ANTES QUE SEJA TARDE...OU COMO VALORIZAR O QUE JÁ GANHÁMOS NESTE EUROPEU DE FUTEBOL
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ANTES
QUE SEJA TARDE.
Aconteça
seja o que for no jogo da final do Euro, em Paris, Portugal e os portugueses já
ganharam muito neste verão de 2016. Para além do orgulho de participar num
momento decisivo – neste caso a ver com o futebol – os selecionados, pelo seu
comportamento vitorioso [mesmo reconhecendo que o futebol praticado não foi
espetacular], deram a conhecer ao país uma diáspora ímpar. Particularmente a de
França…mas não só. Permitiram, por outro lado, ficarmos a conhecer
manifestações de carinho e de apoio um pouco por todo o espaço lusófono, não
podendo esquecer as imagens que nos chegaram de Timor-Leste. É caso para ter a
autoestima em alta. E a Fé. E a Esperança. E a Crença. Um ganho acrescido,
tendo particularmente em atenção as angústias, as frustrações, o desespero, o
desânimo, as humilhações a que temos vindo a ser sujeitos nos últimos anos.
Por
isso, devemos assistir ao jogo com a máxima tranquilidade – independentemente de
não abdicarmos da nossa tradicional energia latina – aceitando o resultado,
qualquer que ele seja, e sem pretender ter a tentação de responder às
provocações de alguns atávicos, incultos e chauvinistas de outros países, pois
esses ataques não têm tido origem apenas na França. Deve prevalecer a nossa
matriz multicultural que, sobretudo hoje, nos coloca numa elevada consideração
em todo o mundo. E depois, há que ter sempre presente que o futebol não é uma
ciência exata, existindo uma série de imponderáveis que conduzem a um de três
resultados possíveis. Portanto, sabendo e aceitando as condicionantes do
fenómeno, devemos manifestar serenidade, cordialidade e respeito, independentemente
de não dispensarmos os gritos de apoio aos jogadores portugueses ou o nosso
protesto sobre uma decisão do árbitro. E creio mesmo que devemos até festejar o
simples facto de termos participado na final do torneio.
Escrevo
isto, antes que seja tarde.
Sem
pretender calar a euforia e a alegria que envolvem uma final [confesso não ter
qualquer bandeira pendurada na janela, pois o meu apoio vai muito para além
disso], quero apenas significar que, a esse estado de alma, não poderá
seguir-se a desilusão, não poderemos entrar em depressão se o resultado for
negativo. Tem acontecido inúmeras vezes, é certo. A verificar-se de novo, não
será a última seguramente. Por isso, e antes que seja tarde, mantenhamos a
autoestima em alta. Independentemente do resultado do jogo, independentemente
da saída do Reino Unido da UE, independentemente de haver sanções dessa mesma UE
ao nosso país. A construção da UE tem sido referida como um exemplo no concerto
das nações, mas seguramente não é esse o sentimento que hoje prevalece no
relacionamento entre os dirigentes tecnocratas de Bruxelas e os povos dos
Estados-Membros.
Antes
que seja tarde – força Portugal!
Antes
que seja tarde – viva Portugal!
Já
ganhámos muito. Ainda temos muito para ganhar!
António
Bondoso
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António BondosoJornalista
Julho de 2016.
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