, apesar da sua já vasta obra literária, muito poucos o conheceriam. Vejo no
Facebook.
E vou à página 71 do Bom Dia, Dia – e logo me vem à memória o
grande Almada Negreiros – com a sua Rosa
dos Ventos. Ou Francisco José Tenreiro e o seu Mestiço.
Eduardo, que nasceu em Quelimane,
assume toda a sua mestiçagem e moçambicanidade sem sofismas. Diz claramente
dito:- “por haver um pássaro incendiado dentro do seu grito, do meu pardo
mestiço eu não me demito”. Ele, que “nasceu livre desde o primeiro dia”, é dos
eleitos que já não morrem. Fica a sua obra para realçar o seu talento. Fica a
tristeza de ter partido a meio da vida.
Mas tenho a certeza que terá morrido a
sorrir…aquele sorriso africanamente trocista e a desejar ao mundo um novo Bom Dia, Dia!
Mangwana…
Por isso, deixo ao escritor, ao poeta Eduardo
Costley-White este meu “Quando Eu Morrer”:
QUANDO
EU MORRER! ( A Publicar)
Quando
eu morrer
Quero
que seja a sorrir.
Não
para zombar da morte
Pois
ele há gente sem sorte,
Mas
para lembrar à vida
Que
não vale a pena viver
Se
dela prazer não houver.
Quando
eu morrer
Quero
que seja a sorrir.
E
que seja num dia onze
Para
poupar aos verdugos
De
tanta burocracia
O
fardo de anotar
Diferente
data no óbito.
Quando
eu morrer
Será
certamente a sorrir.
E
a voar
E
a cantar
Ao
silvo do trem das onze
Pra
que ninguém sinta a falta
Da
hora de ver partir.
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António Bondoso ( A Publicar).
António Bondoso
24 de Agosto de 2014
2 comentários:
Adorei o seu poema, António. Não conhecia o Eduardo mas, fiquei curiosa.
O poema não nasceu por causa do Eduardo. Já existia. Eu é que aproveitei a circunstância. Obrigado pelo comentário. Bjs.
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