BIAFRA – O SOL PERDIDO
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
A África centro do mundo
Berço da humanidade,
Dividida por milénios
De inveja negócio e morte
Abria as entranhas à sorte
Do genocídio de um povo
Inocente de promessas carente de tudo novo.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
De uma Nigéria feita à força
Das armas e da mentira
Separou-se um povo Ibo
Da barbárie destemido.
Da Europa e Ocidente só lhe chegavam compressas
A fome foi mais que a guerra
Violenta de sangue a terra.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
Os homens na selva densa
Separados das mulheres
Dos filhos e dos haveres,
Combatiam com esperança
De ver um Sol de justiça
Queimar a dor submissa
De um Biafra espezinhado.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
Da Ilha de santo nome fez-se a corrente da paz .
Pelo ar ia a coragem remédio de S.Tomé
Pelo ar vinha a vergonha de quem não era capaz
De travar o holocausto e já se perdera a fé.
Mas levou-se até ao fim essa missão de bandeira
Potências de olhos vendados
Deixaram para as Igrejas tantos trabalhos forçados.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
Crianças de corpo nada
Pele e alma acorrentados
Traziam a morte nos olhos
Queriam ser acarinhados,
Não percebiam razões
sofrimentos incuráveis
Vegetavam não viviam ao bater dos corações.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
Mães e filhos pais e netos
Avós da mesma nação
Vítimas de seres inquietos
Mortos por querer um país
Sempre o seu por tradição.
Ou por ser antes do tempo ou antes tarde demais
Um milhão de seres humanos não pode rezar jamais.
Era um tempo sem futuro
Parecia ser naqueles dias.
De tantos anos passados
Memória que já não lembra
Só aviões que não voam cansados de morte lenta
Metralhados ao segundo de vida que se lamenta
Esquecidos esventrados e com mato amortalhados
História feita aos pedaços
À espera de novos passos.
É ainda um tempo sem futuro de crude motivo e ódio
Delta do Níger sangrento
Espero que seja breve…
Talvez nos próximos dias! [1]
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