RUMORES E O MINISTRO DE CAMILO...
RUMORES…
…a
propósito de teatro, encenação, ministros e outras criaturas que persistem no
assassinato das vidas de milhares de portugueses que, pela sua dependência do
vínculo ao Estado, se sentem impotentes para reagir.
À custa do empobrecimento de milhões de
pessoas, os governantes embandeiram em arco com os números do défice. Gerar
desemprego, pobreza, miséria, emigração forçada e desertificação – e tendo essa
coroa de glória que o FMI tanto preza, que é o miserável salário mínimo dos
portugueses – foi o caminho escolhido. Do mal o menos, não nos podemos queixar
pelo facto de não terem sido capazes de encontrar uma “solução final” ao jeito
do génio nazi.
Bem vistas as consequências das atuais
políticas, talvez a outra fosse uma solução mais eficaz, porque mais radical. Ao
lento ritmo desta nossa “morte”, a questão apresenta-se mais sádica –
consequentemente mais sofrida.
E depois apresentam o teatro do relógio
para 17 de Maio, como se o tempo fosse parar e tudo se transformasse num jardim
de rosas. Sair! Sair de quê e para onde? O engano é tremendo. Não vamos sair
seja do que for, pela simples razão de que estaremos eternamente presos às
teorias da troika neoliberal – quer seja de um FMI do tipo “maria vai com as
outras”, quer seja de uma União Europeia incapaz de promover a solidariedade e
o bem comum dos Estados-membros, cada vez mais assimétricos.
Temos um primeiro ministro sem coluna,
temos um vice-primeiro ministro irrevogavelmente invertebrado…e depois uma
plêiade dos que chegaram a ministro por engano, compadrio ou a simples
eliminação de hipóteses. Faz-me lembrar o episódio do Tibúrcio Pimenta
imaginado por Camilo Castelo Branco no seu “O Sr. Ministro”. Com a vantagem moral
de Tibúrcio, conhecedor perfeito dos seus princípios e valores: “Homens da
minha inflexível independência só podem ser ministros, se o povo e as armas os
impõem ao Poder Moderador. A minha coluna vertebral não se curva nem ao povo,
nem aos argentários, nem à camarilha. Nunca passarei de bacharel Tibúrcio
Pimenta, natural da Gandarela, e advogado nos auditórios do Porto”. Ora bolas –
comentaria a mulher – quando Tibúrcio recebeu a notícia [nada surpreendente] de
que havia sido nomeado para ministro, mas apenas da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, da qual era “irmão”!
António Bondoso
Jornalista – CP
359.
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