Olá.
Estamos – de novo – em período de contingência. E com números elevados que
assustam!
Estamos,
sobretudo, na contingência de perder o «Planeta» devido às atitudes humanas que
foram conduzindo a «Terra» às doenças que, agora, nos obrigam à “contingência”.
Estamos
também na contingência de ver reeleito um presidente em «estado de negação»,
como é o caso de Trump, nos EUA, que abandonou/rasgou os acordos sobre o clima
– igualmente uma evidência que vai destruindo o Ártico, oscilações que,
seguramente, têm vindo a ajudar a chegar a esta situação de contingência. Depois
da UNESCO abandonou também a OMS (só falta mesmo deixar a ONU) e tem vindo a
alimentar uma guerra comercial com a República Popular da China – a qual terá
sem dúvida graves repercussões na boa saúde da economia mundial, sendo evidente
que a RPC, pela sua milenar cultura de paciência e de olhar o tempo a longo
prazo, sairá vencedora do confronto. É uma cultura de «imperialismo silencioso»,
baseada na propaganda do “pacifismo” e da “amizade”, e cujo cenário se foca na
necessidade de dar respostas a quase mil e quinhentos milhões de cidadãos que
habitam o país considerado o meio do mundo. África e América Latina no centro
desse esforço.
Por
outro lado, estamos na contingência de tentar perceber até onde irá o belicismo
de Putin, escudado na busca do espaço vital da Rússia em permanente e intensa
atividade para recuperar o protagonismo de tempos idos. Direi mesmo uma
contingência iniludível, face às respostas que o regime tem dado sempre que há
«movimentações» sociais em países próximos, como aconteceu na Geórgia e na
Ucrânia, como agora sucede na Bielorússia – já não falando na intervenção na
Síria.
Estamos
na contingência imediata de perceber o que se está a passar no Médio Oriente,
quando países árabes estendem as mãos e os negócios ao Estado de Israel – com
uma atitude «discreta» dos rivais Irão e Arábia Saudita. Uma operação
«abençoada» por Trump numa tentativa de ganhos internos em época de
eleições…mas que não resolve o velho problema dos palestinianos. Tampouco dos
israelitas, pois um depende do outro.
E
o que dizer da contingência africana…sabendo-se da fragilidade intrínseca da UA
perante o já mui antigo «assalto» de outras potências. Basta ler Nkrumah em «A
Luta de Classes Em África» para perceber como se instalou o neocolonialismo,
depois de um colonialismo secularmente vicioso que não permitiu uma estrutura
social economicamente forte: “Permanece,
portanto, uma burguesia compradora, tributária em grande escala dos interesses
imperialistas em África. (…) O neocolonialismo, sob todas as formas, impediu o
estabelecimento de uma independência real”. Por isso e apesar de outros
«senhores» se apresentarem, permanece a «eterna
dívida» das potências europeias.
Também
por isso se percebe a contingência de uma União Europeia eternamente cheia de
boas intenções mas falha de uma estratégia duradoura. Talvez não possa ser de
outra forma quando ela própria tem hesitado e apenas dá pequenos passos
«internamente». Tanto na crise financeira de há dez anos como neste conturbado
tempo da pandemia da Covid-19 que nos conduz para um buraco económico
imprevisível. Louve-se, por agora e finalmente, a ideia de um salário mínimo
europeu.
Mas estamos em tempo de contingência. E de urgência! Na contingência de mais uma «vaga» da “SarsCov-2” e na urgência de uma vacina para debelar o mal que nos impede de levar uma vida normal. Se não percebermos isto…estaremos na contingência de nos perdermos.
Setembro de
2020.
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