É o caso da obra “IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA E MONARQUIA DO NORTE (Ocorrências e Vivências em São Pedro do Sul)”, da autoria de Eduardo Nuno Oliveira, prefaciada pelo Professor jubilado da Universidade de Coimbra, Amadeu Carvalho Homem.
JOSÉ
MATTOSO…o homem que soube estudar e pensar o «tempo» da História e que sobre
ela lançou “Um olhar que reconhece o movimento e as mutações, sem que a
diferença de tempo altere a identidade”, embora – como disse um dia à TSF – a História nos convide “a viver
com as incomodidades daí decorrentes e a tentar
tirar delas algum partido".
José Mattoso, talvez o último dos «grandes pensadores e batalhadores» da historiografia portuguesa, herdeiro das «verdades» de Fernão Lopes, Herculano, Cortesão, Joel Serrão, Magalhães Godinho e Oliveira Marques, em tempos entrevistado pela LUSA, esclareceu que "Mais do que exaltar a Pátria, interessa-me o relacionamento dos Portugueses uns com os outros".
Talvez por isso tenha escrito e feito publicar em 2020 “A HISTÓRIA CONTEMPLATIVA”, sobre a qual recomenda «um olhar atento, global, pacífico, não interventivo», nela se destacando textos de palestras e de artigos datados de 1996 a 2013.
Para além dos média de grande circulação que deram relevo ao pensamento de Mattoso, neste dia em que nos deixou fisicamente, há que distinguir também – como referi – esse prefácio de Amadeu Carvalho Homem à obra citada do «São-pedrense» Eduardo Nuno Oliveira.
Para chegar ao elogio a Mattoso, Carvalho Homem vai buscar a valiosa geração que ajudou a «construir» o “Dicionário de História de Portugal”, orientado e coordenado por Joel Serrão, considerando a obra como um dos cadinhos em que se geraram os estudiosos da História da sua geração, “…ou seja, daquela que irá integrar um novo – e, para já, último – grande momento de afirmação da historiografia portuguesa”. Estamos a referir-nos, diz, “aos oito volumes que constituem a História de Portugal, publicada sob a orientação científica de José Mattoso”. Não querendo citar, por modéstia e sem narcisismo, os nomes dos colaboradores de Mattoso nessa empreitada de enorme fôlego (figuras do pós 25de Abril) – não sendo difícil perceber que o seu está incluído – Carvalho Homem segue dizendo que “…não será um excesso declarar que as raízes da identidade portuguesa e o perfil da nossa medievalidade ficaram mais cabalmente esclarecidos através do pensamento de José Mattoso; que a modernidade e a epopeia ou saga dos descobrimentos portugueses foram finalmente expostas sem o lastro apologético nacionalista, próprio da historiografia do Estado Novo; e ainda que os grandes sistemas económicos e político-ideológicos do liberalismo, do republicanismo e do socialismo em Portugal foram aí apresentados com a serenidade crítica adequada às tarefas historiográficas”.
GRANDES HISTORIADORES E ÓRFÃOS DA
HISTORIOGRAFIA PORTUGUESA, a propósito da «partida» de JOSÉ MATTOSO, figura que
não deve ser confundida com os chamados “manipuladores do Tempo”.
António Bondoso
8 de Julho de 2023.
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