SE O NOVO ANO VIESSE DO CÉU
Se a viragem do ano
transportasse em si mesma o valor absoluto do bem-estar e da justiça, seria
como que um momento perfeito da humanidade.
Contudo, é muito
complicado este mundo habitado por humanos!
Desde o início dos tempos sempre a pesar a vida e a morte, matar ou morrer,
viver e sobreviver, a pobreza e a riqueza, a alegria e a tristeza, o belo e o
feio, o mal e o bem, a felicidade e a miséria, o poder e a submissão, o pecado
e a graça, a mentira e a verdade, a dúvida e a certeza, a traição e a lealdade,
o amor e ódio, o perto e o longe.
Por isso me tenho interrogado inúmeras vezes se haverá um tempo justo.
Não sei se o tempo existe nem sei se haverá tempo para
isso. Uma dúvida existencial como tantas outras, uma questão filosófica talvez
– ontológica certamente e quase a confundir-se com a metafísica. O tempo não é
velho nem é novo – recordando o que há dias escrevi a propósito de uma ideia
“abadesca” situando o paradoxo do Natal
(como tempo de nascer) e da morte (igualmente tempo de nascer numa ou para
outra dimensão). Neste ponto…é a Fé a sobrepor-se. Como que uma retórica de
conforto em tempo de dor. Mas nestes tempos de crise – o que é realmente
importante é o conforto de viver em dignidade! E essa...só será conseguida com
um tempo novo.
Voltamos, portanto, à existência do
tempo. E quem não se lembra daquela “ladainha” em que o tempo pergunta
ao tempo quanto tempo o tempo tem…e o tempo responde ao tempo que o tempo que o
tempo tem é tanto tempo…quanto tempo o tempo tem! A ser assim, penso
não deixar de ser fundamental que esta asserção englobe toda e qualquer
circunstância, toda e qualquer medida.
Por isso, seja-me permitido esperar legitimamente que venha aí um tempo novo, um tempo de justiça e de felicidade. E desejar a todos que assim seja, com muita saúde para viver esse tempo – um intervalo entre a vida preenchida de altos e baixos…e essa ideia real que podemos situar entre o negro tétrico e o cinzento mais ou menos enigmático.
Pensando positivo, lá vamos a caminho do Novo Ano/Ano
Novo...levados pelos ventos de uma liberdade conquistada e defendida com
sacrifícios de vária ordem. E que agora clamam por mais felicidade e mais
justiça.
E se…
Se o novo ano viesse
do céu
Por certo seria azul
E diferente, pois então!
Para melhor
Sempre a caminho do
sul
Guiado pelas estrelas
De um enorme coração.
Se o novo ano viesse
do céu
Por certo seria azul
Tal como as águas
tranquilas do rio
Ou do mar alto que
sei.
Diferente e para
melhor
Sempre em busca do
calor
De um imaginário que é
meu
Do qual gostei e que
amei.
Se o novo ano viesse
do céu
Talvez o mundo tivesse
a cor dos meus olhos!
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António Bondoso
(Dez de 2017)
António Bondoso
Dezembro de 2021 – 2º Ano da Pandemia.
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