José
Teixeira é um poeta de fôlego. Pelo menos palavras não lhe faltam, atentando na
sua já vasta bibliografia que culminou neste seu recente “PALAVRAS QUE O VENTO
(E) LEVA”, título que o autor fez salientar exatamente do último poema do
livro. Admito que o facto de ser o último – certamente por estar mais fresco na
sua mente – o tenha levado à escolha, provavelmente nada subjetiva.
Contudo, a minha leitura – e neste caso
naturalmente muito subjetiva – levou o curso da mente para uma abordagem que,
tendo em conta as marcas do passado do autor e a reflexão que faz do presente,
em busca do futuro que – como diz – está a acontecer ou em construção, como
destaca em repetição nas páginas 51 e 56, me conduziu a outras opções. Como por
exemplo «É urgente mudar o mundo», «Rasgar horizontes», «O poder do tempo»,
«Libertar as palavras» ou ainda «É preciso libertar o homem» – um construtor de
sonhos gota a gota, e sempre a remar contra a maré.
Estas, são palavras do tempo presente, um tempo difícil como sabemos e vivemos, um tempo em que a Europa voltou a receber a violência da guerra. Recordo que, no século XX, para além das duas Grandes Guerras, houve ainda a moderna guerra dos Balcãs depois da implosão/fragmentação da ex-Jugoslávia. E José Teixeira, que fez a guerra em outros tempos, não tão recuados quanto isso, sabe precisamente que a “Guerra é guerra” para a qual não é possível uma justificação. No entanto e apesar de tudo, os poemas deste PALAVRAS QUE O VENTO (E) LEVA falam igualmente de «amor», que faz milagres e não tem cor; do maior amor do mundo, revisto em «Mulher e mãe» e num «Botão de rosa enamorado»; ou então numa vida a dois, na qual o amor aconteceu e onde é essencial saber conjugar o verbo amar, sublimado em “Filho, a tua mãe está aqui”!
Este
meu jogo de palavras, que vivem esperançosamente nos poemas do livro em apreço,
de José Teixeira, não tem por objeto criticar – qualificando – a forma e o
conteúdo do que li, com prazer devo dizer. Pelo contrário, pretendo apenas
seguir o eco dos pensamentos do autor, que me parece não estar agarrado a um
qualquer estilo definido. Não sendo uma poesia totalmente branca e não se
obrigando a uma rima perfeita – o que, de certa forma, me agrada – ela percorre
ainda temas que passam pela ecologia, pela força da natureza e pelo sempre
difícil e complexo campo da filosofia. Buscando Almada Negreiros, devo recordar
que «o poeta não precisa de intermediários». E como ele salientava, “O preço de
uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. (…) As palavras dançam
nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um”. O palco de José
Teixeira, salienta na sua introdução, é então este livro, no qual se deixou
embalar nas palavras que lhe saltearam a mente e contaminaram o coração. Não
necessariamente pela poesia. Tudo poderia ter sido dito ou escrito em prosa. E
tudo poderia certamente «dar» um belo romance.
Basta tomar nota de que…«Numa manhã de
sol radioso, e ansioso esperava as palavras do Profeta, ainda acreditava num
jardim de paz e de bonança, quando os senhores do mundo tiraram a espoleta.
“(…)
Pára-me de repente o pensamento,
E
vejo sangue, vejo lágrimas, vejo gente,
Caminhando
no trilho, em fuga. Sem lamento;
Vejo
o inferno vomitando chamas,
De
enxofre enegrecido pelo tempo,
São
as armas a troar continuamente;
Vejo
corpos desfeitos e sem vida;
E
vejo sangue, vejo lágrimas, vejo gente; (…)”
José
Teixeira – «É preciso libertar o Homem» – faz o favor de participar nas minhas
aulas de Relações Internacionais na USRM – Universidade Sénior Rotary de
Matosinhos.
O
livro PALAVRAS QUE O VENTO ( E ) LEVA, foi editado por “Poesia Impossível, do
Grupo Editorial Atlântico”, neste ano da Graça de 2022.
António
Bondoso
Dezembro
de 2022.
1 comentário:
Obrigado professor, pelas suas amáveis palavras.
Procurei neste livro fazer passar uma mensagem de que é possível acreditar num futuro melhor, se o soubermos construir hoje.
A sua leitura ajudou-me a ver melhor as palavras que "agarrei" no meu íntimo, ordenei de forma a cativar os leitores e passei ao papel.
Um desafio que me deu muito gozo ao escrever e agora me alegra pelo carinho como está a ser acolhido pelos meus leitores e amigos.
Um fraternal abraço do
José Teixeira
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