Mais
uma vez, neste dia, deixai-me ser criança. Melhor dizendo, deixai-me ter os
sonhos de criança.
É
com eles que valorizo a minha velhice, é com eles que me revejo nos filhos que
tenho, é com eles que prossigo esperando no futuro. Só fará sentido, esse futuro,
se houver crianças…e se cada criança puder sonhar para além da sua condição de
ser criança.
Estou
cansado, como o cavalo de uma história interminável. Então – disseram – se o
cavalo está cansado deve ir para a cavalariça. E é lá que estou, nos sonhos da
criança que ainda sou. Deitado na palha acolhedora, à espera do final do sonho
e do conto.
É
que, quando eu era criança, não sabia a liberdade para além da Serra da Nave.
Mas ainda criança…pude sonhar e viver a liberdade para além do horizonte da
Ilha Grande.
E
quando tu eras criança, pudeste receber a alegria de uma herança universal. Que
ela possa perdurar.
António
Bondoso.
1
de Junho de 2020.
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