VENHAM TODOS!
Está aí à porta a EXPODEMO 2015, com o símbolo da maçã. E depois são as vindimas. A China e o Brasil darão o toque no prosseguimento da internacionalização e haverá muita música - de Angola, do Brasil e de Portugal(Paulo de Carvalho, por exemplo) - para além de inúmeros espetáculos e exposições. Como sempre.
Foto de António Bondoso
Na
varanda da fachada do edifício da Câmara Municipal de Moimenta da Beira há uma
tarja com uma frase que importa reter e sobre ela refletir, apesar da sua
simplicidade ou talvez por isso mesmo: Moimenta da Beira saúda-vos.
O
que vos pretendo dizer…é apenas isto: um cartaz pode ser um poema na sua complexa
e prazenteira atitude.
VENHAM TODOS
E
esta estranha forma complexa de ser
E
de receber
Aqueles
que um dia foi preciso ver partir.
É
um misto de contagiante alegria
E
de simpatia quase angustiante
Sentindo
que a história é uma vítima
De
uma assassina memória
Sempre
a crescer
Sempre
a pedir
Quase
mesmo a exigir.
Uma
estranha e complexa atitude d’estar
E
de pensar
Aqueles
que sendo nossos
Já
não são
E
os outros que não sendo
Desejamos
conquistar pelo coração.
Mas
que venham todos
Uns
e outros disponíveis
Para
lembrar a história
Saber
e perceber a memória
Dar
corpo e dar vida
A
tantos lugares sensíveis!
Que
venham todos
De
sorriso aberto
Antes
de os voltar a ver partir!
===
António Bondoso
Setembro
de 2015.
Foto de António Bondoso
Por outro lado[e no livro EM AGOSTO...A LUZ DO TEU ROSTO, de 2014], recordo que a "emigração, tal como hoje e talvez desde sempre, era muitas vezes a saída de
sentido único. Manuela Aguiar chamou a Portugal, em 1999, O País das Migrações Sem Fim. Uma recolha de textos seus, enquanto
governante e deputada. Num deles, datado de 1997, diz que “É cedo ainda para
anunciar o fim dos tempos da nossa emigração”. E naquele início da segunda
metade do século XX, para o Brasil e apenas em quatro anos [1950-53], tinham já
partido mais de 180 mil adultos e quase 34 mil crianças. África ainda não era,
como nunca viria a ser, o destino prioritário de milhões de portugueses que
fugiam à pobreza. O fluxo aumentaria, apesar de tudo, mas por motivos de ordem
diversa. E hoje, 40 anos depois da descolonização, África volta a ser destino.
Por necessidade, claro, mas agora por opção, embora ainda não prioritário.
Angola e Moçambique estarão certamente nas estatísticas recentes que nos dizem
que, entre 2010 e 2011 a emigração portuguesa cresceu 85%, com destaque para a
faixa etária entre os 20 e os 30 anos."
Que venham todos, de sorriso aberto, antes de os voltar a ver partir. Ou partir eu, claro.
António Bondoso
Jornalista
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