NOS 75 ANOS DA «ONU»…a “prenda” mais significativa seria o projeto de uma «nova ordem internacional», a qual exige uma rutura profunda com os paragdigmas do século XX. E para mudar o mundo é fundamental que o capitalismo selvagem e a globalização desumanizada, que geram a pobreza e a miséria, não possam ter lugar nessa NOI.
Imagem da WebComo escrevia Adriano Moreira em 2009, “Entrámos numa época de tempo tríbulo, em que a sobrevivência dos conceitos clássicos do passado tende para puramente virtual; em que o presente não encontrou categorias racionalizantes do processo que por isso se desenha anárquico; em que o futuro está nimbado de incerteza, refractário a ser apreendido por uma futurologia confiável.
A ONU que hoje conhecemos, resultado da «Carta de São Francisco», de 26 de Junho de 1945, e que começaria a funcionar formalmente em Outubro seguinte, já não responde com eficácia aos problemas do nosso tempo. A “segurança” do planeta ainda é entendida, sobretudo, no que toca a conflitos armados em grande escala, esquecendo os novos desafios que se colocam nos campos da saúde e das oscilações climáticas. É verdade que as «guerras» se vão multiplicando. E já não há apenas uma “guerra fria” opondo particularmente dois «blocos». Após a implosão da URSS apareceu a hegemonia dos EUA – arvorados em “polícia do mundo” – mas depois a China foi avançando, primeiro economicamente mas sempre militarmente, enquanto os americanos, particularmente nesta última década, caminham para o isolacionismo, abdicando da intervenção em pontos cruciais do globo e do seu papel determinante em temas tão complexos quanto decisivos para o futuro da humanidade.
Sendo certo que António Guterres,
apesar de todas as dificuldades do mandato, conseguiu agilizar/reformar a
arquitetura de paz e segurança para assegurar maior prevenção e mais eficácia e
menos custos nas operações de manutenção da paz, também é verdade que as «grandes
potências» que preenchem o CS não facilitaram a tarefa. Os EUA, sobretudo,
menorizaram o papel da Organização – nomeadamente fechando as portas à UNESCO e
à OMS, já para não falar do comportamento vergonhoso perante as questões do
clima.
Portanto, é imperioso criar uma Nova Ordem Internacional focada na justiça e na solidariedade…ou então poderemos assistir – agora sim – ao início do «Fim da História». Não o previsto há uns anos por Fukuyama, a propósito da implosão da URSS e do chamado Bloco de Leste, mas o fim das relações humanas tal como as conhecemos até há poucos meses.
Imagem da WebPara
isso, também, é fundamental o fortalecimento da União Europeia no sentido de
impor a Alemanha a um Conselho de Segurança renovado e ampliado, provavelmente
com a Índia, a África do Sul, a Austrália ou mesmo o Brasil. Neste caso, seria
crucial que – finalmente – a CPLP soubesse enriquecer o seu potencial.
António
Bondoso
25
de Outubro de 2020.
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