Conheci a Manuela Borralho em S. Tomé e Príncipe em finais dos anos de 1960, no âmbito do processo de transição do Rádio Clube para Emissor Regional da ex Emissora Nacional. De todo o vasto “elenco” da ex-EN empenhado nessa tarefa [Fernando Conde, Engº Freire, Sebastião Fernandes e Guilherme Santos, por exemplo] sobraram e permaneceram duas Amigas de grande nível, elevação escorada numa humilde competência e numa simpática simplicidade: A Maria Emília Michel e a Manuela Borralho. Por circunstâncias e peripécias diversas, o meu trajeto acabou por se cruzar diretamente com o da Manuela. Quer na «Coordenação de Emissão e Programas», com a companhia da Arminda Viana e da Lurdes Brandão, quer no «Serviço de Noticiários», onde já pontuavam os mais antigos Raúl Cardoso e Daniel Pinho. Isto, já depois de alguns meses de uma «ausência voluntária» da minha parte e também de um afastamento «obrigatório» devido ao serviço militar – primeiro em Angola e depois em STP. Resolvidos os «constrangimentos» em 1973, consolidaram-se o respeito e a Amizade mútuos.
Regressei a Portugal em Outubro de 1974, a Manuela só voltou em 1975 depois da independência de STP. Eu no Porto, a Manuela em Faro, o trabalho direto não nos juntou mas nunca deixámos de trocar ideias. Para além disso foi a Amizade – sobretudo no tempo de férias, no Algarve, acompanhados por outros camaradas como o Carlos Cardoso, o Livramento e o Humberto Ricardo. Ou então, nos convívios da Rádio que se seguiam por este país, sempre com o pensamento em S. Tomé e Príncipe.
E com o passar do tempo…veio a aposentação, embora se tivessem mantido o convívio e a Amizade. O afastamento, involuntário, viria muito mais tarde com a doença. Apenas os telefonemas nos mantinham em contacto, exceto a última vez que tentei – talvez há três semanas – para saber como íamos enfrentando a «pandemia».
A Manuela Borralho, por tudo isto, é outra das «Figuras da Minha Vida». E esta não é a «despedida» que havíamos planeado. Competente, afável, de uma serena firmeza no trabalho, Amiga para sempre! Foi meu privilégio. Até sempre «Chefe».
E porque há ainda
amigos e camaradas de muitos anos que merecem estar com eles sentado à mesa de
um café.
«Há gente que chega
e se perde
na voragem de ver
os verdes e os vermelhos da vida
esquecendo
o sol e o céu azul.»
(=== Ant. Bondoso. Maio de 2019 ===)
14
de Julho de 2022.
António
Bondoso.
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