NUNCA DEIXEI DE O TRATAR POR "PRESIDENTE".
Foto de A. Bondoso
RAMALHO
EANES – 40 ANOS DA ELEIÇÃO.
Sei
que o “Presidente” não gosta de elogios, sobretudo quando são fáceis e de forma
exagerada. Como parece ser o caso destes dias.
Mas
este meu “escrito” não trata apenas de mencionar elogios. E seria tão simples. Por
motivos diversos. Até pelo seu humor.
Porque
me demonstrou amizade em alturas de adversidade. Porque me convidou a integrar
a sua comitiva quando visitou S. Tomé e Príncipe em 1984 – país que nunca
deixará de ser a terra onde cresci desde os 3 anos de idade e me fiz homem; porque
desde sempre percebeu a importância da independência da comunicação social e,
por consequência, dos jornalistas – respondendo sem hesitações a um convite meu
para conhecer as instalações da RDP no Porto (por alturas de mais uma
comemoração do 10 de Junho) quando a afirmação do nosso trabalho não era fácil.
Também porque sempre esteve disponível para me ouvir e para conversarmos sobre
a evolução da vida política, social ou económica do país. Ramalho Eanes foi
sempre, não só para mim, uma voz autorizada.
Por
outro lado, com estas breves palavras, pretendo igualmente destacar as
capacidades de António Ramalho Eanes nos chamados tempos das “impossibilidades”.
Primeiro, a quase impossibilidade de fazer vingar este país à beira-mar
plantado depois do traumático – por tardio e atabalhoado – mas inevitável processo
de descolonização. E depois, pela sua visão atempada de reconhecer os
benefícios da normalização do relacionamento com os novos países de língua
portuguesa saídos desse mesmo processo. Foi o caso do chamado “espírito de
Bissau”, quando em 1978 conseguiu, com Agostinho Neto, relançar o convívio das
nações. Não só com Angola, país com o qual foi então assinado um importante Acordo
Geral de Cooperação, exatamente uma semana depois de Angola ter aberto a sua
Embaixada em Lisboa. O ano seguinte seria de consolidação do relacionamento,
mas depois assistimos a uma nova, embora mais “suave”, travessia do deserto. Que
ainda não terminou, apesar de ambos os países integrarem a CPLP desde 1996.
Portanto
e por tudo isto, o meu elogio seria fácil. Mas ele sabe que escrevo o que me
dita o coração. Não precisamos de intermediários. Assim, aqui lhe deixo mais um
grande abraço, extensivo a toda a sua Família e, em particular, à sua mulher
Manuela por quem nutro grande estima e simpatia.
António
Bondoso
27
de Junho de 2016.
Foto de A. Bondoso
Jornalista
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