Quando a Poesia se permite pendurar poemas nas árvores
Celebração
conjunta da poesia, da árvore e da água mobiliza freguesias e instituições em
Moimenta da Beira.
A 21 e 22 de Março vai
poder ler poemas dependurados em árvores no concelho de Moimenta da Beira.
É uma iniciativa conjunta da Associação Cultural e
Recreativa de Soutosa e da Fundação Aquilino Ribeiro, em colaboração com a
Escola Profissional e com a União das Freguesias de Peva e Segões. O evento,
que tem o apoio da Câmara Municipal, pretende mobilizar os amantes da poesia e da natureza para uma ideia diferente
de ver, de ler, sentir, dizer e viver uma data tradicional. De cabeça
levantada em direção ao céu, aos ramos e aos troncos das árvores, artistas e
população daquele concelho beirão quase encostado ao Douro vão poder celebrar
em simultâneo o Dia da Árvore e da Floresta, o Dia Mundial da Água e o Dia
Mundial da Poesia.
Numa altura em que ainda se
interpreta, de forma diversa, a definição de Poesia e de Poema, esta iniciativa
acaba por contribuir – também diretamente – para o “debate”. Guilherme Mendicelli, esgrimindo o
dicionário “Aurélio”, diz que Poesia
é a “Arte de criar imagens,
de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e
significados.” E sobre o Poema, na mesma fonte, afirma
que é “Obra em verso ou não, em que há poesia.” Já o dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2009), é mais concreto sobre o Poema: “Obra em
verso”. E quanto à Poesia, permite 7 interpretações – a primeira das quais
não difere muito da que vimos atrás: “Arte que se distingue tradicionalmente da
prosa pela composição em verso e pela organização rítmica das palavras, aliada
a recursos estilísticos e imagéticos próprios”.
O que não há dúvida é que a Poesia é uma arte. E como arte – distinta, no dizer de Cristina Carvalho – “tem uma
linguagem que permite tudo, sempre”. Mas não é certamente, acrescenta a
escritora, “um acumular de palavras num esforço patético de dar voz aos amores
e dar voz a coisa nenhuma”.
Seja como for, o que se vai passar em Moimenta da Beira
no próximo fim de semana é Poesia suspensa em troncos de árvores frondosas, de copa grande ou de copa pequena. Poesia de autores
vários, uns de renome outros menos conhecidos, contemporâneos, modernos e menos
modernos, para serem lidos individualmente ou em grupos de pessoas em sete locais de três freguesias do
concelho.
Segundo o gabinete de comunicação do município, os
locais em destaque serão a vila, sede do concelho, onde “a poesia vai estar
pendida nos ramos e nos troncos das árvores dos largos do Tabolado e das
Tílias, e no Terreiro das Freiras, o espaço mais nobre e histórico de Moimenta
da Beira”. Depois, em Soutosa, terra de
vivência e de trabalho de Aquilino Ribeiro, nas árvores que o mestre plantou há mais de meio século,
em frente à casa que é hoje sede da sua Fundação. Ainda na Soutosa aquiliniana,
no largo em frente à matriz e no parque do Senhor da Aflição.
“Finalmente, na Quinta do Ribeiro, freguesia de Rua,
nos terrenos verdejantes que circundam a Escola Profissional de Moimenta da
Beira”.
António Bondoso
Jornalista
18 Março 2015.
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