2023-12-07

HAJA DECORO.

Anda todo o «mundo» preocupado com as «gémeas» e, talvez por isso, a maior parte dos cidadãos deste «habitáculo» à beira-mar plantado ainda não tenha percebido que estamos já em campanha eleitoral.

                                                              Foto de António Bondoso
 

E nestas circunstâncias, para alguns partidos (das oposições, naturalmente) o que interessa é o espetáculo dos e nos média. Infelizmente não é de agora. É desde sempre! O Parlamento – ou a AR – é, então, o palco ideal.

         Podemos tomar como exemplo UMA CAMAPANHA ALEGRE, de Eça, que escrevia em 1871: “A Câmara (tomemos a actual, para exemplo) não tem princípios, nem ideias, nem consciência, nem independência, nem patriotismo, nem ciência, nem eloquência, nem seriedade.” E sobre esta última particularizava: “Quem não viu uma sessão? O sussurro, o barulho, a confusão são perpétuos. (…) As questões pessoais estão constantemente na ordem do dia. Voam os desmentidos. Fervilham as injúrias. Nos momentos mais serenos é a graçola e a troca. E das galerias o público assiste, ora indignado ora divertido, ao espectáculo sem igual”.

                                                              Foto de António Bondoso

         É mais ou menos assim, ainda hoje. O que se pretende é o espetáculo, é a discussão na «praça pública», é o papel «justiceiro» dos média. E aparecem os senhores politólogos (a Ciência Política necessita de mentes arejadas e sérias) e os senhores comentadores de triste figura a dizer de sua justiça. Mais barulho e mais polémica.É nessas águas que eles sabem mover-se.

         A AR, sobretudo as oposições, alegam que o governo, por demissionário, não deve intervir em certas questões. Contudo, já dá jeito a essas mesmas oposições que a AR, quase demissionária, ainda possa intervir no «espetáculo» de outros temas mediáticos. E apelam e até pretendem recorrer à figura «potestativa». HAJA DECORO.

        E tenham em conta que «uma simples interrogação» do PR não deixa de ser um «dedo apontado». Ou já se esqueceram das «demissões de ministros em direto na praça pública»?

         Há inquéritos a decorrer em sedes próprias. Esperem pelas conclusões. 

         Não se confunda «informação» com (má) «propaganda».

António Bondoso

Dezembro de 2023.

 

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