ESPERANÇA DE ABRIL SEM NORTE
BLOQUEIO DOS SENTIDOS
***** Primeiro foi o sentido branco da Primavera,
correspondente à pureza ingénua dos jovens capitães, desejosos de pôr fim a uma
guerra de guerrilha interminável.
***** Depois foi o sentido vermelho ideológico, de Leste carregado – o
aproveitamento “enquadrado” das organizadas estruturas da Guerra-Fria.
***** Pelo meio um sentido amarelo de aviso Outonal
para repor, disseram, os ideais do sonho – dos sonhos!
***** Ainda um sentido
verde de esperança, próprio do rasgo, da vontade, da atitude de quem
começa um caminho novo.
***** Finalmente o sentido azul “obrigatório” da adesão à CEE – o único que “oferecia”
sustentabilidade – ou diziam oferecer – para um futuro democrático e em
liberdade.
Mas, como em quase
tudo na vida, também as regras de trânsito são violadas. Os limites de
velocidade, os sentidos proibidos, os sinais de informação.
***** E porque virámos as costas ao Mar...ficámos a
perder! As frotas mercante e pesqueira – sobretudo esta – fizeram-se ao largo e
afundaram. A primeira perda de soberania, por acatarmos, sem discussão, as
ordens de outros – particularmente os mais interessados no nosso fracasso. A
agricultura secou, seguindo o mesmo caminho.
***** Ao “centro” da Europa, que sempre nos rejeitou,
interessava construir neste ocidente do Ocidente uma plataforma logística, de
serviços.
E foi dinheiro atrás de dinheiro. Engordar os ricos
(banqueiros e outros da alta finança) e aumentar o peso “ilusório” da classe
média.
***** No fundo, ficarmos desreguladamente globalizados! O
mesmo é dizer...dependentes daqueles que, soprando levemente nas asas de uma
borboleta na Amazónia, conseguem provocar um tsunami no Japão.
E, assim, somos hoje confrontados com um sentido
obrigatório de contornar as inúmeras rotundas que se espalham pelo país. De
tanto contornar ficámos tontos, e o trânsito completamente interrompido. E
apesar de acenarem com a compreensão dos mercados que nos consideram lixo, com
a baixa das taxas de juro ou com o crescimento da economia…o certo é que se
instalou o caos quase absoluto, e não sei se haverá sentidos que possam indicar
a necessária inversão de marcha. Basta que a alta finança sopre mais uma vez o
vento dos mercados.
Os cortes
nas pensões, nas reformas e nos salários não beneficiam tão cedo da descida das
taxas de juro ou da saída limpa do lixo em que os mercados nos colocaram. E
como os pretendem em permanência…os afetados, também pela idade, jamais
voltarão a sorrir.
***** Como sempre, não deixou de haver alguns profetas a
dizer : - o caminho é por ali! E muitos acreditaram. E agora, perante a
desgraça anestesiante, os políticos são incapazes de perceber caminhos
alternativos. Que não passem pela desgraça dos que menos podem ou daqueles que
não podem fugir à sanha assassina de um Estado que não é de bem. Empobrecer a
razão de ser da Nação e do Estado – as pessoas – é um crime de alta traição.
***** Pagarem por ele deve ser um desígno nacional. E se
a Nação e o Estado – as pessoas, nós todos, não formos capazes de, democrática
e urgentemente, tomarmos o nosso lugar na História, então...só mesmo a via
revolucionária. Qualquer que ela seja e como quem quer que a entenda!
***** Como alguém dizia há uns anos:- talvez de derrota
em derrota, até à vitória final!
AB. Maio de 2014.
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