A MINHA ÚLTIMA CRÓNICA NO ÚLTIMO NÚMERO DA 3ªSÉRIE:
Como a nº11 não foi publicada no Jornal (pois não houve edição)...certamente me perdoarão repetir o parágrafo do Sr Ministro, de Camilo.
RUMORES…
…a
propósito de informação, propaganda, défice, mercados, as eleições que não
tardam e o salário mínimo. Como se quinhentos euros pudessem repor a dignidade
de um trabalhador!
Podem o (des) governo e
todas as suas estruturas exultar com o défice anunciado e esgrimir com a baixa
das taxas de juro da dívida, seja a que prazo for – nada disso me devolve a
dignidade de pensionista roubado, esbulhado ou enxovalhado. E nada disso me
fará mudar de ideias sobre o sentido do meu voto, quer nas “europeias” de Maio
– simpaticamente marcadas para corresponder ao relógio de PP – quer nas
legislativas do próximo ano.
Por dignidade, já referi, mas também
pela afirmação de que não serei “joguete” (enquanto ser pensante) nas mãos dos
“mercados”, das agências de rating, da Comissão Europeia de DB, dos Bancos e de
outros organismos objetivamente focados na usurpação de bens que custaram uma
vida de sacrifícios e de muito trabalho.
O défice baixou, mas passaram a
morrer pessoas por falta de socorro atempado e de assistência médica. O défice
baixou, mas desapareceu a classe média. O défice baixou, mas os jovens tiveram
que ir à procura de futuro lá fora. O défice baixou, mas os mais velhos
definham – muitos em lares sem condições mínimas para funcionarem como tal. O
défice baixou, mas o desemprego subiu. O défice baixou, mas o ensino piorou. O
défice baixou, mas também à custa do valor da minha pensão – estabelecido
livremente entre mim e o Estado, quando este era ainda uma “pessoa de bem” e
para o qual “descontei” sem interrupções as verbas acordadas.
Para mal do país e dos nossos
pecados vamos numa fuga para o abismo e com a cabeça na areia…em direção a um
“fundo” que não é mais do que um verdadeiro buraco negro. Preocupa-me a posição
do PS sobre a questão do Tratado Orçamental. De olhos vendados não me levam.
E
depois…temos um primeiro ministro sem coluna, temos um vice-primeiro ministro
irrevogavelmente invertebrado…e depois uma plêiade dos que chegaram a ministro
por engano, compadrio ou a simples eliminação de hipóteses. Faz-me lembrar o
episódio do Tibúrcio Pimenta imaginado por Camilo Castelo Branco no seu “O Sr.
Ministro”. Com a vantagem moral de Tibúrcio, conhecedor perfeito dos seus
princípios e valores: “Homens da minha inflexível independência só podem ser
ministros, se o povo e as armas os impõem ao Poder Moderador. A minha coluna
vertebral não se curva nem ao povo, nem aos argentários, nem à camarilha. Nunca
passarei de bacharel Tibúrcio Pimenta, natural da Gandarela, e advogado nos
auditórios do Porto”. Ora bolas – comentaria a mulher – quando Tibúrcio recebeu
a notícia [nada surpreendente] de que havia sido nomeado para ministro, mas
apenas da Venerável Ordem Terceira de S.
Francisco, da qual era “irmão”!
António Bondoso
Jornalista – CP
359.
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