ONDE ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO DE 1975 ?
ONDE
ESTAVA NO 25 DE NOVEMBRO ?...
…ou
de como a liberdade e a democracia se posicionam lado a lado, sem que o frente
a frente tenha que ter obrigatoriamente barricadas.
Estamos ainda longe de saber tudo.
Trinta e oito anos não oferecem a necessária distância para se julgarem factos
e figuras. Contudo, permitem já perceber quem se posicionou – dando as mãos – e
quem preferiu o confronto. De que lado estava a razão? – é uma pergunta
retórica e que recebe argumentos diversos, tão variados quanto as personagens
mais em destaque nesse período.
Basta folhear a memória: Eanes, Grupo
dos Nove, Pinheiro de Azevedo, Jaime Neves, Comandos, Pires Veloso, Morais e
Silva, Força Aérea, Mário Soares, PS, Sá Carneiro, PPD…ou Otelo [já muito
isolado] , Cunhal, PCP, os SUV, Polícia Militar, Paraquedistas, Vasco
Gonçalves, Cintura Industrial de Lisboa. No meio, a hesitação inicial de Costa
Gomes [apesar dos elogios de Melo Antunes e de Ramalho Eanes] e a reação dúbia
de alguns Órgãos de Comunicação Social. Numa outra perspetiva, podemos ainda
considerar algumas figuras da Igreja Católica, a “fronteira” de Rio Maior e da
CAP – por oposição à CNA e aos partidários da “Reforma Agrária” com “sede” no
Alentejo.
Igualmente interessante é olhar o
trajeto de linhas desencontradas, como por exemplo os casos de Pires Veloso X
Eanes ou de Otelo X PCP. Relativamente ao partido de Álvaro Cunhal [que Melo
Antunes, Eanes e Costa Gomes não deixaram cair num isolamento “pernicioso” para
o processo democrático] – é curioso verificar a linha de Zita Seabra que, em
2011, veio afirmar, sem assombro, ao Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha: -
“ «Foi muito importante o PCP ter sido derrotado no 25 de Novembro
para garantir que em Portugal se construía uma democracia».
Sem pretender atribuir qualquer juízo
de valor a este tipo de “desencontros”, direi que o PREC fez parte de um tempo que devemos assumir sem
rodeios e sem medos ou culpas! Nessa altura, cada um tomou a sua “opção”...e o
"conjunto" das maiorias valeu por algum tempo. E agora há que
percorrer caminhos novos, adaptando ideias e conceitos – mas nunca perdendo de
vista valores e princípios.
Onde
é que eu estava no 25 de Novembro? Na Rádio, claro, e no Emissor Regional do
Norte da ex-EN, no Porto. E com muitos outros camaradas, reunidos de urgência
perante uma deterioração do clima vivido e sobretudo propagado pela Rádio, foi
decidido separarmo-nos da “emissão” com origem em Lisboa e conduzir a nossa
própria emissão, depois de o delegado da RMN na ex-EN, Major Raimundo, ter
informado Pires Veloso dessa nossa posição.
Mais
tarde, seria o próprio PR – Costa Gomes – a solicitar e a avalizar essa
atitude, à qual viriam a aderir – depois – os Emissores Regionais de Coimbra e
de Faro, ficando a sede, em Lisboa, sem emissão própria durante dez dias.
Tudo
isto – e muito mais – está escrito em forma de livro a publicar um “dia
destes”.
António Bondoso
Jornalista – CP359.
Novembro de 2013.
1 comentário:
Excelente!
Gostei de aqui voltar. E, apesar de nunca ter estado em África (além da Tunísia...), foge-me a vontade nesta direção onde a terra se chama chão...
Um abraço ao António Bondoso, e muitos outros aos companheiros desta maravilhosa publicação Mangwana.
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