UMA CAMPANHA SEM ELEVAÇÃO...NEM ALEGRE NEM TRISTE.
Foto de António Bondoso
TRISTES
SINAIS…
Diz-se, de forma séria, que a “Política”
é a atividade humana, de tipo competitivo, que tem por objeto a conquista e o
exercício do poder. Ainda de forma séria, posso acrescentar igualmente a
manutenção do poder. E há mesmo citações famosas marcantes de tempos idos e de
circunstâncias diversas, como as de Churchill e de Mao-Tse-Tung (Mao Zédong): uma
atividade “quase tão excitante como a guerra, e igualmente perigosa: na guerra,
só se pode ser morto uma vez; na política, pode ser-se assassinado muitas vezes”//«a
política é guerra sem derramamento de sangue, enquanto a guerra é política com
derramamento de sangue».
De outro modo, com menos “seriedade”,
talvez nos recordemos de ler Ambrose Bierce: a política é «uma guerra de interesses
mascarada de luta de princípios»; ou ainda John M. Brown: «um reino, povoado
apenas por vilões e heróis, no qual tudo é preto ou branco, e o cinzento é uma
cor proibida».
Eu não sou adepto do “cinzentismo”…e acredito
que é possível e desejável ter convicções e, sobretudo, ter princípios. É
possível fazer as coisas deste modo e definir um caminho com ética e com
coragem. E de forma clara.
Mas, tristemente, o que vemos e ouvimos?
Senhor Paulo Portas: em que é que o CDS
se diferencia do PSD? – o PS radicalizou-se e vai por maus caminhos.
Senhor Passos Coelho: vai cortar nas
pensões dos reformados? – o PS anda à deriva e não se conseguiu afastar de
Sócrates.
Senhor Jerónimo de Sousa: como é que
pensa derrotar a coligação de direita? – o PS tem andado ausente e distraído.
Senhora Catarina Martins: o que
distingue o BE do PCP? – o PS ainda tem um programa de privatizações e anda
aliado com a direita.
Senhor António Costa: José Sócrates
fora da prisão incomóda-o? – o PS tem um programa de compromissos definido, com
as contas todas bem feitas.
Curiosamente, ou talvez não – naquela chamada
guerra de interesses mascarados – o que nos aparece de comum no que podemos
designar como falta de ideias generalizada? – o PS! O PS é tido e achado para
justificar tudo e por todos os meios.
Triste campanha, tristes sinais. É
necessário – é fundamental – fazer política de outro modo, como dizia em tempos
Daniel Cohn-Bendit. E como? Responsabilizando politicamente os cidadãos. Desde
logo pela educação e pela cultura. E sabendo que “o papel do político é fazer
escolhas, mas sendo claro quanto aos riscos”, pois os riscos não se podem
esconder o tempo todo. Os políticos, tal como os cidadãos, devem assumi-los. E
no conjunto dos cidadãos, há um grupo muito particular que deve ser
responsabilizado ao mais alto nível: os jornalistas!
António Bondoso
Foto de António Bondoso
António Bondoso
Jornalista
Setembro de 2015.
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