PROSSIGA O ESPETÁCULO.
ENTRE
OS DEBATES E A PROPAGANDA…temos ainda a demagogia e a inclinação de interesses «ideológicos»
dos moderadores e comentadores. E depois, uma questão essencial:
OS
DEBATES – SOBRETUDO TELEVISIVOS – AINDA INFLUENCIAM DECISIVAMENTE O ELEITORADO?
Não
estou seguro de que isso aconteça a uma escala significativa, ao contrário do
que ouvi dizer, embora admita que esse tipo de «eventos», particularmente «a
dois», possa moldar as ideias de alguns eleitores. E os «comícios» também já
não mobilizam como antigamente. Já lá vai o tempo em que despontavam figuras
como a do «Carlitos», que o antigo Presidente da AR – Fernando Amaral – recorda
de forma sublime nas suas “Recordações Menores”. Em nome da juventude, o
«Carlitos» havia preparado uma intervenção para abrir o comício. Mas…lidas as
frases, Fernando Amaral constatou que a sua leitura duraria apenas 30 segundos.
Carlitos – eu pedi pelo menos 5 minutos! E veio a surpresa: - “e as palmas! E
as palmas”! Fernando Amaral foi apanhado por muito mais de cinco minutos,
tantas haviam sido as palmas para a intervenção mais aplaudida do comício. De
facto, não havia contado com as palmas.
Com
a penetração diversificada do que chamamos de «redes sociais», quase me atrevo
a dizer que a TV – apesar de todo o seu poderio com a imagem – está hoje para
as redes sociais como a Rádio, há já muitas décadas, tem estado para a TV. Isto…sou
eu a pensar, claro!
É
preciso encontrar novas formas de chegar aos eleitores? Claro que sim. Mas,
insisto, não me parece que o caminho seja apenas através da TV. Os debates, por
muito que digam alguns «especialistas», estão carregados de demagogia. E,
sinceramente, creio que os eleitores sabem distinguir a demagogia da razão. E
depois…as palmas! Faltam as palmas! Só se tivermos em consideração que elas
virão dos analistas e dos comentadores. Pode acontecer. Mas ainda é válida a
ideia de que não se pode enganar toda a gente o tempo todo.
Aqui
chegados, há essa perspetiva que mereceu alguma atenção nos últimos dias: - primeiro
o documento dos 31 e as “esquerdas”. Hoje, a Carta por uma “esquerda plural”,
subscrita por 100 personalidades sem filiação partidária. Depois da farsa que
foi o voto contra o OE, como se pode vir agora apelar à «coragem da esquerda
para um compromisso», se alguns dos protagonistas – sedentos de “contar
espingardas” ou “receosos de perder a força das ruas” – torpedearam a legislatura
devido a «leituras» enviesadas a respeito de um OE de elaboração cuidadosamente
responsável? Não faz sentido. E, sinceramente, o que me parece enformar a ideia
é ir «torpedeando» o eleitorado no sentido de penalizar o PS, retirando «peso»
a uma eventual – mas provável – vitória nas eleições de 30 de Janeiro. Tentando
evitar, embora agitando, o «fantasma» de uma maioria absoluta – muito pouco
provável – o BE e o PCP, em mais uma «maioria inquinada» com o PSD, CDS, IL,
PAN, PEV, etc…parece apostarem mais numa maioria de direita no próximo
parlamento.
Isto…sou
eu a pensar, claro!
Bons debates e que prossiga o espetáculo. Viva o «Infotainment”!
António
Bondoso
Janeiro
de 2022
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