QUAL É O DRAMA ?
a MINHA CRÓNICA DE HOJE NO "JORNAL BEIRÃO" - Moimenta da Beira.
(escrita na 4ªfeira)
A TÁTICA DO QUADRADO...
...QUAL É O DRAMA?
Foi o
ainda líder do PS a lançar a frase que virou “moda”: Qual é a Pressa? Mas fê-lo
sem convicção – ou muito pouca – numa altura em que já patinava no gelo
escorregadio do combate partidário, com algumas celebridades obrigadas a
mexer-se e a mostrar-se face à inércia
da direcção do partido no que respeita aos assuntos da governação. António José
Seguro mostrou mesmo alguma inépcia – alguns dirão ingenuidade – na marcação
cerrada que se exigia, quer perante a perspetiva da demagógica ida aos mercados,
quer perante a novela Relvas/RTP, quer ainda em relação à eternamente preocupante
situação social: falências, insolvências, desemprego, economia paralisada.
O ainda
líder do PS deixou-se mesmo ultrapassar por um PSD de pés e mãos atadas, quando
o foco da comunicação social se passou para a “invenção” do que seria ou se
pretendia fosse o início do “debate” sobre a reforma do Estado, esquecendo
praticamente o esforço que a direcção socialista havia desenvolvido e continua
a desenvolver com o seu interessante “laboratório de ideias”. Não se trata
apenas de falta de equipa, nomeadamente na comunicação, tem faltado seguramente
uma verdadeira liderança! Sobretudo numa altura em que se exigia uma presença
forte e com “pressa” junto dos cidadãos.
Os
portugueses ainda hoje não sabem as ideias que vão circulando nesse debate
permanente, onde pontificam personalidades como Alfredo Bruto da Costa, Maria
João Rodrigues ou João Ferreira do Amaral. O “espaço público”, de tão pobre e
repetitivo, precisa de “sangue novo” e numa injeção permanente.
Qual é a
pressa...António José Seguro? A pressa é determinada pela falta de tempo dos
portugueses. A gravidade da situação das pessoas é de tal monta, que o tempo é
escasso! E muitos reagem...também – e muito naturalmente – no interior dos
partidos! Não há águas calmas na política. A exigência é de tensão e de atenção
permanentes! Bastou um suspiro...para que tudo fosse colocado em causa. O
congresso e as autárquicas foram apenas o mote. E, assim, quase sem pressa
nenhuma, lá se perderam duas ideias fundamentais do líder socialista:- nunca
prometer aquilo que não podemos cumprir e ser necessário que os portugueses
voltem a acreditar na política e nos políticos.
Depois de
todo o “teatro” à volta de António Costa –avança, fica, recua, diz que vai mas
depois não – dirão muitos que, afinal, são todos iguais, o que eles querem é o
poleiro, etc, etc, etc. Mas valeu a pena. A política deve ser conduzida com
ética, sobretudo a de Estado, mas tudo é ou pode ser diferente no jogo
partidário – particularmente quando somos confrontados com o poder. Neste caso
é preciso audácia e energia!
Perante
isto, pergunto eu – QUAL É O DRAMA? Nenhum, António José Seguro, mesmo nenhum,
António Costa! Os portugueses devem ficar a saber que estas questões não são
nem podem ser um drama. De Maquiavel a Daniel Cohn-Bendit, passando por Kenneth
Minogue, o importante é ter prazer em fazer política. Com ética, mas com
energia. E, se possível, também muitras vezes com bom sentido de humor! A nossa
situação é dramática, mas não podemos morrer também de pasmo.
E agora,
que já se falou muito – embora não se tivesse dito tudo, eventualmente nem
mesmo o mais importante – interessa voltar rapidamente à “estrada”. Não para
apanhar boleia de quem quer que seja...mas para desenvolver um trabalho que
possa interessar os portugueses. António Costa tem pela frente Fernando Seara
na Câmara de Lisboa...António José Seguro tem a dupla tarefa de se antecipar a
Passos Coelho e a Paulo Portas. Se no caso de Lisboa a vantagem parece ser
evidente para Costa...já no caso de Seguro as dificuldades são grandes. Por
isso mesmo é que é fundamental que o ainda líder socialista tenha presente que,
mesmo não possuindo todas ou grande
parte das capacidades de um líder, o indispensável é dar a entender que as tem!
Aplicando de forma inteligente e arguta os recursos disponíveis no campo das
ideias, tal como outros souberam tirar partido da tática do quadrado no campo
de batalha.
António Bondoso
Jornalista – CP 359.
***************** Em política não há almoços grátis.
E muito menos chantagem ou deslealdade.
É assim...quando se trata do Poder!
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