2016-04-14

EPISÓDIOS DA VIDA...E DA MORTE!

José Bondoso e a mulher Isabel

JOSÉ BONDOSO
Assim, tal e qual, só um nome e o apelido – era preciso poupar no registo – tal como os irmãos, todos filhos de Maria José Andrade e de António de Almeida Bondoso, à exceção do mais novo que viria a ter direito ao sobrenome da mãe.
José Bondoso, que ia a caminho do 95º aniversário e foi um aficionado da caça e do “tiro aos pratos”, cedo rumou ao calor africano chegando a S. Tomé em 1949. De noite, como me recordou há uns anos, e com carta de chamada de sua irmã Palmira e cunhado Honorato Cardoso, que viviam e trabalhavam na Trindade. Ali perto ficava a Roça Monte Café, seu destino inicial. Contudo, acabaria por ficar na cidade capital da Ilha a exercer o seu ofício de barbeiro numa casa que mais tarde arrendaria por mil escudos mensais ao proprietário Mota.
Na sua qualidade de barbeiro, dizia-me, ia ao palácio para cortar o cabelo ao governador Gorgulho*. E só o cabelo, pois a barba fazia-a o próprio. José Bondoso tratou da imagem igualmente ao governador Abrantes do Amaral e algumas vezes conversou com o Dr. Palma Carlos, quando este lá esteve a investigar os acontecimentos relacionados com o “massacre do Batepá” em 1953.
José Bondoso exerceu a sua profissão em S. Tomé até regressar a Portugal em 1974 na sequência do processo de descolonização. A caça nunca deixou de ser uma paixão, chegando ao ponto de – na conversa – se esquecer de mexer o açúcar na chávena do café. E havia também o charuto, indispensável.
Sportinguista fiel, José Bondoso ainda praticou futebol nas Ilhas do Meio do Mundo, uma tendência que já levava de Moimenta da Beira. Aqui, a sua fidelidade ao clube de Lisboa era tal...que se recusava a vestir a camisola azul de riscas brancas do CDR. Jogava sempre com uma camisola diferente.
No seu regresso a Portugal, o meu tio envolveu-se com idêntica paixão nos meandros políticos, chegando a desempenhar alguns cargos no âmbito municipal.
Aos filhos e netos que deixa, tal como genro e noras, o meu particular abraço.
* (Do livro ESCRAVOS DO PARAÍSO, 2005. António Bondoso e MinervaCoimbra). 

Foto do CDR
José Bondoso - o 2º, de pé, a contar da esquerda 
António Bondoso
14 de Abril de 2016

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