CONFESSO...QUE HÁ NECESSIDADE DE ACORDAR!
Foto de António Bondoso
Confesso
que me assusta um resultado eleitoral diferente daquele que eu perspetivo. Mas não
tenho medo disso. Há outros “medos” de maior dimensão e com origem em causas
propiciadoras de maiores perigos. Poderemos sempre perguntar se – nesta
categoria – não estarão os perigos de um resultado eleitoral favorável aos
neoliberais ou se – em qualquer caso – deveremos ter medo, mesmo daqueles que
defendem a plena integração numa UE cada vez mais frágil: seja nos ideais, seja
nas políticas traçadas, seja nos caminhos escolhidos para enfrentar o que se
chama de “novos desafios”. Este mais recente é paradigmático. Quando a Hungria
ergue muros e a Alemanha rasga Schengen, nada de bom é previsível. Por isso – e
embora sem “medos” – confesso estar assustado. Daí…lembrar-me de que Ramalho
Eanes diz, por exemplo, que a democracia, hoje, pressupõe e exige – entre outros
valores – “ a justa consideração de que a humanidade é una”. E a propósito dos
fundamentos morais da ação política, o antigo Presidente da República recorda
que “Ao governante falta, na maior parte
das vezes, o exame cuidado, exigentemente racionalizado da sua actuação. Talvez
aqui resida a razão maléfica da falta de preparação técnico-académica, de rigor
e eficácia na acção, de muitos dirigentes políticos. Razão, só a eleitoral existe.
E essa, muitas vezes, é iludida com o verbo demagógico, com as bandeiras
partidárias, com os preconceitos ideológicos, sobretudo se a sociedade civil,
como muitas vezes ainda acontece, não tem um elevado e generalizado nível de
instrução, não dispõe nem procura obter informação suficiente, se não conta com
organizações suas autónomas e independentes (financeiramente até) do Estado e
dos grupos económicos”. Daí, por fim, a necessidade de passar ao papel este
meu grito: ACORDAI!
ACORDAI…(A
Publicar)
Acordai fantasmas da ópera!
É tempo de cantar a outro amo
E senhor de uma luz nova
E transparente.
É tempo de estabelecer
Outra corrente
Que nos faça iniciar nova viagem
Para um mundo de justiça
E de coragem.
Acordai fantasmas…
A ópera que cantamos não é bufa
- Antes trágica -
Verdadeiramente sinistra
Germinando em campo fértil
Da finança liberal,
Florindo em torrão desajustado
E com fruto mal nascido
De amor nunca tocado!
Acordai…e caminhai!
=== António Bondoso (A Publicar)
Foto de António Bondoso
António Bondoso
Setembro de 2015.
1 comentário:
Excelente!
Acordemos, pois!
O meu abraço, poeta.
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