2013-07-05

DEITAR AS CARTAS...


DEITAR AS CARTAS...

Há instantes, resolvi "deitar as cartas", isto é, dediquei-me a ir vendo alguns canais de informação televisiva, para ver se conseguia tirar alguma luz da avalanche informativa com que alguns políticos, economistas e comentadores nos brindaram nos últimos dias. 
E do "jotinha" Luis na RTP/Informação, à "camisa de noite" de Constança Cunha e Sá na TVI24, o que me prendeu foi a "imagem" que Pacheco Pereira ofereceu aos portugueses, na SIC/Notícias - a propósito da eventualidade de continuarmos a ter um (des)governo parido pela atual maioria PSD/PP. E o que disse Pacheco Pereira? Nesse caso...teremos um 1ºM empalhado, um líder do CDS empalhado - um governo empalhado!
No meio de todas as núvens negras que as cartas me ditaram, salvou-se esta imagem. Que, de algum modo, se cruza com o empalhanço que nos chega - tem chegado - de Belém. Não é que seja obsessão minha...mas - mais uma vez - aí reside o objeto da minha crónica de hoje no JORNAL BEIRÃO - um jornal a crescer no coração do distrito de Viseu mas muito próximo do Douro. 



A TÁTICA DO QUADRADO...
...dos atores menores – que são Passos e Portas – ao mesmo senhor de sempre! No sacro nome da estabilidade, mas também da leitura dos astros.

          Como diariamente se acrescentam pontos a esta novela da tradicional politiquice portuguesa, prefiro – mais uma vez – chamar a terreiro o mau timoneiro que temos em Belém. Já dele disseram, por exemplo, que a sua principal preocupação é proteger-se, ficar sempre bem na fotografia – nas palavras da historiadora Fátima Bonifácio... ou que, tal como os governantes, está a léguas da realidade e das populações – no verbo do filósofo José Gil.
          Também já anteriormente escrevi que, parecendo ganhar tempo para si e para a sua tranquilidade, o que realmente acontecia era ir perdendo o país...mas de uma forma mais trágica do que se passou no norte de África no século XVI. Um certo tipo de “sebastianismo” que lhe parece advir do seu signo Caranguejo. Mais do que para trás, parece andar de lado. Enviezado, para tentar escapar aos ventos de loucura que sopram nesta globalização desumanizada e ultraliberal.
          Consultando este link, por exemplo, http://rosy.br.tripod.com/mistic/id8.html  - pode ler nomeadamente “...ficar preso(a) ao passado, enrolar para começar as coisas, deixar os outros tomarem as decisões por você”... ou que “adora estudar e aprender coisas novas, seu ponto forte são as matérias teóricas”. Mas o que verdadeiramente me puxa para relacionar o inquilino de Belém a esta questão dos horóscopos, é um livro de um antigo camarada de profissão – o Eduardo Valente da Fonseca – que, em 1973 e para contornar a censura do regime, teve a ideia de, no Jornal República, “(...) subverter a comercial alarmante e estupidificante bruxaria horoscópica, e à sombra dela, esquivar-me à censura, não enviando cópias. E assim aconteceu «O Horóscopo de Delfos», tal como as palavras cruzadas ou os discursos do Thomás, não iriam ser enviados à censura”.
          A história...publicou-a ele em 1995, na editora Campo das Letras. E se puderem não deixem de ler. Lá está escrito, no espaço reservado ao signo Caranguejo, nomeadamente que “Não há governante amado por um Povo dominado”; “De políticos convencidos, estamos nós bem servidos...”; “Pelo buraco de uma fechadura poderás ver o mundo dos que cá fora vivem à espera de desforra...”; “Nada obrigará a nada esta semana, excepto: dormir numa cama, numa casa com tecto, sempre circunspecto; chegar a horas ao emprego, e como ainda faltam quatro dias para o fim do mês, ir ao prego mais uma vez...”; “Quando não puder mais, não se irrite. Medite”. 
          A tática para esta semana...é exatamente meditar!
António Bondoso
Jornalista – C.P. 359.
Julho de 2013


António Bondoso
Julho de 2013.

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