2013-01-25




MENOS UM AVÔ NA VIDA DO MIGUEL...E DA CÉLIA !




MENOS UM AVÔ NA VIDA DO MIGUEL... E DA CÉLIA!

* Olá mestre António – dizia-me ele quando nos encontrávamos em sua casa ou no Café à beira-mar, um hábito já adquirido nos últimos anos, particularmente depois da oficialização do noivado do meu filho Miguel com a sua neta Célia, tendo ainda a felicidade de assistir ao casamento.
* Como é que vão esses ossos, avô Quim? – retorquia eu, um aprendiz da vida, sobretudo tendo como referência a dura realidade de uma vida cheia como foi a do Senhor Joaquim – ele sim, um mestre na sua arte de construir edifícios e que aprendeu a decifrar projetos sem ter desenvolvido a aprendizagem da leitura, apenas a argúcia e o gosto de aprender uma arte que ele escolheu como modo de vida, num tempo outro em que tudo era difícil.
          E nesse espírito cresceu, fez-se homem e construiu a sua família pelo exemplo, sempre contornando os obstáculos e procurando fintar o destino – até agora – mais de oitenta anos de um percurso tão feliz, quanto doloroso muitas vezes. Valeu sempre a sua capacidade de enfrentar as evidências, mesmo quando as forças lhe começaram a escorregar por entre os dedos das mãos calejadas pelo trabalho de uma vida.
          Foi o terceiro “avô” que o meu filho Miguel conheceu e que viu escapar-lhe poucos meses após o casamento com a Célia. Não foi propriamente inesperado, o que – de certa forma – ameniza a dor profunda da neta do Senhor Joaquim. Que ela respeitava, admirava e amava, transmitindo esses valores ao Miguel e aos pais do Miguel – que não tiveram dificuldade em aceitar e cultivar.
          Dele guardamos a sua força, a sua visão otimista e a alegria do convívio. Dele vamos reter as histórias de vida que contava e repetia, sempre numa perspetiva de lição positiva. É essa a imagem que vamos lembrar, sempre que falarmos do avô Quim. Pela sua ligação, foi o terceiro avô que o Miguel viu partir. E que desde a primeira hora gostou dele como neto. Para ele e para a Célia – igualmente nossa Filha – o nosso abraço forte, de pais presentes e lutadores que não temem plagiar as palavras por ela escritas neste momento de dor: Hoje morreu uma parte de mim....aquele que foi o melhor exemplo de vida, aquele que foi o meu herói, aquele que sempre me defendeu e apoiou, aquele que sempre esteve presente nos momentos bons e maus, aquele que nunca se curvava perante uma adversidade ou outra (e foram muitas), aquele que ria com vontade quando o momento o exigia, aquele que me encorajava em todos os momentos em que fraquejei...A dor é muita mas as memórias, essas são mais fortes....continuas a fazer-me sorrir Vô Quim.....onde quer que estejas agora, estarás sempre comigo.
          Um abraço que estendemos, naturalmente, à D.Fernanda – que perdeu o companheiro de uma vida – e aos pais da Célia, de idêntico modo do Miguel, Virgínia e Fernando, tal como aos outros familiares enlutados: nomeadamente o bisneto Bruno, seus pais Bruna e Sérgio, tal como os filhos do senhor Joaquim Manuela e Fernando.
          Avô Quim, será também lembrança nossa – permanente – o lindo canto do canário que nos ofereceu com carinho e que alegra a nossa presença nesta casa. Até sempre !
Maria do Amparo e António Bondoso.
24 de Janeiro de 2013. 





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