O
IMPORTANTE É CONTINUAR A REVOLUÇÃO HOJE:
Um abril todos os dias...
...Um 25 sempre! Também em Moimenta da Beira.
Foto de Ant. Bondoso
Quarenta e dois anos depois de 1974, é
gratificante perceber que ainda há imaginação para não repetir ideias. Sendo certo
que em 2016 há dois aspetos motivadores – os 40 anos da Constituição da
República Portuguesa e os 40 anos do Poder Local Democrático – em Moimenta da
Beira não faltaram vozes para chamar a atenção para graves problemas que o país
e o mundo vão enfrentando nos dias que correm.
A liberdade foi um tema recorrente,
claro – não sendo embora um dado adquirido – destacando-se a liberdade de
expressão, assunto apropriado para o tributo que o município decidiu prestar
aos escritores do concelho, na casa que leva o nome do grande Afonso Ribeiro na
sua terra natal, a Vila da Rua.
Foto de Ant. Bondoso
Tudo
começou no salão nobre da Câmara Municipal onde Alcides Sarmento, presidente da
Assembleia Municipal, deu o mote, seguindo-se representantes da CDU e do PSD a
destacar a CRP, o 1º de Maio que aí vem, a coragem, a esperança e o interior
assimétrico. Celebrar Abril, foi dito, é fazer o que ainda não foi feito. E a
sessão terminou com o Presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, a
salientar o significado de poder contar com todos os “escritores” – mesmo com
os que não podem deslocar-se com frequência. Tivemos ontem e continuamos a ter
hoje escritores notáveis – disse. E depois de passar pelos princípios e pelos
valores democráticos que enformam a CRP, José Eduardo pormenorizou três grandes
problemas que afetam o nosso presente – introduzindo a ideia de que ninguém
vive só e que o isolacionismo não dá frutos, apenas conduz a maus resultados.
Em primeiro lugar a questão da “crise das migrações”, não sendo possível que a “Europa”
continue calada. É preciso voltar aos velhos valores da Europa – destacou –
para ultrapassar o “radicalismo” que se instalou, baseado na falta de respostas
das Sociedades organizadas. Por último, um grito de alerta para os
constrangimentos que afetam os regimes democráticos, como é o caso do problema
da natalidade que é fundamental solucionar a curto prazo, a fim de que não
atinja o sinal de tragédia em 2050.
Foto de Ant. Bondoso
Depois
do almoço, simpática e profissionalmente servido na sala maior da Associação Cultural
e Recreativa da Vila da Rua, o espaço-museu de Afonso Ribeiro recebeu populares,
políticos, jornalistas e escritores para cumprir a programada e anunciada
tertúlia. Dos atuais aos muito justamente apelidados de “nossos maiores”,
falou-se naturalmente de Afonso Ribeiro, na presença de sua filha Lígia.
Rodrigues Vaz recordou um percurso notável do neo realista que em 1938 publicou
Ilusão na Morte – uma “obra de arte”
na opinião de João Pedro de Andrade, na revista Sol Nascente, uma das muitas em que Afonso Ribeiro colaborou.
Igualmente um percurso de combate em África – Moçambique – para onde o autor
emigrou nos anos de 1950 e onde viria a conviver de perto com António de
Almeida Santos, tendo ali editado a revista Itinerário.
Afonso
Ribeiro dizia que a Literatura era um instrumento de atuação social, lembrando
por exemplo que
Falar do homem do campo, do trabalhador da terra e
esquecer as suas angústias inconfessadas, seus músculos doridos, seu olhar triste da tristeza horrível que nada aguarda, nada! - parece-me feio embuste.
esquecer as suas angústias inconfessadas, seus músculos doridos, seu olhar triste da tristeza horrível que nada aguarda, nada! - parece-me feio embuste.
Foto de Ant. Bondoso
António Bondoso
Jornalista
Abril de 2016
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