A
FORÇA DO “MENSAGEIRO”…
Foto de A.Bondoso
A
FORÇA DO “MENSAGEIRO”…
…ou a energia do “morto”!
Ontem, ou mesmo antes, havia decidido escrever sobre a
monotonia e a falta de energia da (não) mensagem do PR. Para além dos defeitos
apontados, acresce que a narrativa do inquilino de Belém foi incapaz de
transmitir uma réstia de esperança, incapaz de mostrar inconformismo, incapaz
de motivar.
Completamente rendido.
Pelo menos dizer-nos com garra e com algum sentido de
liderança, como repete Kevin Costner – exatamente o protagonista do filme que
passou mais uma vez numa das nossas TVs – a célebre frase “Shakspeariana” -
«pelo menos morreremos sem os arreios nas costas». Poderemos estar em pobreza
extrema, quase na miséria; o desemprego a níveis nunca vistos; a emigração
forçada como nunca…mas, convenhamos, ninguém se sente motivado a “reagir”
ouvindo a cassete riscada do “compromisso”.
O inquilino de Belém foi um fraco mensageiro…e eu sei que,
apesar de tudo, não se deve matar o mensageiro. Mas, sinceramente, é preciso
outro tipo de discurso. Mesmo eivado de utopia perante um cenário apocalítico.
Curiosamente,
saltou-me à vista hoje no JN – não sei se em forma de editorial, embora esteja
assinado pelo Diretor – um artigo de opinião em que o autor vai buscar o drama “A
birra do morto”, de Vicente Sanches, para enfatizar a sua tese de que o atual
inquilino de Belém não está morto:
“O segredo, guardado para o fim, está em saber qual é a maior birra: se a do morto que não quer ser enterrado, se a de quantos à volta já lhe atiram pazadas em cima”.
“O segredo, guardado para o fim, está em saber qual é a maior birra: se a do morto que não quer ser enterrado, se a de quantos à volta já lhe atiram pazadas em cima”.
E que, acrescenta, para além de não
estar morto – o atual PR vai mesmo “condicionar a constituição de qualquer novo
governo. Eis o poder de um Presidente”.
Nada nesta vida política (à) portuguesa
é impossível…e pode mesmo acontecer que o tal inquilino, num último esforço de
prova de vida, vá por esse caminho. Contudo, para quem teve – até agora – uma leitura
absolutamente restritiva dos poderes presidenciais, não me parece que o “morto”
possa ir muito mais além, sob pena de bloquear o funcionamento das
instituições, iniciativa que ele sempre tem recusado.
De acordo com o artigo 133º da CRP, uma
das suas competências (alínea f) é nomear o Primeiro Ministro nos termos do nº1
do artigo 187º que preceitua exatamente isto: - 1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo
Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da
República e tendo em conta os resultados eleitorais.
Tudo o que se possa especular para além
disto é, a esta distância do próximo ato eleitoral, um exercício de leituras e
de desejos. Só mesmo depois das eleições é que se pode encontrar um caminho. E
ele será encontrado, independentemente de saber se o «mensageiro» está mais
morto que vivo!
António Bondoso
Jornalista
Jan.2015
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