2020-09-17

Olá. Estamos – de novo – em período de contingência.

Olá. Estamos – de novo – em período de contingência. E com números elevados que assustam! 



Estamos, sobretudo, na contingência de perder o «Planeta» devido às atitudes humanas que foram conduzindo a «Terra» às doenças que, agora, nos obrigam à “contingência”.

Estamos também na contingência de ver reeleito um presidente em «estado de negação», como é o caso de Trump, nos EUA, que abandonou/rasgou os acordos sobre o clima – igualmente uma evidência que vai destruindo o Ártico, oscilações que, seguramente, têm vindo a ajudar a chegar a esta situação de contingência. Depois da UNESCO abandonou também a OMS (só falta mesmo deixar a ONU) e tem vindo a alimentar uma guerra comercial com a República Popular da China – a qual terá sem dúvida graves repercussões na boa saúde da economia mundial, sendo evidente que a RPC, pela sua milenar cultura de paciência e de olhar o tempo a longo prazo, sairá vencedora do confronto. É uma cultura de «imperialismo silencioso», baseada na propaganda do “pacifismo” e da “amizade”, e cujo cenário se foca na necessidade de dar respostas a quase mil e quinhentos milhões de cidadãos que habitam o país considerado o meio do mundo. África e América Latina no centro desse esforço.  

Por outro lado, estamos na contingência de tentar perceber até onde irá o belicismo de Putin, escudado na busca do espaço vital da Rússia em permanente e intensa atividade para recuperar o protagonismo de tempos idos. Direi mesmo uma contingência iniludível, face às respostas que o regime tem dado sempre que há «movimentações» sociais em países próximos, como aconteceu na Geórgia e na Ucrânia, como agora sucede na Bielorússia – já não falando na intervenção na Síria.

Estamos na contingência imediata de perceber o que se está a passar no Médio Oriente, quando países árabes estendem as mãos e os negócios ao Estado de Israel – com uma atitude «discreta» dos rivais Irão e Arábia Saudita. Uma operação «abençoada» por Trump numa tentativa de ganhos internos em época de eleições…mas que não resolve o velho problema dos palestinianos. Tampouco dos israelitas, pois um depende do outro.

E o que dizer da contingência africana…sabendo-se da fragilidade intrínseca da UA perante o já mui antigo «assalto» de outras potências. Basta ler Nkrumah em «A Luta de Classes Em África» para perceber como se instalou o neocolonialismo, depois de um colonialismo secularmente vicioso que não permitiu uma estrutura social economicamente forte: “Permanece, portanto, uma burguesia compradora, tributária em grande escala dos interesses imperialistas em África. (…) O neocolonialismo, sob todas as formas, impediu o estabelecimento de uma independência real”. Por isso e apesar de outros «senhores» se apresentarem, permanece a «eterna dívida» das potências europeias.

Também por isso se percebe a contingência de uma União Europeia eternamente cheia de boas intenções mas falha de uma estratégia duradoura. Talvez não possa ser de outra forma quando ela própria tem hesitado e apenas dá pequenos passos «internamente». Tanto na crise financeira de há dez anos como neste conturbado tempo da pandemia da Covid-19 que nos conduz para um buraco económico imprevisível. Louve-se, por agora e finalmente, a ideia de um salário mínimo europeu.

Mas estamos em tempo de contingência. E de urgência! Na contingência de mais uma «vaga» da “SarsCov-2” e na urgência de uma vacina para debelar o mal que nos impede de levar uma vida normal. Se não percebermos isto…estaremos na contingência de nos perdermos. 


António Bondoso

Setembro de 2020. 

 

Sem comentários: