Foi a 16 de Setembro de 1989. A notícia, acima, é do Correio Beirão de 23 de Setembro desse ano.
Já lá vão 23 anos.
Uma efeméride a celebrar, sem dúvida, pese embora não ser um número redondo - 25 sempre seria um quarto de século. Com mais significado.
O importante é não deixar morrer o "movimento" que levou às Rádios Locais, mesmo sabendo as contrariedades, os defeitos, as habilidades, os erros que foram sendo cometidos.
Sobretudo, não deixar de lutar. No sentido de preservar e, principalmente, de melhorar os projectos. E isso... só se consegue estando próximo das pessoas. Não apenas "dizendo" ! Fazendo, praticando. A música é importante, mas a palavra é essencial. Na medida certa... às horas ou aos minutos. Em notícia, em comentário, em reportagem, em prosa, em poesia !
A
Rádio, para mim, prossegue sendo uma guitarra freneticamente manipulada por
Jimmy Hendrix ou docemente acariciada por BB King, das quais podem sair notas
de um afro-americano rock de Harlem ou de um afro-americano blues a caminho de
Memphis – onde já destruíram a magia da Rua Beale. A rádio e a música de
sentimento, a rádio e a voz de protesto, a rádio da memória escrava, a rádio da
sensação libertadora.
A
Rádio, para mim, vai sendo a memória da magia do microfone, a magia dos sons, a
magia do que fica para além do alcance da imaginação, a magia que permanece no
estúdio, no “pick-up” que roda em 45 rotações a voz de Franck Sinatra ou um
LP/33 de Maria Bethânia, a magia da “fita” onde se gravaram as impressões de
uma conversa amena entre Igrejas Caeiro e Aquilino Ribeiro ou entre Fernando
Pessa e Almada Negreiros, a magia do “cartucho” onde se alinhavam spots
publicitários anunciando as virtudes da brancura do skip ou apelando à presença
na Grande Noite do Fado no Coliseu dos Recreios.
E
a magia da distância...que a onda curta (agora tão maltratada pelo governo português) e o transistor resolvem.
Como
dizia o publicitário Bob Schulberg em 1989 – o ano da queda de mitos e muros –
“ a televisão não é ruim, mas a Rádio é mágica. Se a televisão tivesse sido
inventada antes, a chegada da radiodifusão teria feito as pessoas pensarem:-
que maravilhoso que é a Rádio! É como a televisão, só que nem é preciso
olhar!”.
====== António Bondoso.
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