MENOS UM AVÔ NA VIDA DO MIGUEL...E DA CÉLIA !
MENOS UM AVÔ NA VIDA DO MIGUEL... E DA CÉLIA!
* Olá mestre António – dizia-me ele quando nos
encontrávamos em sua casa ou no Café à beira-mar, um hábito já adquirido nos
últimos anos, particularmente depois da oficialização do noivado do meu filho
Miguel com a sua neta Célia, tendo ainda a felicidade de assistir ao casamento.
* Como é que vão esses ossos, avô Quim? – retorquia eu,
um aprendiz da vida, sobretudo tendo como referência a dura realidade de uma
vida cheia como foi a do Senhor Joaquim – ele sim, um mestre na sua arte de
construir edifícios e que aprendeu a decifrar projetos sem ter desenvolvido a
aprendizagem da leitura, apenas a argúcia e o gosto de aprender uma arte que
ele escolheu como modo de vida, num tempo outro em que tudo era difícil.
E nesse
espírito cresceu, fez-se homem e construiu a sua família pelo exemplo, sempre
contornando os obstáculos e procurando fintar o destino – até agora – mais de
oitenta anos de um percurso tão feliz, quanto doloroso muitas vezes. Valeu sempre
a sua capacidade de enfrentar as evidências, mesmo quando as forças lhe
começaram a escorregar por entre os dedos das mãos calejadas pelo trabalho de
uma vida.
Foi o
terceiro “avô” que o meu filho Miguel conheceu e que viu escapar-lhe poucos
meses após o casamento com a Célia. Não foi propriamente inesperado, o que – de
certa forma – ameniza a dor profunda da neta do Senhor Joaquim. Que ela
respeitava, admirava e amava, transmitindo esses valores ao Miguel e aos pais
do Miguel – que não tiveram dificuldade em aceitar e cultivar.
Dele guardamos
a sua força, a sua visão otimista e a alegria do convívio. Dele vamos reter as
histórias de vida que contava e repetia, sempre numa perspetiva de lição
positiva. É essa a imagem que vamos lembrar, sempre que falarmos do avô Quim.
Pela sua ligação, foi o terceiro avô que o Miguel viu partir. E que desde a
primeira hora gostou dele como neto. Para ele e para a Célia – igualmente nossa
Filha – o nosso abraço forte, de pais presentes e lutadores que não temem plagiar
as palavras por ela escritas neste momento de dor: Hoje morreu uma parte de mim....aquele
que foi o melhor exemplo de vida, aquele que foi o meu herói, aquele que sempre
me defendeu e apoiou, aquele que sempre esteve presente nos momentos bons e
maus, aquele que nunca se curvava perante uma adversidade ou outra (e foram
muitas), aquele que ria com vontade quando o momento o exigia, aquele que me
encorajava em todos os momentos em que fraquejei...A dor é muita mas as
memórias, essas são mais fortes....continuas a fazer-me sorrir Vô Quim.....onde
quer que estejas agora, estarás sempre comigo.
Um
abraço que estendemos, naturalmente, à D.Fernanda – que perdeu o companheiro de
uma vida – e aos pais da Célia, de idêntico modo do Miguel, Virgínia e
Fernando, tal como aos outros familiares enlutados: nomeadamente o bisneto
Bruno, seus pais Bruna e Sérgio, tal como os filhos do senhor Joaquim Manuela e
Fernando.
Avô
Quim, será também lembrança nossa – permanente – o lindo canto do canário que
nos ofereceu com carinho e que alegra a nossa presença nesta casa. Até sempre !
Maria do Amparo e António Bondoso.
24 de Janeiro de 2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário