NATAL - UMA QUADRA DE SIGNIFICADOS MAL PERCEBIDOS. A CRISE NÃO ACABOU...APESAR DAS MARATONAS AOS CENTROS COMERCIAIS.
QUANDO DECIDIRMOS FALAR DE NATAL…
FALEMOS DE JUSTIÇA E DE AMOR.
De amor, seja o que for que entendamos
pelo conceito: solidário, disponível, amigo, atento, presente, carinhoso,
paciente, compreensivo, alegre, sorridente, ouvinte, confidente, partilhado,
arejado.
Não
me venham falar de Natal, quando a miséria, a pobreza, a desigualdade entre os
indivíduos dos diferentes troncos da raça humana se acentua; não me falem de
Natal quando os “donos disto tudo”, banqueiros e mercados sem rosto, somam cada
vez mais às suas fortunas roubando o produto de quem trabalha e de quem já
trabalhou; não me falem de Natal quando os jovens não têm futuro na terra onde
nasceram; não me venham falar de Natal quando as migrações são cada vez mais
forçadas por situações de conflito social, de guerra e de perseguições
políticas – da Síria ao Sudão, da Líbia ao Iraque, da Sérvia ao Kosovo, da
Albânia à Turquia, do Líbano a Israel, da Rússia à Palestina, do Paquistão à
Índia, da Indonésia às Filipinas, da China ao Tibete, do México aos Estados
Unidos, da Alemanha à Hungria, do Congo ao Chade, do Mali ao Iémen, da Tunísia
ao Burquina Faso, de Angola ao Zimbabwe, do Brasil à Venezuela. Não me falem de
Natal quando as crianças em todo o mundo são violentadas pela fome e pela
escravidão.
Não
me falem de Natal sem referir Justiça, sem lembrar o sacrifício de Jesus Cristo
– esse mesmo cujo nascimento celebramos há séculos por esta altura, o que nada
tem a ver com a figura do Pai Natal fabricada pela Coca-Cola – e do Papa
Francisco que, com muita coragem e com muita persistência, nos tem devolvido
alguma esperança e muita Fé.
Não
me falem de Natal, quando ver morrer jovens à porta dos hospitais começa a
tornar-se moda, tendo por base cortes orçamentais absurdos. E dos mais velhos
nem vale a pena falar, aumentando as situações críticas já mesmo à porta das
farmácias – quando não, até da porta de suas casas. Não me venham falar de
Natal quando os avós e os pais já não conseguem – em cada dia – fazer face ao
desespero dos filhos. Não me falem de Natal, quando há situações diárias de
pais e filhos desavindos. Não me venham falar de Natal, quando há escolas que
não funcionam por falta de verbas. Não me falem de Natal quando a violência
doméstica é cada vez mais comum; não me falem de Natal quando os vizinhos se
agridem por uma flor de jardim ou por um arbusto saído; não me venham falar de
Natal quando as alterações climáticas – resultado sobretudo das ambições
desmedidas do “homem” – conduzem à morte do nosso planeta a um ritmo
assustador.
Não me venham falar de Natal apenas em
Dezembro.
Falem-me de Justiça, de Cristo e de
Consciências Iluminadas.
Enviei,
aceitei e retribuí mensagens de Boas Festas. Sobretudo para os amigos que muito
considero. Mas não me falem de Natal, quando percebo nesses gestos apenas uma
circunstância de moda. Não me venham falar de Natal quando se consomem fortunas
em decorações de rua e nas casas de cada um, apenas para umas horas de mesa e
de companhia desfeita; não me falem de Natal quando o consumismo se concentra
em figuras como a Popota ou como a Leopoldina. Não me venham falar de Natal,
quando as compras e as trocas de presentes são a razão única de estabelecer um
convívio de amigos e de famílias.
Não me venham falar de Natal…por tudo
isto!
Falem-me de Amizade presente e
desinteressada, falem-me de Justiça, dos verdadeiros valores do humanismo. O
Natal é isto: Paz em todos os habitantes do planeta e amor – seja o que for que
entendamos pelo conceito: solidário, disponível, amigo, atento, presente, carinhoso,
paciente, compreensivo, alegre, sorridente, ouvinte, confidente, partilhado,
arejado.
Dezembro de 2016
António Bondoso
Jornalista
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