S. TOMÉ E PRÍNCIPE EM DIA DE
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
É
meu uso e costume acompanhar – ou pelo menos prestar alguma atenção – ao que se
passa em S. Tomé e Príncipe. Desde sempre e por motivos diversos…e os amigos mais
chegados sabem bem do que eu estou a
falar. Apesar da distância, embora esse fator possa condicionar alguns
pontos de vista.
Não
me movem questões partidárias, como é evidente. Mas a Política, enquanto parte
essencial das movimentações sociais, económicas e culturais, é um tema a que
não posso fugir.
Apesar
de falar com amigos afetos aos mais diversos quadrantes, apesar de ler e tentar
perceber o que vai passando nas redes sociais, tenho por feitio abordar
qualquer temática por um prisma que envolva as pessoas e a cultura.
A
São Lima, que eu conheci como jovem e perspicaz jornalista e que rápida mas
seguramente caminhou para o patamar de uma grande senhora das letras,
distinguindo-se como Poetisa, desafiou em tempos os conterrâneos a ousar despedir o estigma do medo e dos
preconceitos que ameaçam tolher-nos as asas e a repensar no nosso modo de olhar
e de nos olharmos, sem jamais nos renegarmos, porque somos. Quanto mais
cedo os são-tomenses forem por aí, melhor. Mas o caso é que tudo vai caminhando
devagar, devagarinho. Há muita impaciência, claro, e isso nota-se no dia a dia.
Outro
companheiro de profissão e homem da cultura igualmente é o Frederico Gustavo
dos Anjos. Muitas vezes tem sido ele a esclarecer-me sobre os olhares que vão condicionando
a perceção sobre o que se passa no país. E agora, mais uma vez, não foi exceção.
Coloquei-lhe algumas breves questões e ele, apesar da desilusão que o consome, não se furtou a responder:
***** Na tua opinião, o que se poderá considerar
verdadeiramente como NOVIDADE nestas eleições Presidenciais (para além do facto
de haver uma mulher candidata e da recandidatura de Pinto da Costa)?
FGA ==== Opinião
muito íntima:
1- A campanha começou há muito tempo; com órgãos de comunicação social
"intimidados" ao serviço da propaganda do Governo e do partido que o
sustenta; com a administração pública "amedrontada" por ameaças de
despedimento.
2- Sobre os acontecimentos dos últimos 15 dias: tudo em torno da
necessidade de estabilidade. Mas para o ADI só haverá estabilidade com o seu
candidato porque os outros seriam ameaça à continuação do actual Governo. (Se
entendes isso seria a "novidade").
***** Uma Campanha pode ser ESCLARECEDORA com ausência de
debates?
Nenhuma Instituição
"independente" (como a Universidade Lusíada, por
ex), foi capaz de
promover um debate?
A ausência da Rádio e
da TV (Públicas) ter-se-á devido apenas à falta de
meios operacionais? Ou
não houve vontade e capacidade?
FGA ====
3- De resto fomos assistindo na comunicação social ao cortejo
de realizações (?) do Governo que supostamente precisam ter continuidade.
(Nesse quadro não lhes interessava que houvesse qualquer debate).
***** Houve sondagens regulares? Ou apenas se pôde ver a
mobilização de rua nos comícios? E houve "ELEVAÇÃO" no discurso
político?
FGA ====
4-O candidato do ADI ficou ofuscado ao longo de toda a campanha pela
presença do Chefe do Governo que se comportou como se fosse ele o candidato.
(Pessoalmente não esperava outro espectáculo!).
*****O que pode esperar o país destas eleições? Mais
INSTABILIDADE?
FGA
====
5-Os que querem o poder a qualquer preço andam a investir muito dinheiro
(segundo consta!) e a fazer muitas promessas
.6-Pessoalmente não votaria neles sob nenhuma condição!
7-Esperemos para ver o que acontece no domingo.
***** Vamos esperar para ver. Sem medos, sem preconceitos,
sem estigmas. E que a escolha seja livre! E possa fazer sentido no que respeita
ao futuro. Já não faltam muitas horas para sabermos. Um bom domingo para todos
os são-tomenses, em democracia!
António Bondoso
Jornalista
17 de Julho de 2016.
Safú
E enquanto não sabemos o resultado da votação, é muito natural que haja um certo impasse. Por isso vos revelo hoje um poema inédito:
IMPASSE
SUBTIL….
Se adormeço
Não estou vivo
Se apareço
Não consigo
Decidir se vale a pena
Permanecer neste impasse.
E com tanta indecisão
Voltamos sempre ao começo:
Eu sou, estou mas não quero
Sonhar sonhos impossíveis
E nem sequer reconheço
Que tudo seria simples
Por muito que me custasse.
Pareço estar entorpecido
Subtilmente adormecido.
==== António Bondoso
Maio 2015.
Fruta-pão
António Bondoso
Jornalista
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