AINDA A PROPÓSITO DE DIGNIDADE.
VIVEMOS UM TEMPO...TAMBÉM DE POETAS COM LETRA MAIÚSCULA.
VIVEMOS UM TEMPO...TAMBÉM DE POETAS!
Não apenas de políticos e de
políticas...
Luís Veiga Leitão escreveu em 1984: “Dizem que os poetas são o sal da terra. Hoje, como nunca, necessários
são para que o mundo não apodreça mais ainda”.
Transponível para 2013, com toda a propriedade e com toda
a atualidade, a ideia de Luís Veiga Leitão certamente poderia ser endossável
quase que exclusivamente aos POETAS com letra maiúscula – aqueles que não
passam ao lado do seu tempo e das circunstâncias que o localizam, que não evitam
denunciar as angústias e as misérias de um povo que sofre, que não omitem a sua
opinião e que, pela grandeza das palavras e das suas ideias, combatem os
poderes e os poderosos.
Em O PODER E O
POEMA, que dediquei a Luís Veiga Leitão, escrevi sobre muitos que lutaram,
resistiram e, mesmo não tendo vencido as batalhas que se impuseram, conseguiram
– embora a prazo – modificar pensamentos e ideias, alimentaram ideais e
sentiram que o mundo pula e avança.
Por exemplo Miguel
Torga que, em 1958, teve a ousadia de escrever que “Temos nas nossas mãos/o
terrível poder de recusar...” e que já muito antes, em 1945, dizia que os
artistas são livres, servindo quem tem a história e a verdade pelo seu lado:
«Ora, a verdade e a história estão, como sempre estiveram, do lado do povo».
E é precisamente isto que os nossos governantes –
incluindo no topo o atual Presidente da República – não são agora capazes de
interiorizar, menorizando esse mesmo povo [em nome do qual foram eleitos] e
tentando não lhe reconhecer o poder e a capacidade de eleger, quando a situação
de uma vida normal se transforma em drama e a narrativa politiqueira não
condiz, absolutamente, com eventuais e demagógicas promessas lançadas ao vento
numa anterior e não muito distante tomada de poder.
Norberto Bobbio diz que “o homem tem a capacidade de
determinar o comportamento do homem, sendo não só o sujeito mas também o
objecto do Poder Social”. Governantes, políticos, tecnocratas, financeiros de
Portugal e do mundo, reconheçam a validade desta asserção ao povo português.
É preciso acreditar, cantava Luiz Gois [Goes], é preciso
continuar a acreditar que o poema e a cantiga são armas decisivas para perceber
como a Cultura é Resistência – como se tem visto e ouvido nas ruas e praças
deste país intervencionado pela Troika.
Que não seja tarde, nunca, lutar contra esta “Gente Sem Porte”:
«Temos um país suspenso
Em agonia de morte
É já a Lei que se rejeita
Por certa gente sem porte.
E sofre mais quem não suspeita
Que essa gente percebe
E até promove
Traição infame, desonra e dor».
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Poema e ideias do texto retiradas de O PODER E O POEMA – António Bondoso e Edições Esgotadas, 2012.
António Bondoso
Julho de 2013.
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